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Catálogo de jogos e brincadeiras africanas e
afro-brasileiras [livro eletrônico] /
organização Helen Santos Pinto, Luciana
Soares da Silva, Míghian Danae Ferreira
Nunes. -- São Paulo : Aziza Editora, 2022.
PDF.
Vários autores.
Bibliografia.
ISBN 978-65-992657-2-3
1. Cultura africana 2. Cultura afro-brasileira
3. Brincadeiras infantis - África 4. Brincadeiras
infantis - Brasil 5. Brincadeiras na educação
6. Diversidade cultural 7. Educação 8. Prática
pedagógica I. Pinto, Helen Santos. II. Silva,
Luciana Soares da. III. Nunes, Míghian Danae
Ferreira.
A proposta central deste artigo é discutir, da
perspectiva da Sociologia, a construção da
intersecção das categorias gênero, classe e raça e
entender como as diferenças sociais são
estruturadas por hierarquias raciais.
A problemática das desigualdades étnico-raciais sempre esteve presente no pensamento social brasileiro. O final da década de 90 marca um momento de inflexão, quando o Programa Nacional dos Direitos Humanos reconheceu a existência do racismo e da discriminação no Brasil e "acenou" para a possibilidade de criação de políticas específicas para reverter essas desigualdades historicamente construídas. O livro descreve de forma sintética as principais interpretações sobre as relações raciais no Brasil. Possibilita a compreensão de alguns aspectos da história do Movimento Negro, bem como a discussão dos mecanismos de combate à discriminação e ao racismo, a partir de um estudo de caso no interior de Minas Gerais. Discute a implementação das chamadas ações afirmativas no Brasil, levando em consideração as especificidades de nossas relações raciais.
Este trabalho tem como objetivo analisar três organizações negras em São
Carlos: O Grêmio Recreativo e Familiar Flor de Maio, O Centro de Cultura Afrobrasileira
Congada e o Centro Cultural Negro Municipal.
A pesquisa se propõe a entender como essas organizações pensam a relação
cultura-identidade-política. E principalmente observar até que ponto a cultura
aparece no movimento negro enquanto estratégia para agremiar novos membros e
para lutar contra o racismo e discriminação.
O argumento desenvolvido neste artigo procura
demonstrar a necessidade de incorporar a discussão das
diferenças no conceito de cidadania. No Brasil, a diferença
étnico-racial sempre foi geradora de desigualdades entre
brancos e negros. A construção de um conceito de cidadania
que leve em consideração tal fenômeno certamente
contribuirá para diminuir as desigualdades entre brancos e
negros no Brasil. O argumento é construído a partir da leitura
do texto “A Questão Judaíca” de Karl Marx bem como pela
incorporação de autores clássicos das ciências Sociais como
Pierre Bourdie e Louis Althusser.
Este texto tem como objetivo traçar os aspectos históricos da formação do Grêmio
Recreativo e Familiar Flor de Maio e seu papel na constituição da identidade e organizações
negras do município de São Carlos, interior paulista. Esse clube inicialmente
nasce da necessidade da população negra de um espaço de lazer e encontros. Seu desenvolvimento
leva à formação de uma identidade negra positiva, a qual foi a base da
constituição das futuras organizações negras de São Carlos.
Este artigo pretende discutir a relação entre raça e desigualdade na visão dos
intelectuais brasileiros. Para tanto foram escolhidos os autores mais representativos sobre a
chamada Sociologia das Relações Raciais. Parto do princípio que a visão de raça e nacionalidade
desses autores são elementos importantes para o entendimento de suas posturas de
enfrentamento ao racismo e discriminação no Brasil. Apesar da riqueza do debate não existe
um consenso entre os pesquisadores sobre o papel da “raça” na estruturação da desigualdade
social no Brasil. O artigo aponta que para uma melhor elucidação da relação entre raça e
desigualdade são necessários estudos empíricos que mostrem os dilemas e dificuldades de
implementação de políticas afirmativas no Brasil.
O presente artigo tenta entender o contexto de surgimento das ações
afirmativas para negros, no Brasil, à luz da teoria do reconhecimento proposta por Axel
Honneth. Para tanto: é esboçada, a traços largos, a forma como se dá o racismo no
Brasil; é realizado um breve histórico das ações afirmativas pelo mundo; e são
apresentadas algumas mudanças na história do direito moderno que propiciaram a
ascensão das demandas por ações afirmativas.
A presente proposta de trabalho pretende debater teoricamente alguns elementos que
recortam as cotas de acesso para negros/as nas universidades públicas do país. Ou seja,
estamos pretendo debater e afirmar que considero impossível refletir e propor
estratégias de superação das desigualdades sociais sem estabelecer, objetiva e
concretamente, estratégias reais de combate ao preconceito, discriminação racial e
racismo no Brasil – a exemplo das ações afirmativas e, entre elas, das cotas raciais para
acesso ao ensino superior.
Esta Tese de Doutorado tem como propósito responder à pergunta: em que medida a experiência inaugural da implantação da política de cotas raciais na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) em 2003 resiste a uma crítica ética tendo as vozes dos estudantes cotistas autodeclarados negros ou pardos como protagonistas? O estudo ora exposto tem como objetivo aprofundar tal discussão, com um olhar ético, sobre a política contemporânea da reserva de vagas/cotas raciais no ensino superior.
Não é possível falar deles sem adjetivá-los. Seja por meio da fórmula legal que lança mão de “remanescentes”, ou das tentativas de ajuste desta, por meio de “contemporâneos”. Seja ainda por que são necessárias distinções entre estes, quando se usa “urbanos” ou “rurais”. Ou, quando se quer tipificá-los, por meio de “agrícola”, “extrativista”, “nômade” etc. Ou, finalmente, quando se fala em “históricos”, de forma complementar ou concorrente àquelas formas anteriores, já que falar em “quilombos históricos” tem servido tanto para especificar quanto para deslegitimar os “quilombos contemporâneos”.
Neste trabalho, comparo teorias e práticas feministas nos Estados Unidos e no Brasil, de modo a entender por que em um país racista e desigual como o Brasil, em que a experiência de escravidão foi tão marcante, a questão racial permanece silenciada em grande parte de nossa produção teórica e prática, contrastando com os Estados Unidos, onde a questão racial tem sido incorporada em cheio nas produções feministas.
