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Catálogo de jogos e brincadeiras africanas e afro-brasileiras [livro eletrônico] / organização Helen Santos Pinto, Luciana Soares da Silva, Míghian Danae Ferreira Nunes. -- São Paulo : Aziza Editora, 2022. PDF. Vários autores. Bibliografia. ISBN 978-65-992657-2-3 1. Cultura africana 2. Cultura afro-brasileira 3. Brincadeiras infantis - África 4. Brincadeiras infantis - Brasil 5. Brincadeiras na educação 6. Diversidade cultural 7. Educação 8. Prática pedagógica I. Pinto, Helen Santos. II. Silva, Luciana Soares da. III. Nunes, Míghian Danae Ferreira.




A proposta central deste artigo é discutir, da perspectiva da Sociologia, a construção da intersecção das categorias gênero, classe e raça e entender como as diferenças sociais são estruturadas por hierarquias raciais.


A problemática das desigualdades étnico-raciais sempre esteve presente no pensamento social brasileiro. O final da década de 90 marca um momento de inflexão, quando o Programa Nacional dos Direitos Humanos reconheceu a existência do racismo e da discriminação no Brasil e "acenou" para a possibilidade de criação de políticas específicas para reverter essas desigualdades historicamente construídas. O livro descreve de forma sintética as principais interpretações sobre as relações raciais no Brasil. Possibilita a compreensão de alguns aspectos da história do Movimento Negro, bem como a discussão dos mecanismos de combate à discriminação e ao racismo, a partir de um estudo de caso no interior de Minas Gerais. Discute a implementação das chamadas ações afirmativas no Brasil, levando em consideração as especificidades de nossas relações raciais.


Este trabalho tem como objetivo analisar três organizações negras em São Carlos: O Grêmio Recreativo e Familiar Flor de Maio, O Centro de Cultura Afrobrasileira Congada e o Centro Cultural Negro Municipal. A pesquisa se propõe a entender como essas organizações pensam a relação cultura-identidade-política. E principalmente observar até que ponto a cultura aparece no movimento negro enquanto estratégia para agremiar novos membros e para lutar contra o racismo e discriminação.


O argumento desenvolvido neste artigo procura demonstrar a necessidade de incorporar a discussão das diferenças no conceito de cidadania. No Brasil, a diferença étnico-racial sempre foi geradora de desigualdades entre brancos e negros. A construção de um conceito de cidadania que leve em consideração tal fenômeno certamente contribuirá para diminuir as desigualdades entre brancos e negros no Brasil. O argumento é construído a partir da leitura do texto “A Questão Judaíca” de Karl Marx bem como pela incorporação de autores clássicos das ciências Sociais como Pierre Bourdie e Louis Althusser.


Este texto tem como objetivo traçar os aspectos históricos da formação do Grêmio Recreativo e Familiar Flor de Maio e seu papel na constituição da identidade e organizações negras do município de São Carlos, interior paulista. Esse clube inicialmente nasce da necessidade da população negra de um espaço de lazer e encontros. Seu desenvolvimento leva à formação de uma identidade negra positiva, a qual foi a base da constituição das futuras organizações negras de São Carlos.


Este artigo pretende discutir a relação entre raça e desigualdade na visão dos intelectuais brasileiros. Para tanto foram escolhidos os autores mais representativos sobre a chamada Sociologia das Relações Raciais. Parto do princípio que a visão de raça e nacionalidade desses autores são elementos importantes para o entendimento de suas posturas de enfrentamento ao racismo e discriminação no Brasil. Apesar da riqueza do debate não existe um consenso entre os pesquisadores sobre o papel da “raça” na estruturação da desigualdade social no Brasil. O artigo aponta que para uma melhor elucidação da relação entre raça e desigualdade são necessários estudos empíricos que mostrem os dilemas e dificuldades de implementação de políticas afirmativas no Brasil.


O presente artigo tenta entender o contexto de surgimento das ações afirmativas para negros, no Brasil, à luz da teoria do reconhecimento proposta por Axel Honneth. Para tanto: é esboçada, a traços largos, a forma como se dá o racismo no Brasil; é realizado um breve histórico das ações afirmativas pelo mundo; e são apresentadas algumas mudanças na história do direito moderno que propiciaram a ascensão das demandas por ações afirmativas.


A presente proposta de trabalho pretende debater teoricamente alguns elementos que recortam as cotas de acesso para negros/as nas universidades públicas do país. Ou seja, estamos pretendo debater e afirmar que considero impossível refletir e propor estratégias de superação das desigualdades sociais sem estabelecer, objetiva e concretamente, estratégias reais de combate ao preconceito, discriminação racial e racismo no Brasil – a exemplo das ações afirmativas e, entre elas, das cotas raciais para acesso ao ensino superior.


Esta Tese de Doutorado tem como propósito responder à pergunta: em que medida a experiência inaugural da implantação da política de cotas raciais na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) em 2003 resiste a uma crítica ética tendo as vozes dos estudantes cotistas autodeclarados negros ou pardos como protagonistas? O estudo ora exposto tem como objetivo aprofundar tal discussão, com um olhar ético, sobre a política contemporânea da reserva de vagas/cotas raciais no ensino superior.


Não é possível falar deles sem adjetivá-los. Seja por meio da fórmula legal que lança mão de “remanescentes”, ou das tentativas de ajuste desta, por meio de “contemporâneos”. Seja ainda por que são necessárias distinções entre estes, quando se usa “urbanos” ou “rurais”. Ou, quando se quer tipificá-los, por meio de “agrícola”, “extrativista”, “nômade” etc. Ou, finalmente, quando se fala em “históricos”, de forma complementar ou concorrente àquelas formas anteriores, já que falar em “quilombos históricos” tem servido tanto para especificar quanto para deslegitimar os “quilombos contemporâneos”.