O objetivo deste artigo é examinar a proposta corrente de racialização da população brasileira
pelo Estado, com vistas a amparar programas de ação afirmativa para o atendimento específico
daqueles que se autodenominarem negros. Analisa-se, inicialmente, o ressurgimento da noção
de raça entre acadêmicos, políticos e militantes do anti-racismo, bem como as dificuldades de se
delimitar quem é negro no Brasil. Em seguida, examina-se o modelo de cota racial dos Estados
Unidos e seu apregoado sucesso. Por fim, busca-se avaliar até que ponto a instituição de cota
racial no emprego e na universidade deveria se impor como a única opção política para aqueles
que pretendem a abolição do racismo na sociedade brasileira
No presente trabalho faço uma breve análise da evolução do pensamento legislativo, com um recorte na questão racial.
Neste texto, analisa-se o processo de implantação da política de cotas para
negros na educação superior, tomando como base a implementação dessa
política na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – UEMS. Investigou-
se, também, em que medida o sistema de reserva de vagas para negros
pode ser considerado uma estratégia de acesso e permanência dos estudantes
negros na educação superior. Para atingir tal objetivo, foram entrevistados
alunos que ingressaram, pelo sistema de cotas para negros, no Processo
Seletivo de 2004 da UEMS nos cursos de Direito e Enfermagem e analisados
documentos e legislações referentes à implantação desse sistema na UEMS.
Os dados revelaram que os alunos negros compreendem o sistema de cotas
como um direito e que a permanência nos cursos depende de ações efetivas,
por parte da Universidade, como bolsas de estudo e apoio pedagógico. As
cotas representam uma ação afirmativa no sentido de se garantir o respeito à
diversidade racial e a superação das desigualdades historicamente construídas.
Este artigo apresenta e discute dados referentes à aplicação de
um questionário voltado para variáveis de classificação racial e
opinião sobre a política de cotas para negros em uma amostra de
476 alunos do último ano do Ensino Médio da rede pública de
um município periférico da região metropolitana do Rio de Janeiro.
Buscamos compreender os elementos que informam as classificações
de cor ou raça, bem como o posicionamento que esses alunos
tomavam frente à política de cotas que poderia beneficiá-los no
acesso a uma universidade pública. Deve-se ressaltar que os alunos
entrevistados estariam em breve frente à possibilidade de disputar
uma vaga no Ensino Superior em um vestibular com cotas raciais
numa universidade pública que mantém um campus no próprio
município onde estudam e residem. Essa problemática e esse tipo
de investigação nos parecem fundamentais na atualidade, pois
as cotas para negros que vêm sendo implantadas desde 2003
em várias instituições de Ensino Superior têm sofrido críticas e
atravessado controvérsias jurídicas também por conta das formas
de classificação propostas.
Na pesquisa realizada, foi possível avançar na discussão de como
as opções de classificação racial até o momento utilizadas nessas
políticas se relacionam com os formatos de auto-identificação e
de identificação do outro, comumente presentes no cotidiano
das escolas pesquisadas, bem como verificar como a idéia de
cota racial é avaliada pelos seus possíveis beneficiários.
A sociedade brasileira de inícios do século XXI ainda é atravessada por desigualdades e marcada pela exclusão racial. A discriminação motivada por pertencimento a um grupo de cor ou raça ainda se encontra amplamente disseminada pelo corpo social. A escola, e em particular a Universidade, constituem uma esfera na qual os indicadores apontam a persistência de desequilíbrios quanto ao acesso e à permanência dos indivíduos não-brancos. Em regra, as políticas educacionais de feitio tradicional não se mostraram eficazes em incluir vastos segmentos de brasileiros mais pobres, negros, mulatos e índios. Em tal cenário, as ações afirmativas — e em especial as políticas de cotas — foram apresentadas como possível resposta às graves distorções verificadas. O tema, todavia, é polêmico e tem gerado debates candentes. Este trabalho examina as raízes fundantes de nosso racismo, suas peculiaridades, a conveniência das cotas e sua aplicação efetiva em duas Universidades Federais brasileiras.
A desigualdade socioeconômica no Brasil é um dos principais fatores de exclusão social. Um outro fator é a discriminação racial que acirra, ainda mais, as desigualdades. No Brasil, a educação superior sempre privilegiou apenas um segmento étnico. O acesso do negro ao ensino superior seja por discriminação, preconceito ou fatores econômicos é restringido, sendo a sua representatividade ínfima em comparação à sua representação no total da população brasileira. Como forma de corrigir esse disparate que vem sendo adotado, no Brasil, as políticas de ações afirmativas, que têm por objetivo corrigir as desigualdades de oportunidades. No âmbito das políticas de ações afirmativas, a Universidade de Brasília (UnB) se utilizou da implantação de um sistema de cotas para negros a fim de garantir o acesso dos estudantes negros à educação superior. O presente estudo objetiva analisar se o sistema de cotas contribui para diminuir as desigualdades sociais. Para tanto, foi realizada pesquisa junto a alunos cotistas e não-cotistas da UnB, traçando o perfil socioeconômico e também o ponto de vista desses alunos sobre o sistema de cotas. Buscou-se, ainda, identificar as ações que garantam a permanência dos alunos negros na Universidade. Como resultado, o estudo indicou que o sistema de cotas é um indicativo para a redução das desigualdades sociais ao permitir o acesso de negros ao ensino superior.
A construção de uma efetiva agenda social para o Brasil pressupõe a
definição de estratégias políticas que contemplem não somente o setor
da educação nas suas diversas dimensões e níveis, mas também os
segmentos que compõem a sociedade brasileira, com as suas necessidades
específicas de aprendizagem. Uma exigência substantiva e procedimental
nesta estratégia é o reconhecimento da responsabilidade conjunta do
Estado e das organizações sociais no atendimento às múltiplas demandas
da sociedade. Nesta perspectiva, é fundamental a sinergia entre Estado e
sociedade civil no caminho da desejada transformação da realidade de
exclusão social, com base no reconhecimento do diferente e da diversidade
como riquezas a serem exploradas e não como o “exótico” a ser
observado, negado ou marginalizado. No mesmo sentido, é necessário
compreender a importância de desencadear amplo movimento capaz de
dinamizar as qualificações que existem nesses diferentes espaços e de
criar redes de interação que as façam saltar do nível potencial para o real.
O objetivo deste livro é levar aos estudantes indígenas e ao público
em geral a discussão sobre os direitos indígenas no Brasil. Propomos
uma análise não apenas dos direitos específicos estabelecidos pelo ordenamento
jurídico, mas também uma reflexão comparativa a partir dos
direitos garantidos a todos os brasileiros. A idéia é, por exemplo, perceber
os direitos do cidadão indígena, detentor dos direitos de cidadania
garantidos a todos os brasileiros, como integrante, ao mesmo tempo, de
um determinado povo com direitos específicos e necessidades especiais.
Estes dois universos implicam a necessidade de compatibilizar interesses
muitas vezes diferenciados dentro de um sistema único que precisa
ser capaz de compreender a diversidade e ajustar-se a ela.