Neste trabalho, comparo teorias e práticas feministas nos Estados Unidos e no Brasil, de modo a entender por que em um país racista e desigual como o Brasil, em que a experiência de escravidão foi tão marcante, a questão racial permanece silenciada em grande parte de nossa produção teórica e prática, contrastando com os Estados Unidos, onde a questão racial tem sido incorporada em cheio nas produções feministas.


O objetivo deste artigo é examinar a proposta corrente de racialização da população brasileira pelo Estado, com vistas a amparar programas de ação afirmativa para o atendimento específico daqueles que se autodenominarem negros. Analisa-se, inicialmente, o ressurgimento da noção de raça entre acadêmicos, políticos e militantes do anti-racismo, bem como as dificuldades de se delimitar quem é negro no Brasil. Em seguida, examina-se o modelo de cota racial dos Estados Unidos e seu apregoado sucesso. Por fim, busca-se avaliar até que ponto a instituição de cota racial no emprego e na universidade deveria se impor como a única opção política para aqueles que pretendem a abolição do racismo na sociedade brasileira


No presente trabalho faço uma breve análise da evolução do pensamento legislativo, com um recorte na questão racial.


Neste texto, analisa-se o processo de implantação da política de cotas para negros na educação superior, tomando como base a implementação dessa política na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – UEMS. Investigou- se, também, em que medida o sistema de reserva de vagas para negros pode ser considerado uma estratégia de acesso e permanência dos estudantes negros na educação superior. Para atingir tal objetivo, foram entrevistados alunos que ingressaram, pelo sistema de cotas para negros, no Processo Seletivo de 2004 da UEMS nos cursos de Direito e Enfermagem e analisados documentos e legislações referentes à implantação desse sistema na UEMS. Os dados revelaram que os alunos negros compreendem o sistema de cotas como um direito e que a permanência nos cursos depende de ações efetivas, por parte da Universidade, como bolsas de estudo e apoio pedagógico. As cotas representam uma ação afirmativa no sentido de se garantir o respeito à diversidade racial e a superação das desigualdades historicamente construídas.


Este artigo apresenta e discute dados referentes à aplicação de um questionário voltado para variáveis de classificação racial e opinião sobre a política de cotas para negros em uma amostra de 476 alunos do último ano do Ensino Médio da rede pública de um município periférico da região metropolitana do Rio de Janeiro. Buscamos compreender os elementos que informam as classificações de cor ou raça, bem como o posicionamento que esses alunos tomavam frente à política de cotas que poderia beneficiá-los no acesso a uma universidade pública. Deve-se ressaltar que os alunos entrevistados estariam em breve frente à possibilidade de disputar uma vaga no Ensino Superior em um vestibular com cotas raciais numa universidade pública que mantém um campus no próprio município onde estudam e residem. Essa problemática e esse tipo de investigação nos parecem fundamentais na atualidade, pois as cotas para negros que vêm sendo implantadas desde 2003 em várias instituições de Ensino Superior têm sofrido críticas e atravessado controvérsias jurídicas também por conta das formas de classificação propostas. Na pesquisa realizada, foi possível avançar na discussão de como as opções de classificação racial até o momento utilizadas nessas políticas se relacionam com os formatos de auto-identificação e de identificação do outro, comumente presentes no cotidiano das escolas pesquisadas, bem como verificar como a idéia de cota racial é avaliada pelos seus possíveis beneficiários.


A sociedade brasileira de inícios do século XXI ainda é atravessada por desigualdades e marcada pela exclusão racial. A discriminação motivada por pertencimento a um grupo de cor ou raça ainda se encontra amplamente disseminada pelo corpo social. A escola, e em particular a Universidade, constituem uma esfera na qual os indicadores apontam a persistência de desequilíbrios quanto ao acesso e à permanência dos indivíduos não-brancos. Em regra, as políticas educacionais de feitio tradicional não se mostraram eficazes em incluir vastos segmentos de brasileiros mais pobres, negros, mulatos e índios. Em tal cenário, as ações afirmativas — e em especial as políticas de cotas — foram apresentadas como possível resposta às graves distorções verificadas. O tema, todavia, é polêmico e tem gerado debates candentes. Este trabalho examina as raízes fundantes de nosso racismo, suas peculiaridades, a conveniência das cotas e sua aplicação efetiva em duas Universidades Federais brasileiras.


A desigualdade socioeconômica no Brasil é um dos principais fatores de exclusão social. Um outro fator é a discriminação racial que acirra, ainda mais, as desigualdades. No Brasil, a educação superior sempre privilegiou apenas um segmento étnico. O acesso do negro ao ensino superior seja por discriminação, preconceito ou fatores econômicos é restringido, sendo a sua representatividade ínfima em comparação à sua representação no total da população brasileira. Como forma de corrigir esse disparate que vem sendo adotado, no Brasil, as políticas de ações afirmativas, que têm por objetivo corrigir as desigualdades de oportunidades. No âmbito das políticas de ações afirmativas, a Universidade de Brasília (UnB) se utilizou da implantação de um sistema de cotas para negros a fim de garantir o acesso dos estudantes negros à educação superior. O presente estudo objetiva analisar se o sistema de cotas contribui para diminuir as desigualdades sociais. Para tanto, foi realizada pesquisa junto a alunos cotistas e não-cotistas da UnB, traçando o perfil socioeconômico e também o ponto de vista desses alunos sobre o sistema de cotas. Buscou-se, ainda, identificar as ações que garantam a permanência dos alunos negros na Universidade. Como resultado, o estudo indicou que o sistema de cotas é um indicativo para a redução das desigualdades sociais ao permitir o acesso de negros ao ensino superior.


A construção de uma efetiva agenda social para o Brasil pressupõe a definição de estratégias políticas que contemplem não somente o setor da educação nas suas diversas dimensões e níveis, mas também os segmentos que compõem a sociedade brasileira, com as suas necessidades específicas de aprendizagem. Uma exigência substantiva e procedimental nesta estratégia é o reconhecimento da responsabilidade conjunta do Estado e das organizações sociais no atendimento às múltiplas demandas da sociedade. Nesta perspectiva, é fundamental a sinergia entre Estado e sociedade civil no caminho da desejada transformação da realidade de exclusão social, com base no reconhecimento do diferente e da diversidade como riquezas a serem exploradas e não como o “exótico” a ser observado, negado ou marginalizado. No mesmo sentido, é necessário compreender a importância de desencadear amplo movimento capaz de dinamizar as qualificações que existem nesses diferentes espaços e de criar redes de interação que as façam saltar do nível potencial para o real.


O objetivo deste livro é levar aos estudantes indígenas e ao público em geral a discussão sobre os direitos indígenas no Brasil. Propomos uma análise não apenas dos direitos específicos estabelecidos pelo ordenamento jurídico, mas também uma reflexão comparativa a partir dos direitos garantidos a todos os brasileiros. A idéia é, por exemplo, perceber os direitos do cidadão indígena, detentor dos direitos de cidadania garantidos a todos os brasileiros, como integrante, ao mesmo tempo, de um determinado povo com direitos específicos e necessidades especiais. Estes dois universos implicam a necessidade de compatibilizar interesses muitas vezes diferenciados dentro de um sistema único que precisa ser capaz de compreender a diversidade e ajustar-se a ela.


O presente estudo analisa os dados referentes ao primeiro processo seletivo com sistema de cotas para negros na Universidade de Brasília, de modo a caracterizar os candidatos (inscritos e aprovados) do ponto de vista da demanda por vagas e do seu desempenho no vestibular, comparando os que optaram pelo sistema de seleção por cotas e o sistema universal. Também foi investigado o desempenho dos respectivos alunos ao final do 1º semestre letivo de curso sendo estes dados comparados aos resultados obtidos no vestibular, de forma a analisar se um melhor rendimento no curso está associado a um melhor desempenho no vestibular e se essa possível relação é ou não semelhante para os estudantes dos dois segmentos (cotistas e não cotistas).


Esse artigo propõe, com base em conceitos de cidadania e sobretudo de direitos humanos, mostrar como os limites das políticas inclusivas de educação esbarram, apesar de uma legislação avançada, na ausência de uma efetiva política de educação básica. Salvo o ensino fundamental, a educação infantil e o ensino médio não são universais. Nesse sentido, cursar as três etapas da educação básica ainda é um campo reservado. Além disso, a presença do Brasil no cenário internacional associada à histórica desigual distribuição de renda estimulam políticas compensatórias e focalizadas em vez de políticas públicas que garantam a igualdade de oportunidades. Mais do que as tradicionais lutas de educadores e intelectuais, só um vigoroso movimento da sociedade civil poderá tornar efetivos esses direitos proclamados.




Inúmeros indicadores sociais evidenciam as desigualdades entre jovens brancos e negros (pretos e pardos) o que indica a reprodução das desigualdades raciais neste segmento da população: poucos anos de estudo, renda familiar baixa, dificuldade inserção no mercado de trabalho, moradores de regiões do município com altos índices de violência e etc. A partir destes indicadores propõem-se a retomada de alguns marcos conceituais construídos na sociologia das relações raciais principalmente no que tange as fronteiras entre as categorias de raça e classe no Brasil.


Estudos recentes, alguns deles realizados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea, evidenciam as desigualdades vivenciadas pelos afro-brasileiros em todas as esferas da vida social. As conclusões dessas investigações convergem sempre na mesma direção: sob qualquer aspecto analisado, impressiona a magnitude das injustiças que sofre esse grupo populacional. Os dados revelam que as desigualdades são oriundas tanto de menores níveis de educação e de qualificação dos afro-brasileiros como da discriminação racial, ou seja, a convergência do preconceito e do racismo prejudica indivíduos somente em razão de suas características físicas ou culturais. Essa constatação não é novidade. Segundo Hasenbalg, a análise das estatísticas oficiais mostra que, apesar do crescimento econômico que marcou a segunda metade do século XX, as desigualdades econômicas e sociais entre brasileiros brancos e não brancos não se alteraram. “Com isto desabam definitivamente as imagens sobre relações raciais no país vinculadas à noção de democracia racial. Caem por terra também as teorias que postulam uma diluição das diferenças raciais como efeito do desenvolvimento e da modernização; discriminação e desigualdades raciais não mais podem ser vistas como uma herança do passado escravista. A vasta mobilidade social propiciada pelo crescimento econômico desde os anos 1940 deixou de afetar a população não branca, que continua concentrada nos estratos socioeconômicos inferiores. A cor das pessoas é um determinante importante das chances de vida, e a discriminação racial parece estar presente em todas as fases do ciclo de vida individual.”


A proposta deste artigo é fazer um exame das ações afirmativas em benefício da população negra, tendo como eixo a polêmica em torno da instituição de um programa de cotas raciais, principalmente nas universidades públicas. Devido ao quadro de desigualdade racial nas oportunidades educacionais do Brasil, argumenta-se, em um primeiro momento, que as cotas constituem um eficiente instrumento para garantir maior representação dos negros. Em um segundo momento, tem-se a intenção de escrutinar (e refutar) as principais críticas dos opositores às cotas raciais.