O presente estudo analisa os dados referentes ao primeiro processo seletivo com sistema de cotas para negros na Universidade de Brasília, de modo a caracterizar os candidatos (inscritos e aprovados) do ponto de vista da demanda por vagas e do seu desempenho no vestibular, comparando os que optaram pelo sistema de seleção por cotas e o sistema universal. Também foi investigado o desempenho dos respectivos alunos ao final do 1º semestre letivo de curso sendo estes dados comparados aos resultados obtidos no vestibular, de forma a analisar se um melhor rendimento no curso está associado a um melhor desempenho no vestibular e se essa possível relação é ou não semelhante para os estudantes dos dois segmentos (cotistas e não cotistas).
Esse artigo propõe, com base em conceitos de cidadania e sobretudo de direitos humanos,
mostrar como os limites das políticas inclusivas de educação esbarram, apesar de uma legislação
avançada, na ausência de uma efetiva política de educação básica. Salvo o ensino fundamental,
a educação infantil e o ensino médio não são universais. Nesse sentido, cursar as três
etapas da educação básica ainda é um campo reservado. Além disso, a presença do Brasil no
cenário internacional associada à histórica desigual distribuição de renda estimulam políticas
compensatórias e focalizadas em vez de políticas públicas que garantam a igualdade de oportunidades.
Mais do que as tradicionais lutas de educadores e intelectuais, só um vigoroso
movimento da sociedade civil poderá tornar efetivos esses direitos proclamados.
Inúmeros indicadores sociais evidenciam as desigualdades entre jovens brancos e
negros (pretos e pardos) o que indica a reprodução das desigualdades raciais neste
segmento da população: poucos anos de estudo, renda familiar baixa, dificuldade
inserção no mercado de trabalho, moradores de regiões do município com altos
índices de violência e etc. A partir destes indicadores propõem-se a retomada de
alguns marcos conceituais construídos na sociologia das relações raciais
principalmente no que tange as fronteiras entre as categorias de raça e classe no
Brasil.
Estudos recentes, alguns deles realizados pelo Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada – Ipea, evidenciam as desigualdades vivenciadas pelos afro-brasileiros
em todas as esferas da vida social. As conclusões dessas investigações
convergem sempre na mesma direção: sob qualquer aspecto analisado, impressiona
a magnitude das injustiças que sofre esse grupo populacional. Os dados
revelam que as desigualdades são oriundas tanto de menores níveis de educação
e de qualificação dos afro-brasileiros como da discriminação racial, ou seja,
a convergência do preconceito e do racismo prejudica indivíduos somente em
razão de suas características físicas ou culturais. Essa constatação não é novidade.
Segundo Hasenbalg, a análise das estatísticas oficiais mostra que, apesar
do crescimento econômico que marcou a segunda metade do século XX, as
desigualdades econômicas e sociais entre brasileiros brancos e não brancos não
se alteraram. “Com isto desabam definitivamente as imagens sobre relações
raciais no país vinculadas à noção de democracia racial. Caem por terra também
as teorias que postulam uma diluição das diferenças raciais como efeito
do desenvolvimento e da modernização; discriminação e desigualdades raciais
não mais podem ser vistas como uma herança do passado escravista. A vasta
mobilidade social propiciada pelo crescimento econômico desde os anos 1940
deixou de afetar a população não branca, que continua concentrada nos estratos
socioeconômicos inferiores. A cor das pessoas é um determinante importante
das chances de vida, e a discriminação racial parece estar presente em
todas as fases do ciclo de vida individual.”
A proposta deste artigo é fazer um exame das
ações afirmativas em benefício da população negra,
tendo como eixo a polêmica em torno da instituição
de um programa de cotas raciais, principalmente nas
universidades públicas. Devido ao quadro de desigualdade
racial nas oportunidades educacionais do Brasil,
argumenta-se, em um primeiro momento, que as
cotas constituem um eficiente instrumento para garantir
maior representação dos negros. Em um segundo
momento, tem-se a intenção de escrutinar (e refutar)
as principais críticas dos opositores às cotas
raciais.
A finalidade deste artigo é fazer alguns apontamentos acerca de um
tema subexplorado na historiografia brasileira: a trajetória do movimento negro
organizado durante a República (1889-2000), com as etapas, os atores e suas
propostas. Para tanto, amparar-se-á, preferencialmente, na produção intelectual
das lideranças negras (José Correia Leite, Francisco Lucrécio, Abdias
do Nascimento, Hamilton Cardoso, Lélia Gonzalez, dentre outras), por meio
de depoimentos, memórias e textos ensaísticos. A idéia central é demonstrar
que, em todo o período republicano, esse movimento vem empreendendo,
dinamicamente, diversas estratégias de luta a favor da população negra.
As primeiras décadas depois da abolição da escravatura,
em 1888, e a proclamação da República, em
1889, foram decisivas para o futuro da população negra
no Brasil. É verdade que a maioria esmagadora dos
cativos já havia conquistado sua liberdade no momento
da decretação da Lei Áurea. Nesse sentido, a medida
foi o reconhecimento legal de algo que já existia de
fato. Mas nem por isso seu valor real e simbólico deve
ser menosprezado.
A reflexão sobre educação e diversidade cultural não diz respeito apenas ao
reconhecimento do outro como diferente. Significa pensar a relação entre o eu e o outro. A escola é
um espaço sociocultural em que as diferentes presenças se encontram. Mas será que essas
diferenças têm sido respeitadas? Será que a garantia da educação escolar como um direito social
possibilita a inclusão de todo tipo de diferença dentro desse espaço? Nós, educadores e
educadoras, não podemos ficar alheios/as a essas questões. Por isso, a reflexão sobre as diferentes
presenças na escola e na sociedade brasileira e a capacidade de compreender e se posicionar
diante de um mundo em constante transformação política, econômica e sociocultural devem fazer
parte da formação e da prática de todos/as os/as educadores/as.
A tese analisa o movimento das comunidades negras rurais, também conhecido como movimento quilombola, desde seu início nos estados do Maranhão e do Pará até os dias atuais. Este movimento iniciou-se, no final da década de 1970, e ganhou impulso com o conhecimento do artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, contido na Constituição de 1988. As comunidades negras vislumbraram a possibilidade de solução para a questão fundiária através da aplicação do referido dispositivo constitucional. Para que todas as comunidades negras fossem atendidas pela Lei, houve necessidade de se ressignificar o termo 'quilombo'. Detemo-nos neste processo, pois ele estimulou frutífera reflexão sobre a natureza das comunidades negras rurais e possibilitou a inclusão das mesmas aos dizeres ao artigo 68. Para entendermos o processo de ressignificação, analisamos o conceito quilombo construído ao longo da história e suas modificações. Também, analisamos o contexto em que se deu a construção do artigo 68 do ADCT. Destacamos, sobretudo, a participação do movimento negro neste processo. Percebemos que o artigo 68 do ADCT nasceu sem muita discussão dentro e fora da Constituinte, mas foi regulamentado sob forte pressão do movimento das comunidades negras. No entanto, os resultados práticos para as comunidades foram modestos.