A finalidade deste artigo é fazer alguns apontamentos acerca de um tema subexplorado na historiografia brasileira: a trajetória do movimento negro organizado durante a República (1889-2000), com as etapas, os atores e suas propostas. Para tanto, amparar-se-á, preferencialmente, na produção intelectual das lideranças negras (José Correia Leite, Francisco Lucrécio, Abdias do Nascimento, Hamilton Cardoso, Lélia Gonzalez, dentre outras), por meio de depoimentos, memórias e textos ensaísticos. A idéia central é demonstrar que, em todo o período republicano, esse movimento vem empreendendo, dinamicamente, diversas estratégias de luta a favor da população negra.


As primeiras décadas depois da abolição da escravatura, em 1888, e a proclamação da República, em 1889, foram decisivas para o futuro da população negra no Brasil. É verdade que a maioria esmagadora dos cativos já havia conquistado sua liberdade no momento da decretação da Lei Áurea. Nesse sentido, a medida foi o reconhecimento legal de algo que já existia de fato. Mas nem por isso seu valor real e simbólico deve ser menosprezado.


A reflexão sobre educação e diversidade cultural não diz respeito apenas ao reconhecimento do outro como diferente. Significa pensar a relação entre o eu e o outro. A escola é um espaço sociocultural em que as diferentes presenças se encontram. Mas será que essas diferenças têm sido respeitadas? Será que a garantia da educação escolar como um direito social possibilita a inclusão de todo tipo de diferença dentro desse espaço? Nós, educadores e educadoras, não podemos ficar alheios/as a essas questões. Por isso, a reflexão sobre as diferentes presenças na escola e na sociedade brasileira e a capacidade de compreender e se posicionar diante de um mundo em constante transformação política, econômica e sociocultural devem fazer parte da formação e da prática de todos/as os/as educadores/as.


A tese analisa o movimento das comunidades negras rurais, também conhecido como movimento quilombola, desde seu início nos estados do Maranhão e do Pará até os dias atuais. Este movimento iniciou-se, no final da década de 1970, e ganhou impulso com o conhecimento do artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, contido na Constituição de 1988. As comunidades negras vislumbraram a possibilidade de solução para a questão fundiária através da aplicação do referido dispositivo constitucional. Para que todas as comunidades negras fossem atendidas pela Lei, houve necessidade de se ressignificar o termo 'quilombo'. Detemo-nos neste processo, pois ele estimulou frutífera reflexão sobre a natureza das comunidades negras rurais e possibilitou a inclusão das mesmas aos dizeres ao artigo 68. Para entendermos o processo de ressignificação, analisamos o conceito quilombo construído ao longo da história e suas modificações. Também, analisamos o contexto em que se deu a construção do artigo 68 do ADCT. Destacamos, sobretudo, a participação do movimento negro neste processo. Percebemos que o artigo 68 do ADCT nasceu sem muita discussão dentro e fora da Constituinte, mas foi regulamentado sob forte pressão do movimento das comunidades negras. No entanto, os resultados práticos para as comunidades foram modestos.


A partir de um exame dos fundamentos do regime político-legal em vigor no Brasil – a democracia liberal moderna – esse artigo explora uma possí- vel justificação da aplicação de políticas de ação afirmativa para ingresso no ensino universitário. Pretende-se mostrar que a ação afirmativa está de acordo com o principio redistributivo geral que orienta políticas públicas do Estado de Bem- Estar Social. Logo em seguida, discute-se, tomando como base estudos de economistas e sociólogos sobre desigualdade racial no Brasil, a propriedade de se adotar políticas públicas baseadas no critério da raça em nosso país. Por fim, são analisados alguns dos principais argumentos contrários à adoção de tais políticas, da maneira como são articulados no debate público, levando em conta seus aspectos teóricos e práticos. Palavras-chave: Ação afirmativa. Políticas públicas. Educação superior. Discrimina ção racial. Mérito.




Este trabalho foi produzido no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Política Social da Universidade Federal Fluminense e é resultado de uma pesquisa maior realizada como tese de conclusão de curso, para a graduação em Serviço Social, que teve como temática, a inclusão de mulheres negras no mercado de trabalho. Objetivamos contribuir com as análises que procuram identificar as desigualdades raciais e a reprodução das desigualdades de gênero no mercado de trabalho, contribuindo para o debate sobre a situação das mulheres negras nos diferentes espaços sociais. O mercado de trabalho brasileiro é o foco desta pesquisa por ser considerado historicamente um espaço excludente, onde as mulheres negras estão presentes nos diferentes setores, mas com menores possibilidades de ascensão social. Para realização deste estudo, utilizamos dados quantitativos oriundos de indicadores sociais produzidos a partir do ano 2000, que tenham realizado o recorte por raça e gênero. Tais dados nos possibilitaram evidenciar a existência das desigualdades de acesso que as mulheres negras sofrem ao buscar seu ingresso no mercado de trabalho formal. Verificamos, na realização desta pesquisa, que é crescente a taxa de participação das mulheres negras no mercado de trabalho, mas estas ainda sofrem uma série de desigualdades como, por exemplo, quando analisamos as taxas de rendimentos por cor e sexo, estas ficam abaixo de todos os outros grupos, até mesmo dos homens negros. Pudemos concluir, a partir dos dados analisados, que apesar do crescimento das taxas de escolaridade para todos os segmentos, as mulheres negras ainda apresentam taxas menores que as mulheres brancas. Isto impacta uma entrada mais igualitária no mercado de trabalho, principalmente no que se refere ao rendimento. As negras sofrem ainda com o forte peso do racismo, pois mesmo quando analisamos o mesmo nível de escolaridade elas ganham menos que as brancas.


Muito se tem discutido sobre a importância da escola como instituição formadora não só de saberes escolares como, também, sociais e culturais. Tendo isso em vista, alguns estudiosos do campo da educação e da cultura têm destacado o peso da cultura escolar no processo de construção das identidades sociais, enfatizando a escola como mais um espaço presente na construção do complexo processo de humanização (Arroyo, 2000; Bruner, 2001). Por essa perspectiva, a instituição escolar é vista como um espaço em que aprendemos e compartilhamos não só conteúdos e saberes escolares, mas também valores, crenças, hábitos e preconceitos raciais, de gênero, de classe e de idade.


Este artigo discute as particularidades e possíveis relações entre educação, cultura, identidade negra e formação de professores/ as, tendo como enfoques principais a corporeidade e a estética. Para tal, apresenta a necessidade de articulação entre os processos educativos escolares e não-escolares e a inserção de novas temáticas e discussões no campo da formação de professores/as. Dando continuidade às reflexões realizadas pela autora na sua tese de doutorado, discutem-se as representações e as concepções sobre o corpo negro e o cabelo crespo, construídas dentro e fora do ambiente escolar, a partir de lembranças e depoimentos de homens e mulheres negras entrevistados durante a realização de uma pesquisa etnográfica em salões étnicos de Belo Horizonte. Para essas pessoas, a experiência com o corpo negro e o cabelo crespo não se reduz ao espaço da família, das amizades, da militância ou dos relacionamentos amorosos. A escola aparece em vários depoimentos como um importante espaço no qual também se desenvolve o tenso processo de construção da identidade negra. Lamentavelmente, nem sempre ela é lembrada como uma instituição em que o negro e seu padrão estético são vistos de maneira positiva. O entendimento desse contexto revela que o corpo, como suporte de construção da identidade negra, ainda não tem sido uma temática privilegiada pelo campo educacional, principalmente pelos estudos sobre formação de professores e diversidade étnico-cultural. E que esse campo, também , ao considerar tal diversidade, deverá se abrir para dialogar com outros espaços em que os negros constroem suas identidades. Muitas vezes, locais considerados pouco convencionais pelo campo da educação, como por exemplo, os salões étnicos. Palavras-chave Cultura – Formação de professores/as – Identidade negra – Estética.


Por ordem do governador e capitão general da capitania de Mato Grosso, João de Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres, foi realizada em 1795 uma diligência para destruir vários quilombos nas águas do Guaporé, na fronteira com a Bolívia. O diário dessa diligência é um relato minucioso dos acontecimentos e uma oportunidade rara para a abordagem das relações históricas entre os índios e os negros em Mato Grosso, que tem passado ao largo dos interesses dos historiadores, apesar das várias transcrições existentes. O objetivo deste trabalho é, a partir desse relato, fazer uma reflexão antropológica acerca das categorias caburés e cabixis utilizadas para designar os descendentes de negros e índios, especialmente Paresi e Nambiquara, que formaram em parte a tradicional população matogrossense.


Numa exposição didática, de caráter teórico-metodológico, o autor explica o modo como utiliza em suas pesquisas a categoria “raça”, em conexão com outras categorias como “cor”, “etnia”, “região”, “classe”, “nação”, “povo”, “estado”, etc. A partir do pressuposto de que os conceitos, teóricos ou não, só podem ser aplicados e entendidos no seu contexto discursivo, o autor estabelece a distinção entre conceitos “analíticos” e “nativos”, ou seja, entre categorias retiradas de um corpus teórico e categorias que compõem o próprio universo discursivo dos sujeitos que estão sendo analisados, mas que devem ser utilizados pelo sociólogo. Na parte central do texto, o autor esboça uma história dos significados da categoria “raça” no Brasil e das diversas explicações do caráter das relações entre brancos e negros avançadas pela Sociologia: desde o trabalho pioneiro de Donald Pierson, nos anos 1940, passando pelos estudos da Unesco, nos anos 1950, os trabalhos da chamada “escola paulista”, nos anos 1960, e a retomada da teoria da “democracia racial” nos anos mais recentes, em estreito diálogo com os movimentos negros. O autor termina por fazer uma pequena discussão sobre os diversos estímulos, ou perguntas, dados em pesquisas tipo survey, para definição e mensuração da variável cor ou raça. Palavras-chave Raça — Etnia — Classe — Nação.


Neste artigo, uso fontes bibliográficas e testemunhos para analisar a recepção de Fanon pelo meio intelectual brasileiro, assim como sua influência sobre a formação de identidades negras. Enquanto observo uma recepção morna, argumento que isso se deveu a três fatores: primeiro, a especificidade da esquerda latino-americana nos anos 1960; em segundo, uma constituição racial e nacional totalmente oposta a conflitos raciais; e, em terceiro, o número reduzido nas universidades brasileiras de professores e pesquisadores negros que abordem a formação da identidade negra ou a afirmação de sujeitos racialmente oprimidos. PALAVRAS-CHAVE: Frantz Fanon; identidade negra; sujeitos racialmente oprimidos; conflitos raciais.


O Brasil passou por um grande processo de mudanças ao longo dos últimos anos, no que diz respeito às relações raciais. A percepção do país como uma democracia racial desfez-se e, hoje, diferentes setores da sociedade têm sua agenda política marcada pelo debate sobre o racismo como elemento constitutivo de nossa sociedade. Embora ainda esteja também presente a auto-imagem do Brasil como um país homogêneo e indiferenciado, encontra-se progressivamente maior abertura a experiências que procuram beneficiar grupos específicos, historicamente com menor acesso a oportunidades.