A partir de um exame dos fundamentos do regime político-legal em
vigor no Brasil a democracia liberal moderna esse artigo explora uma possí-
vel justificação da aplicação de políticas de ação afirmativa para ingresso no ensino
universitário. Pretende-se mostrar que a ação afirmativa está de acordo com
o principio redistributivo geral que orienta políticas públicas do Estado de Bem-
Estar Social. Logo em seguida, discute-se, tomando como base estudos de economistas
e sociólogos sobre desigualdade racial no Brasil, a propriedade de se adotar
políticas públicas baseadas no critério da raça em nosso país. Por fim, são analisados
alguns dos principais argumentos contrários à adoção de tais políticas, da
maneira como são articulados no debate público, levando em conta seus aspectos
teóricos e práticos.
Palavras-chave: Ação afirmativa. Políticas públicas. Educação superior. Discrimina
ção racial. Mérito.
Este trabalho foi produzido no âmbito do Programa de Pós-Graduação em
Política Social da Universidade Federal Fluminense e é resultado de uma pesquisa maior
realizada como tese de conclusão de curso, para a graduação em Serviço Social, que teve
como temática, a inclusão de mulheres negras no mercado de trabalho.
Objetivamos contribuir com as análises que procuram identificar as
desigualdades raciais e a reprodução das desigualdades de gênero no mercado de
trabalho, contribuindo para o debate sobre a situação das mulheres negras nos diferentes
espaços sociais. O mercado de trabalho brasileiro é o foco desta pesquisa por ser
considerado historicamente um espaço excludente, onde as mulheres negras estão
presentes nos diferentes setores, mas com menores possibilidades de ascensão social.
Para realização deste estudo, utilizamos dados quantitativos oriundos de
indicadores sociais produzidos a partir do ano 2000, que tenham realizado o recorte por
raça e gênero. Tais dados nos possibilitaram evidenciar a existência das desigualdades de
acesso que as mulheres negras sofrem ao buscar seu ingresso no mercado de trabalho
formal.
Verificamos, na realização desta pesquisa, que é crescente a taxa de participação
das mulheres negras no mercado de trabalho, mas estas ainda sofrem uma série de
desigualdades como, por exemplo, quando analisamos as taxas de rendimentos por cor e
sexo, estas ficam abaixo de todos os outros grupos, até mesmo dos homens negros.
Pudemos concluir, a partir dos dados analisados, que apesar do crescimento das
taxas de escolaridade para todos os segmentos, as mulheres negras ainda apresentam
taxas menores que as mulheres brancas. Isto impacta uma entrada mais igualitária no
mercado de trabalho, principalmente no que se refere ao rendimento. As negras sofrem
ainda com o forte peso do racismo, pois mesmo quando analisamos o mesmo nível de
escolaridade elas ganham menos que as brancas.
Muito se tem discutido sobre a importância da
escola como instituição formadora não só de saberes
escolares como, também, sociais e culturais. Tendo isso
em vista, alguns estudiosos do campo da educação e
da cultura têm destacado o peso da cultura escolar no
processo de construção das identidades sociais, enfatizando
a escola como mais um espaço presente na construção
do complexo processo de humanização (Arroyo,
2000; Bruner, 2001). Por essa perspectiva, a instituição
escolar é vista como um espaço em que aprendemos
e compartilhamos não só conteúdos e saberes escolares,
mas também valores, crenças, hábitos e
preconceitos raciais, de gênero, de classe e de idade.
Este artigo discute as particularidades e possíveis relações entre
educação, cultura, identidade negra e formação de professores/
as, tendo como enfoques principais a corporeidade e a
estética. Para tal, apresenta a necessidade de articulação entre
os processos educativos escolares e não-escolares e a inserção
de novas temáticas e discussões no campo da formação de
professores/as.
Dando continuidade às reflexões realizadas pela autora
na sua tese de doutorado, discutem-se as representações e as
concepções sobre o corpo negro e o cabelo crespo, construídas
dentro e fora do ambiente escolar, a partir de lembranças e
depoimentos de homens e mulheres negras entrevistados durante
a realização de uma pesquisa etnográfica em salões étnicos de
Belo Horizonte. Para essas pessoas, a experiência com o corpo
negro e o cabelo crespo não se reduz ao espaço da família, das
amizades, da militância ou dos relacionamentos amorosos. A
escola aparece em vários depoimentos como um importante
espaço no qual também se desenvolve o tenso processo de
construção da identidade negra.
Lamentavelmente, nem sempre ela é lembrada como
uma instituição em que o negro e seu padrão estético são vistos
de maneira positiva. O entendimento desse contexto revela
que o corpo, como suporte de construção da identidade negra,
ainda não tem sido uma temática privilegiada pelo campo educacional,
principalmente pelos estudos sobre formação de professores
e diversidade étnico-cultural. E que esse campo, também
, ao considerar tal diversidade, deverá se abrir para dialogar
com outros espaços em que os negros constroem suas identidades.
Muitas vezes, locais considerados pouco convencionais
pelo campo da educação, como por exemplo, os salões étnicos.
Palavras-chave
Cultura – Formação de professores/as – Identidade negra – Estética.
Por ordem do governador e capitão general da capitania de Mato Grosso, João de Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres, foi realizada em 1795 uma diligência para destruir vários quilombos nas águas do Guaporé, na fronteira com a Bolívia. O diário dessa diligência é um relato minucioso dos acontecimentos e uma oportunidade rara para a abordagem das relações históricas entre os índios e os negros em Mato Grosso, que tem passado ao largo dos interesses dos historiadores, apesar das várias transcrições existentes. O objetivo deste trabalho é, a partir desse relato, fazer uma reflexão antropológica acerca das categorias caburés e cabixis utilizadas para designar os descendentes de negros e índios, especialmente Paresi e Nambiquara, que formaram em parte a tradicional população matogrossense.
Numa exposição didática, de caráter teórico-metodológico, o
autor explica o modo como utiliza em suas pesquisas a categoria
“raça”, em conexão com outras categorias como “cor”, “etnia”,
“região”, “classe”, “nação”, “povo”, “estado”, etc.
A partir do pressuposto de que os conceitos, teóricos ou não, só
podem ser aplicados e entendidos no seu contexto discursivo, o
autor estabelece a distinção entre conceitos “analíticos” e “nativos”,
ou seja, entre categorias retiradas de um corpus teórico e
categorias que compõem o próprio universo discursivo dos sujeitos
que estão sendo analisados, mas que devem ser utilizados
pelo sociólogo.
Na parte central do texto, o autor esboça uma história dos significados
da categoria “raça” no Brasil e das diversas explicações
do caráter das relações entre brancos e negros avançadas pela
Sociologia: desde o trabalho pioneiro de Donald Pierson, nos
anos 1940, passando pelos estudos da Unesco, nos anos 1950,
os trabalhos da chamada “escola paulista”, nos anos 1960, e a
retomada da teoria da “democracia racial” nos anos mais recentes,
em estreito diálogo com os movimentos negros.
O autor termina por fazer uma pequena discussão sobre os diversos
estímulos, ou perguntas, dados em pesquisas tipo survey,
para definição e mensuração da variável cor ou raça.
Palavras-chave
Raça — Etnia — Classe — Nação.
Neste artigo, uso fontes bibliográficas e testemunhos para
analisar a recepção de Fanon pelo meio intelectual brasileiro, assim como sua influência sobre a formação de identidades
negras. Enquanto observo uma recepção morna, argumento que isso se deveu a três fatores: primeiro, a especificidade
da esquerda latino-americana nos anos 1960; em segundo, uma constituição racial e nacional totalmente oposta
a conflitos raciais; e, em terceiro, o número reduzido nas universidades brasileiras de professores e pesquisadores
negros que abordem a formação da identidade negra ou a afirmação de sujeitos racialmente oprimidos.
PALAVRAS-CHAVE: Frantz Fanon; identidade negra; sujeitos racialmente
oprimidos; conflitos raciais.
O Brasil passou por um grande processo de mudanças ao longo dos últimos anos, no que diz respeito às relações raciais. A percepção do país como uma democracia racial desfez-se e, hoje, diferentes setores da sociedade têm sua agenda política marcada pelo debate sobre o racismo como elemento constitutivo de nossa sociedade. Embora ainda esteja também presente a auto-imagem do Brasil como um país homogêneo e indiferenciado, encontra-se progressivamente maior abertura a experiências que procuram beneficiar grupos específicos, historicamente com menor acesso a oportunidades.
É muito recente, por parte das instituições de educação e pesquisa, a
preocupação com o tema da educação dos negros brasileiros. Parte da ausência
desses estudos justifica-se, por um lado, pela carência de fontes, recurso
central para a história e os historiadores e, por outro, pelo desconhecimento
das abordagens e práticas educativas dos pesquisadores e movimentos sociais
negros no país.
Em tempos atuais, quando se discute a implementação da Lei 10.639/03 ainda
se faz necessário a busca por respostas sobre como foi o processo de acesso do
negro à escolarização. Afinal, “como o negro chegou à escola”?
Com objetivo de compreender os processos de escolarização do negro
pesquisadores – negros e brancos – reunidos neste livro se dedicam a analisar
a trajetória institucional da educação dos descendentes de africanos no Brasil,
buscando respostas para a pergunta acima. Informação necessária, inclusive, para
a compreensão da necessidade da Lei 10.639/03 e dos indicadores que apontam
uma histórica desigualdade entre as trajetórias escolares de negros e brancos no
Brasil.
A apresentação e o debate do tema história da educação do negro, nos
Fóruns Estaduais de Educação e Diversidade Étnico-Racial, realizados pelo
Ministério da Educação em parceria com as Secretarias Estaduais de Educação
e o movimento negro, revelou que a grande maioria dos professores brasileiros
não teve acesso a esse conteúdo quando de sua formação. Adentra na escola,
por conseqüência, a idéia de que a trajetória escolar do negro é determinada
exclusivamente por seu esforço pessoal, não se levando em consideração os
processos históricos que impediram ora o acesso, ora a permanência e, em
muitos contextos, o acesso e a permanência ao mesmo tempo, deste segmento
no sistema educacional.
O resgate da arte e dos padrões estéticos da produção negro-africana no
ensino de Arte revigoram a formaç5o da subjetividade e da identidade
do estudante negro
Já existe, felizmente, em nosso país, uma consciência nacional - em formação, é certo - que vai introduzindo o elemento da dignidade humana em nossa legislação, e para a qual a escravidão, apesar de hereditária, é uma verdadeira mancha de Caim que o Brasil traz na fronte. Essa consciência, que está temperando a nossa alma, e há de por fim humanizá-la, resulta da mistura de duas correntes diversas: o arrependimento dos descendentes de senhores, e a afinidade de sofrimento dos herdeiros de escravos.
Não tenho, portanto, medo de que o presente volume não encontre o acolhimento que eu espero por parte de um número bastante considerável de compatriotas meus, a saber: os que sentem a dor do escravo como se fora própria e, ainda mais, como parte de uma dor maior - a do Brasil, ultrajado e humilhado; os que têm a altivez de pensar - e a coragem de aceitar as conseqüências desse pensamento - que a pátria, como a mãe, quando não existe para os filhos mais infelizes, não existe para os mais dignos; aqueles para quem a escravidão, degradação sistemática da natureza humana por interesses mercenários e egoístas, se não é infamante para o homem educado e feliz que a inflige, não pode sê-lo para o ente desfigurado e oprimido que a sofre; por fim, os que conhecem as influências sobre o nosso país daquela instituição no passado, e, no presente, o seu custo ruinoso, e prevêem os feitos de sua continuação indefinida.
Possa ser bem aceita por eles esta lembrança de um correligionário ausente, mandada do exterior, donde se ama mais a pátria do que no próprio país - pela contingência de não tornar a vê-la, pelo trabalho constante da imaginação, e pela saudade que Garret nunca teria pintado ao vivo se não tivesse sentido a nostalgia - e onde o patriotismo, por isso mesmo que o Brasil é visto como um todo no qual homens e partidos, amigos e adversários se confundem na superfície alumiada pelo sol dos trópicos, parece mais largo, generoso e tolerante.
Quanto a mim, julgar-me-ei mais do que recompensado, se as sementes de liberdade, direito e justiça, que estas páginas contêm, derem uma boa colheita no solo ainda virgem da nova geração; e se este livro concorrer, unindo em uma só legião os abolicionistas brasileiros, para apressar, ainda que seja de uma hora, o dia em vejamos a independência completada pela abolição, e o Brasil elevado à dignidade de país livre, como o foi em 1822 à de nação soberana, perante a América e o mundo.