É muito recente, por parte das instituições de educação e pesquisa, a preocupação com o tema da educação dos negros brasileiros. Parte da ausência desses estudos justifica-se, por um lado, pela carência de fontes, recurso central para a história e os historiadores e, por outro, pelo desconhecimento das abordagens e práticas educativas dos pesquisadores e movimentos sociais negros no país. Em tempos atuais, quando se discute a implementação da Lei 10.639/03 ainda se faz necessário a busca por respostas sobre como foi o processo de acesso do negro à escolarização. Afinal, “como o negro chegou à escola”? Com objetivo de compreender os processos de escolarização do negro pesquisadores – negros e brancos – reunidos neste livro se dedicam a analisar a trajetória institucional da educação dos descendentes de africanos no Brasil, buscando respostas para a pergunta acima. Informação necessária, inclusive, para a compreensão da necessidade da Lei 10.639/03 e dos indicadores que apontam uma histórica desigualdade entre as trajetórias escolares de negros e brancos no Brasil. A apresentação e o debate do tema história da educação do negro, nos Fóruns Estaduais de Educação e Diversidade Étnico-Racial, realizados pelo Ministério da Educação em parceria com as Secretarias Estaduais de Educação e o movimento negro, revelou que a grande maioria dos professores brasileiros não teve acesso a esse conteúdo quando de sua formação. Adentra na escola, por conseqüência, a idéia de que a trajetória escolar do negro é determinada exclusivamente por seu esforço pessoal, não se levando em consideração os processos históricos que impediram ora o acesso, ora a permanência e, em muitos contextos, o acesso e a permanência ao mesmo tempo, deste segmento no sistema educacional.


O resgate da arte e dos padrões estéticos da produção negro-africana no ensino de Arte revigoram a formaç5o da subjetividade e da identidade do estudante negro


Já existe, felizmente, em nosso país, uma consciência nacional - em formação, é certo - que vai introduzindo o elemento da dignidade humana em nossa legislação, e para a qual a escravidão, apesar de hereditária, é uma verdadeira mancha de Caim que o Brasil traz na fronte. Essa consciência, que está temperando a nossa alma, e há de por fim humanizá-la, resulta da mistura de duas correntes diversas: o arrependimento dos descendentes de senhores, e a afinidade de sofrimento dos herdeiros de escravos. Não tenho, portanto, medo de que o presente volume não encontre o acolhimento que eu espero por parte de um número bastante considerável de compatriotas meus, a saber: os que sentem a dor do escravo como se fora própria e, ainda mais, como parte de uma dor maior - a do Brasil, ultrajado e humilhado; os que têm a altivez de pensar - e a coragem de aceitar as conseqüências desse pensamento - que a pátria, como a mãe, quando não existe para os filhos mais infelizes, não existe para os mais dignos; aqueles para quem a escravidão, degradação sistemática da natureza humana por interesses mercenários e egoístas, se não é infamante para o homem educado e feliz que a inflige, não pode sê-lo para o ente desfigurado e oprimido que a sofre; por fim, os que conhecem as influências sobre o nosso país daquela instituição no passado, e, no presente, o seu custo ruinoso, e prevêem os feitos de sua continuação indefinida. Possa ser bem aceita por eles esta lembrança de um correligionário ausente, mandada do exterior, donde se ama mais a pátria do que no próprio país - pela contingência de não tornar a vê-la, pelo trabalho constante da imaginação, e pela saudade que Garret nunca teria pintado ao vivo se não tivesse sentido a nostalgia - e onde o patriotismo, por isso mesmo que o Brasil é visto como um todo no qual homens e partidos, amigos e adversários se confundem na superfície alumiada pelo sol dos trópicos, parece mais largo, generoso e tolerante. Quanto a mim, julgar-me-ei mais do que recompensado, se as sementes de liberdade, direito e justiça, que estas páginas contêm, derem uma boa colheita no solo ainda virgem da nova geração; e se este livro concorrer, unindo em uma só legião os abolicionistas brasileiros, para apressar, ainda que seja de uma hora, o dia em vejamos a independência completada pela abolição, e o Brasil elevado à dignidade de país livre, como o foi em 1822 à de nação soberana, perante a América e o mundo. Joaquim Nabuco Londres, 8 de abril de 1863


O objetivo desse texto é comunicar o início de uma reflexão, com base na história cultural, sobre como as imagens da escravidão são representadas nos livros didáticos de história do Ensino Fundamental. Trabalhamos com a hipótese de que na maioria dos casos as imagens veiculadas nesses manuais são representações negativas dos negros, em plena vigência da Lei 10639. Isso, uma vez constado que em boa parte dessas imagens os negros escravizados estão em alguma situação degradante, como realizando trabalhos forçados, dispostos como mercadorias nos comércios de escravos ou sendo punidos. Para tanto selecionamos, para análise, as coleções que estão presentes nas versões de 2005 e 2008 do PNLD e as coleções que tiveram maior número de vendas em cada uma dessas duas ocasiões. Palavras chave: escravidão negra, livros didáticos, imagens da escravidão.