Joaquim Nabuco
Londres, 8 de abril de 1863
O objetivo desse texto é comunicar o início de uma reflexão, com base na história
cultural, sobre como as imagens da escravidão são representadas nos livros didáticos de
história do Ensino Fundamental. Trabalhamos com a hipótese de que na maioria dos casos as
imagens veiculadas nesses manuais são representações negativas dos negros, em plena
vigência da Lei 10639. Isso, uma vez constado que em boa parte dessas imagens os negros
escravizados estão em alguma situação degradante, como realizando trabalhos forçados,
dispostos como mercadorias nos comércios de escravos ou sendo punidos. Para tanto
selecionamos, para análise, as coleções que estão presentes nas versões de 2005 e 2008 do
PNLD e as coleções que tiveram maior número de vendas em cada uma dessas duas ocasiões.
Palavras chave: escravidão negra, livros didáticos, imagens da escravidão.
A problematização sobre as relações raciais tem se ampliado de forma progressiva na
sociedade brasileira nessa última década. Essa problematização envolve tanto as
práticas cotidianas dessas relações, os embates e ações políticas, como as construções
conceituais a estas relacionadas. Um desses embates teóricos encontra-se na
pertinência de uso do conceito de raça ou etnia entre as diferentes descendências
populacionais no país. Superado no campo científico a tese da raça, o embate se dá
entre os adeptos da sua transmutação em raça social (Guimarães, 1999) e os que
defendem o uso do conceito etnia, seja esta articulada às correntes culturalistas ou
ligada à perspectiva histórico-político-social, fundamentada na idéia de território
como elemento agregador de significado político. Este último enfoque encontra-se
fundamentado na idéia de afrodescendência como conjunto de referenciais sóciohistóricos
e culturais, que remetem às matrizes africanas. Este trabalho apresenta um
panorama teórico metodológico sobre os conceitos de identidade étnico-racial, a
partir de um histórico dos conceitos de raça, etnia, afrodescendências e africanidades
no bojo das relações étnico raciais brasileiras e do racismo que tem historicamente
mediado essas relações. O trabalho tem como ponto de partida a tese de doutorado
da autora, defendida pela PUC Rio (Lima), sob a orientação da Professora Sonia
Kramer.
O Retrato das Desigualdades tem por objetivo disponibilizar
informações sobre a situação de mulheres, homens, negros
e brancos em nosso país. Para tanto, apresenta indicadores
oriundos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
sobre diferentes campos da vida social, de forma a disponibilizar
para pesquisadores/as e gestores/as um retrato atual das
desigualdades de gênero e de raça no Brasil, bem como de
suas interseccionalidades – pois os indicadores são apresentados
tanto para mulheres e homens, negros e brancos, quanto
para mulheres brancas, mulheres negras, homens brancos e
homens negros.
Este artigo traça o perfil do aluno de Administração da UFBA e estabelece relações
entre o seu desempenho escolar e variáveis contextuais. A investigação partiu de
um banco de dados da universidade, utilizando-se o programa SPSS com o universo
dos estudantes ingressos de 1993 a 1997. Os resultados indicam que Administração é
um dos cursos mais elitizados da UFBA.
Palavras-chave: avaliação escolar, ação afirmativa, desempenho do estudante.
A ESCRAVIDÃO NO LIVRO DIDÁTICO DE HISTÓRIA: ROCHA POMBO E O ENSINO DE HISTÓRIA NA PRIMEIRA REPÚBLICA
Neste texto analisaremos o conteúdo sobre o escravo negro veiculado no manual
didático História do Brasil’, de Francisco José da Rocha Pombo, editado pela primeira
vez em 1919, reeditado pela última vez em 1958 (edição revista e ampliada por Hélio
Vianna), e suas implicações político-sociais num contexto de formação do estado
nacional republicano.
Esse artigo constitui parte um projeto de pesquisa mais amplo, cuja intenção é
identificar a partir da instalação da República até a década de 1980, como a temática
escravidão vem sendo construída nos livros didáticos de história, utilizados no ensino
secundário, quais suas implicações sociais e a repercussão desses livros em seus
diversos contextos históricos. Rocha Pombo e o seu livro ‘História do Brasil’ são os
passos iniciais para essa análise maior.
Quinto volume da Coleção Educação para Todos, o livro Ações Afirmativas
e Combate ao Racismo nas Américas dá continuidade ao esforço da Secretaria
de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad) de promover
ações concretas de combate ao racismo na educação brasileira e subsidiar professores
e professoras com informações e conhecimentos estratégicos para o
enfrentamento dessa tarefa. Mais que isso, os dezesseis artigos que compõem
a obra compreendem uma espécie de resposta coletiva – no calor da hora, e de
um ponto de vista intelectual e político negro – a questões colocadas pelo debate
aberto com as propostas e a implementação no Brasil de medidas de ação
afirmativa no combate ao racismo.
A eficiência do setor público é essencial não apenas para a promoção do
desenvolvimento econômico sustentável, mas também para a redução da pobreza
e das desigualdades socioeconômicas existentes. Com a democratização da
sociedade e o poder aos cidadãos, os governos têm sido cada vez mais pressionados
por diversos setores a aumentar sua sensibilidade, sua responsabilidade e
sua capacidade de atender às demandas apresentadas.
Para satisfazer às necessidades da população em uma sociedade democrática,
a transparência, a responsabilidade, a governança, o aumento da eficácia e a
produção de resultados tangíveis são fatores imprescindíveis para que a atuação
do setor público esteja à altura dos desafios do Brasil contemporâneo.
Em linhas gerais, além de um direito social, a educação tem sido entendida
como um processo de desenvolvimento humano. Como expresso nos
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), a educação escolar corresponde
a um espaço sociocultural e institucional responsável pelo trato pedagógico
do conhecimento e da cultura. A princípio, estaríamos, então, trabalhando em
solo pacífico, porque universalista.
O ensino superior brasileiro, nos debates atuais sobre sua
reforma e expansão, tem diante de si o desfio de encontrar soluções
que respondam à questão das desigualdades raciais no acesso às suas
instituições e na permanência nelas. Algumas universidades públicas já
adotaram ações nessa direção, ao estabelecerem cotas raciais ou sociais
em seus processos seletivos. Contudo, essas experiências têm gerado
significativas controvérsias. Neste artigo, com a intenção de explorar o
debate sobre políticas de igualdade racial e o que motiva algumas de
suas disputas, analisam-se dois de seus pontos mais polêmicos, a complexa
relação de igualdade e a identificação racial que supõem, além de
observar as maneiras com que foram implementadas em uma universidade
norte-americana e as dificuldades enfrentadas nesse processo.
Palavras-chave: Ação afirmativa. Acesso ao ensino superior. Igualdade.