A problematização sobre as relações raciais tem se ampliado de forma progressiva na sociedade brasileira nessa última década. Essa problematização envolve tanto as práticas cotidianas dessas relações, os embates e ações políticas, como as construções conceituais a estas relacionadas. Um desses embates teóricos encontra-se na pertinência de uso do conceito de raça ou etnia entre as diferentes descendências populacionais no país. Superado no campo científico a tese da raça, o embate se dá entre os adeptos da sua transmutação em raça social (Guimarães, 1999) e os que defendem o uso do conceito etnia, seja esta articulada às correntes culturalistas ou ligada à perspectiva histórico-político-social, fundamentada na idéia de território como elemento agregador de significado político. Este último enfoque encontra-se fundamentado na idéia de afrodescendência como conjunto de referenciais sóciohistóricos e culturais, que remetem às matrizes africanas. Este trabalho apresenta um panorama teórico metodológico sobre os conceitos de identidade étnico-racial, a partir de um histórico dos conceitos de raça, etnia, afrodescendências e africanidades no bojo das relações étnico raciais brasileiras e do racismo que tem historicamente mediado essas relações. O trabalho tem como ponto de partida a tese de doutorado da autora, defendida pela PUC Rio (Lima), sob a orientação da Professora Sonia Kramer.


O Retrato das Desigualdades tem por objetivo disponibilizar informações sobre a situação de mulheres, homens, negros e brancos em nosso país. Para tanto, apresenta indicadores oriundos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sobre diferentes campos da vida social, de forma a disponibilizar para pesquisadores/as e gestores/as um retrato atual das desigualdades de gênero e de raça no Brasil, bem como de suas interseccionalidades – pois os indicadores são apresentados tanto para mulheres e homens, negros e brancos, quanto para mulheres brancas, mulheres negras, homens brancos e homens negros.


Este artigo traça o perfil do aluno de Administração da UFBA e estabelece relações entre o seu desempenho escolar e variáveis contextuais. A investigação partiu de um banco de dados da universidade, utilizando-se o programa SPSS com o universo dos estudantes ingressos de 1993 a 1997. Os resultados indicam que Administração é um dos cursos mais elitizados da UFBA. Palavras-chave: avaliação escolar, ação afirmativa, desempenho do estudante.


Neste texto analisaremos o conteúdo sobre o escravo negro veiculado no manual didático História do Brasil’, de Francisco José da Rocha Pombo, editado pela primeira vez em 1919, reeditado pela última vez em 1958 (edição revista e ampliada por Hélio Vianna), e suas implicações político-sociais num contexto de formação do estado nacional republicano. Esse artigo constitui parte um projeto de pesquisa mais amplo, cuja intenção é identificar a partir da instalação da República até a década de 1980, como a temática escravidão vem sendo construída nos livros didáticos de história, utilizados no ensino secundário, quais suas implicações sociais e a repercussão desses livros em seus diversos contextos históricos. Rocha Pombo e o seu livro ‘História do Brasil’ são os passos iniciais para essa análise maior.


Quinto volume da Coleção Educação para Todos, o livro Ações Afirmativas e Combate ao Racismo nas Américas dá continuidade ao esforço da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad) de promover ações concretas de combate ao racismo na educação brasileira e subsidiar professores e professoras com informações e conhecimentos estratégicos para o enfrentamento dessa tarefa. Mais que isso, os dezesseis artigos que compõem a obra compreendem uma espécie de resposta coletiva – no calor da hora, e de um ponto de vista intelectual e político negro – a questões colocadas pelo debate aberto com as propostas e a implementação no Brasil de medidas de ação afirmativa no combate ao racismo.


A eficiência do setor público é essencial não apenas para a promoção do desenvolvimento econômico sustentável, mas também para a redução da pobreza e das desigualdades socioeconômicas existentes. Com a democratização da sociedade e o poder aos cidadãos, os governos têm sido cada vez mais pressionados por diversos setores a aumentar sua sensibilidade, sua responsabilidade e sua capacidade de atender às demandas apresentadas. Para satisfazer às necessidades da população em uma sociedade democrática, a transparência, a responsabilidade, a governança, o aumento da eficácia e a produção de resultados tangíveis são fatores imprescindíveis para que a atuação do setor público esteja à altura dos desafios do Brasil contemporâneo.


Em linhas gerais, além de um direito social, a educação tem sido entendida como um processo de desenvolvimento humano. Como expresso nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), a educação escolar corresponde a um espaço sociocultural e institucional responsável pelo trato pedagógico do conhecimento e da cultura. A princípio, estaríamos, então, trabalhando em solo pacífico, porque universalista.


O ensino superior brasileiro, nos debates atuais sobre sua reforma e expansão, tem diante de si o desfio de encontrar soluções que respondam à questão das desigualdades raciais no acesso às suas instituições e na permanência nelas. Algumas universidades públicas já adotaram ações nessa direção, ao estabelecerem cotas raciais ou sociais em seus processos seletivos. Contudo, essas experiências têm gerado significativas controvérsias. Neste artigo, com a intenção de explorar o debate sobre políticas de igualdade racial e o que motiva algumas de suas disputas, analisam-se dois de seus pontos mais polêmicos, a complexa relação de igualdade e a identificação racial que supõem, além de observar as maneiras com que foram implementadas em uma universidade norte-americana e as dificuldades enfrentadas nesse processo. Palavras-chave: Ação afirmativa. Acesso ao ensino superior. Igualdade. Relações raciais. Experiência Estados Unidos.


Na atual agenda política brasileira, as chamadas ações afirmativas estão em destaque. Durante a campanha eleitoral, o atual presidente da república, a partir dos diagnósticos e propostas apresentadas por organizações do movimento social negro brasileiro, explicitou à sociedade através do documento “Brasil sem racismo” o compromisso do seu governo com a redução (e superação) das imensas desigualdades raciais. Segundo o documento, esse compromisso deve ser consubstanciado através de políticas específicas, sem abandonar as políticas universais.


As reflexões sobre as Políticas de Ação Afirmativa que fazem parte deste livro mostram não só o avanço do debate sobre a realidade da população negra brasileira, mas também apresentam elementos incontestáveis que justificam as políticas que visam a correção da histórica injustiça cometida pela classe dominante brasileira deste país com relação a quase metade de sua população, a negra.