Relações raciais. Experiência Estados Unidos.
Na atual agenda política brasileira, as chamadas ações afirmativas estão em destaque.
Durante a campanha eleitoral, o atual presidente da república, a partir dos diagnósticos
e propostas apresentadas por organizações do movimento social negro brasileiro,
explicitou à sociedade através do documento “Brasil sem racismo” o compromisso
do seu governo com a redução (e superação) das imensas desigualdades raciais. Segundo
o documento, esse compromisso deve ser consubstanciado através de políticas específicas,
sem abandonar as políticas universais.
As reflexões sobre as Políticas de Ação Afirmativa que fazem
parte deste livro mostram não só o avanço do debate sobre a realidade
da população negra brasileira, mas também apresentam elementos
incontestáveis que justificam as políticas que visam a correção da histórica
injustiça cometida pela classe dominante brasileira deste país com relação
a quase metade de sua população, a negra.
Pode a genética definir quem deve se beneficiar das cotas universitárias e demais ações afirmativas?
De acordo com o sonho de Martin Luther King, uma sociedade justa deveria
tratar todos cidadãos igualmente, independente da cor da pele. Isto
significaria a extinção do racismo com todas as suas perversas conseqüências:
discriminação, exploração, opressão, exclusão social. A genética moderna já
endossou essa postura ao mostrar que raças humanas simplesmente não existem
do ponto de vista biológico.
Otexto aborda o pensamento social brasileiro com o propósito de
contribuir para a elucidação do “choque social” provocado pelas propostas
governamentais de cotas e ações afirmativas. Argumenta que a razão
fundamental de tais propostas impactarem a opinião pública e terem
sido vistas como um absurdo, um “raio em céu azul”, é o fato da questão
racial no Brasil vir sendo relegada a segundo plano no âmbito acadêmico
do pensamento social – com a intelectualidade, em geral, patinando no
senso comum – gerando desinformação e precária reflexão a respeito das
desigualdades raciais. Como tem sido sempre intensa, rica e controvertida
a interação de setores acadêmicos com a luta anti-racista, discute-se,
então, sobre responsabilidades no quadro atual, em que o nível do debate
social em torno das cotas e medidas de ação afirmativa é sintoma e resultado
de escolhas investigativas, omissões e distorções na trajetória de
instituição das Ciências Sociais no Brasil.
Palavras-chave: pensamento social brasileiro, negros, cotas, ação afirmativa,
desigualdades sociais.
Esta dissertação faz uma análise do processo de construção de uma política pública que
visa a aumentar os números de estudantes negros nas universidades brasileiras, tomando como
estudo de caso a elaboração e tramitação da Lei nû 3708/2001, que institui cota de até 40%
(quarenta por cento) para as populações negra e parda no acesso às universidades estaduais do
Rio de Janeiro. O objetivo central da dissertação é, pois, descrever alguns aspectos do campo
político de uma política de cotas no Rio de Janeiro entre 1993 e 2003, fornecendo elementos
para uma discussão sobre as mudanças específicas que atingiram este campo. Além disso, são
estudadas o discurso de uma política de ação afirmativa na esfera executiva do governo federal,
os projetos de lei orientadas pelos princípios da ação afirmativa no Congresso Nacional, e as
atividades do Deputado estadual Calos Minc (PT/RJ) nesta área. Também é examinado o
processo da construção das políticas de ação afirmativa nos Estados Unidos.
O contexto político e social brasileiro permitiu a adoção de políticas de ações
afirmativas como uma das formas de promoção do acesso a bens, recursos e canais de
inserção e mobilidade social para indivíduos e grupos “potencialmente excluídos”. Embora
as chamadas “políticas de ação afirmativa” envolvam uma série de medidas que visam
neutralizar e compensar os efeitos negativos da discriminação racial, as cotas raciais (para
pretos, pardos e índios) no vestibular de ingresso para as universidades públicas tomou o
centro da discussão.
Esta pesquisa se singulariza em relação à literatura brasileira sobre
os temas que analisa e que tem a escola como referência por não
focalizar somente crianças, mas também jovens, ou seja, alunos das
últimas séries do ensino fundamental e da terceira do ensino médio.
Também a identifica analiticamente o fato de que, além de crianças e
jovens, ter escutado, discutido com professores e pais de diferentes
inscrições raciais em escolas públicas e privadas, o que amplia o
espectro de abrangência do estudo e confere voz a muitos, em lugares
diferenciados na escola. Selecionam-se atores que se expressam sobre
diversos tópicos que modelam as relações sociorraciais e a construção
de identidades de brancos e negros. Inclusive em tais relações, além
de observar em sala de aula e recreio, no caso do ensino fundamental,
como se dão as interações entre pares e entre professores e alunos,
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linguagem corporal, verbal, preferências e afastamentos, intencionais
e internalizados, testemunha dores que se calam, raivas verbalizadas,
mas principalmente a banalização e naturalização de discriminações
e estereótipos que minam possibilidades de mudanças nas relações
sociorraciais e que advertem a importância da indignação, da
conscientização sobre sentidos de perspectivas, atos e não-atos que
marcam o outro, o negro, a negra, como inferior, sem projeto. Com
naturalidade alguns dizem Ele [um aluno negro] não consegue aprender.
Como ressaltado por outros pesquisadores, é comum o sentimento
de exclusão em relação à escola por parte do aluno negro, ou como
sublinha Menezes (2001:8) “exclusão simbólica, pois tem matrícula,
mas não é integrado”.
O problema “O Negro” no Brasil. Dificuldades do seu estudo:
suscetibilidades que provoca; suas origens e improcedência. Negação
da existência de um problema “O Negro” no Brasil. Este não é o da
existência da Raça Negra mais ou menos pura como nos Estados
Unidos: é o da utilização e valor social do Mestiço. Fórmula do
problema; elementos variados de cujo conhecimento depende a sua
solução: carência ou deficiência desses conhecimentos no Brasil;
necessidade imperiosa de adquiri-los. O conhecimento científico dos
colonos negros representa um dos mais importantes; o presente livro,
consagrado ao seu estudo, é escrito como um subsídio a esse
desideratum.
Este ensaio apresenta uma breve discussão teórica sobre as perspectivas da pesquisa
arqueológica na charqueada Santa Rita (Pelotas/RS). Para isso desenvolve-se um diálogo
dos referenciais teóricos e metodológicos da Arqueologia afro-americana e afro-brasileira
com obras historiográficas que abordam o tema da escravidão em Pelotas. O intuito é
apresentar novas questões para discutir a representação da memória e da identidade
afro-brasileira em Pelotas.
Palavras-chave: Arqueologia; identidade afro-brasileira; charqueadas
Traçar um quadro sobre a situação da mulher em várias dimensões da vida social brasileira já é, em sim, uma contribuição extremamente bem-vinda não só para o mundo acadêmico e para as mulheres, como para o público em geral. Fazê-lo com rigor analítico. agregando dados quantitativos sem perder de vista o horizonte da mudança social, é melhor ainda.
A popularização do uso do termo ação afirmativa (AA) é bastante recente no
Brasil, sendo invocada para expressar diferentes noções. Consequentemente, são também
distintas as ações práticas atribuídas às AA, assim como variam as percepções e a
aceitação dos grupos sociais que são ou que deveriam ser beneficiados por tais ações.
Este artigo analisa o impacto da implantação do sistema
de cotas em uma universidade federal, a UFBA. Inicialmente, compara
os resultados de duas pesquisas realizadas pelo DataFolha, em distintos
momentos, para apontar a mudança ocorrida na percepção dos
brasileiros sobre as relações raciais no país e, consequentemente, no
debate sobre a questão. Num segundo momento, se detém no debate
ocorrido na própria Instituição, no contexto da discussão sobre o
sistema de cotas, para evidenciar os argumentos que aí emergiram.
Examina os dados de desempenho dos estudantes nos vestibulares
de 2005 e 2006, e também do seu desempenho durante o curso,
nos dois primeiros semestres de 2005, comparando os cotistas e os
não-cotistas, para argumentar em favor do sistema de cotas, evidenciando
seu efeito para ampliar o acesso de estudantes negros oriundos
do sistema público de ensino à Universidade.
Palavras-chave: Cotas. Ensino superior. Universidade Federal da Bahia.
O artigo analisa a importância do papel do Estado para a implementação das
políticas públicas de ação afirmativa, especialmente para estudantes negros ingressarem no
ensino superior público. Argumenta-se que a ação afirmativa é uma das alternativas para
reduzir ou minimizar a desigualdade de inserção entre estudantes negros e brancos de escolas
públicas e/ou particulares no ensino superior, especialmente por meio de uma de suas técnicas
de implementação: o sistema de cotas. Embora haja vários argumentos contra o sistema de
cotas, os autores se concentraram em debater ou contra-argumentar apenas um: o de que o
sistema de cotas poderá gerar conflitos raciais no Brasil.
Palavras-chave: políticas públicas; ações afirmativas; sistema de cotas; ensino superior;
conflitos raciais.
Sabemos todos que, o Brasil é um país é um país de dimensões continentais que possui, segundo
estimativas da última PNAd realizada, cerca de 170 milhões de habitantes. Ainda de acordo com
essa pesquisa e com o último Censo realizado, mais de 44% da população nacional é constituída
por pretos e pardos (isso na concepção do IBGE), ou por Afro-Brasileiros, na minha perspectiva.
As interseções entre políticas educacionais, relações raciais e processos de implementação de
cidadania, deveriam ocupar lugar destacado no contexto das políticas públicas brasileiras.
Eles representam quase a metade da população brasileira. No
Censo Demográfico aparecem como pretos e pardos. Nos últimos quinhentos
anos, foram responsáveis por boa parte do serviço duro e pesado
que resultou na construção deste País. Contudo, na hora da divisão
dos frutos desse esforço, eles ficaram com as sobras.
É oportuno comentar o que dizem os indicadores demográficos
e educacionais sobre essa questão. Assim, na população ocupada, segundo
dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad)
de 2001, o rendimento médio dos negros é inferior à metade do que
recebem os brancos; as mulheres negras recebem R$ 296/mês, cerca de
um terço do que ganha, em média, um homem branco. Do total de
rendimentos auferidos pelas pessoas com algum rendimento, os brancos
(53% da população) ficam com 71%, enquanto aos pardos (39% da
população) restam 23% e, aos negros (6% da população) cabem 4% de
um bolo que, por si só, já é pequeno.
Como parte dos resultados do II Concurso Negro e Educação, esta
publicação apresenta os artigos elaborados por bolsistas contemplados, a partir dos
relatórios finais das pesquisas por eles realizadas.
Dando continuidade ao I Concurso, as atividades deste segundo grupo de
pesquisadores iniciantes desenvolveram-se a partir de meados de 2001 a janeiro de 2003
em um período de 18 meses.
Realizado pelas mesmas instituições que inauguraram este trabalho, a
Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação - ANPED e Ação
Educativa Assessoria, Pesquisa e Informação, o concurso tem o objetivo de formar e
ampliar o quadro de pesquisadores na área Negro e Educação, a fim de que a produção de
conhecimentos neste campo seja gradativamente ampliada, contribuindo para subsidiar
ações comprometidas com a promoção dos usuários dos serviços educativos, fazendo
desaparecer o fator racial como determinante do desempenho escolar.
Artigo de autoria das professoras Gisele Morilha Alves – Secretaria Municipal de Educação de Campo Grande MS/Brasil, Eugênia Portela de Siqueira Marques – Universidade Federal da Grande Dourados / GEPRAFE/UFGD, Hildete Pereira da Silva Bolson – Grupo de Estudos e Pesquisas Políticas de Educação Superior GEPPES/UCDB e Maria Edinalva do Nascimento – Grupo de Estudos e Pesquisas Políticas de Educação Superior GEPPES/UCDB, apresentado no V CONGRESSO INTERNACIONAL EM ESTUDOS CULTURAIS –GÊNERO, DIREITOS HUMANOS E ATIVISMO, na Universidade de Aveiro/Portugal, em 08 de setembro de 2016.
O CONSELHO UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS, no uso de suas atribuições legais e considerando o Parecer da Comissão Permanente de Legislação e Normas/COUNI RESOLVE:
I – Aprovar o Regimento Núcleo de Estudos Afrobrasileiros – NEAB da UFGD;
II – Esta Resolução entra em vigor na data de sua assinatura
EDITAL DE CONVOCAÇÃO 1ª REUNIÃO ORDINÁRIA NEAB
ATA DA 1 REUNIÃO DO NEAB 2018
EDITAL DE CONVOCAÇÃO 2ª REUNIÃO ORDINÁRIA NEAB 2018
ATA DA 2ª REUNIÃO ORDINÁRIA DO NEAB 2018
EDITAL DE CONVOCAÇÃO 3ª REUNIÃO ORDINÁRIA NEAB 2018
INFORMES
Fonte: Núcleo de Estudos Afro-brasileiros - NEAB/UFGD - 08/11/2021
V CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISADORES/AS NEGROS/AS DO CENTRO-OESTE - COPENECO (2021)
A Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as – ABPN, o Consórcio de Núcleos de Estudos Afro...