De acordo com o sonho de Martin Luther King, uma sociedade justa deveria tratar todos cidadãos igualmente, independente da cor da pele. Isto significaria a extinção do racismo com todas as suas perversas conseqüências: discriminação, exploração, opressão, exclusão social. A genética moderna já endossou essa postura ao mostrar que raças humanas simplesmente não existem do ponto de vista biológico.


Otexto aborda o pensamento social brasileiro com o propósito de contribuir para a elucidação do “choque social” provocado pelas propostas governamentais de cotas e ações afirmativas. Argumenta que a razão fundamental de tais propostas impactarem a opinião pública e terem sido vistas como um absurdo, um “raio em céu azul”, é o fato da questão racial no Brasil vir sendo relegada a segundo plano no âmbito acadêmico do pensamento social – com a intelectualidade, em geral, patinando no senso comum – gerando desinformação e precária reflexão a respeito das desigualdades raciais. Como tem sido sempre intensa, rica e controvertida a interação de setores acadêmicos com a luta anti-racista, discute-se, então, sobre responsabilidades no quadro atual, em que o nível do debate social em torno das cotas e medidas de ação afirmativa é sintoma e resultado de escolhas investigativas, omissões e distorções na trajetória de instituição das Ciências Sociais no Brasil. Palavras-chave: pensamento social brasileiro, negros, cotas, ação afirmativa, desigualdades sociais.


Esta dissertação faz uma análise do processo de construção de uma política pública que visa a aumentar os números de estudantes negros nas universidades brasileiras, tomando como estudo de caso a elaboração e tramitação da Lei nû 3708/2001, que institui cota de até 40% (quarenta por cento) para as populações negra e parda no acesso às universidades estaduais do Rio de Janeiro. O objetivo central da dissertação é, pois, descrever alguns aspectos do campo político de uma política de cotas no Rio de Janeiro entre 1993 e 2003, fornecendo elementos para uma discussão sobre as mudanças específicas que atingiram este campo. Além disso, são estudadas o discurso de uma política de ação afirmativa na esfera executiva do governo federal, os projetos de lei orientadas pelos princípios da ação afirmativa no Congresso Nacional, e as atividades do Deputado estadual Calos Minc (PT/RJ) nesta área. Também é examinado o processo da construção das políticas de ação afirmativa nos Estados Unidos.


O contexto político e social brasileiro permitiu a adoção de políticas de ações afirmativas como uma das formas de promoção do acesso a bens, recursos e canais de inserção e mobilidade social para indivíduos e grupos “potencialmente excluídos”. Embora as chamadas “políticas de ação afirmativa” envolvam uma série de medidas que visam neutralizar e compensar os efeitos negativos da discriminação racial, as cotas raciais (para pretos, pardos e índios) no vestibular de ingresso para as universidades públicas tomou o centro da discussão.




Esta pesquisa se singulariza em relação à literatura brasileira sobre os temas que analisa e que tem a escola como referência por não focalizar somente crianças, mas também jovens, ou seja, alunos das últimas séries do ensino fundamental e da terceira do ensino médio. Também a identifica analiticamente o fato de que, além de crianças e jovens, ter escutado, discutido com professores e pais de diferentes inscrições raciais em escolas públicas e privadas, o que amplia o espectro de abrangência do estudo e confere voz a muitos, em lugares diferenciados na escola. Selecionam-se atores que se expressam sobre diversos tópicos que modelam as relações sociorraciais e a construção de identidades de brancos e negros. Inclusive em tais relações, além de observar em sala de aula e recreio, no caso do ensino fundamental, como se dão as interações entre pares e entre professores e alunos, 23 linguagem corporal, verbal, preferências e afastamentos, intencionais e internalizados, testemunha dores que se calam, raivas verbalizadas, mas principalmente a banalização e naturalização de discriminações e estereótipos que minam possibilidades de mudanças nas relações sociorraciais e que advertem a importância da indignação, da conscientização sobre sentidos de perspectivas, atos e não-atos que marcam o outro, o negro, a negra, como inferior, sem projeto. Com naturalidade alguns dizem Ele [um aluno negro] não consegue aprender. Como ressaltado por outros pesquisadores, é comum o sentimento de exclusão em relação à escola por parte do aluno negro, ou como sublinha Menezes (2001:8) “exclusão simbólica, pois tem matrícula, mas não é integrado”.


O problema “O Negro” no Brasil. Dificuldades do seu estudo: suscetibilidades que provoca; suas origens e improcedência. Negação da existência de um problema “O Negro” no Brasil. Este não é o da existência da Raça Negra mais ou menos pura como nos Estados Unidos: é o da utilização e valor social do Mestiço. Fórmula do problema; elementos variados de cujo conhecimento depende a sua solução: carência ou deficiência desses conhecimentos no Brasil; necessidade imperiosa de adquiri-los. O conhecimento científico dos colonos negros representa um dos mais importantes; o presente livro, consagrado ao seu estudo, é escrito como um subsídio a esse desideratum.


Este ensaio apresenta uma breve discussão teórica sobre as perspectivas da pesquisa arqueológica na charqueada Santa Rita (Pelotas/RS). Para isso desenvolve-se um diálogo dos referenciais teóricos e metodológicos da Arqueologia afro-americana e afro-brasileira com obras historiográficas que abordam o tema da escravidão em Pelotas. O intuito é apresentar novas questões para discutir a representação da memória e da identidade afro-brasileira em Pelotas. Palavras-chave: Arqueologia; identidade afro-brasileira; charqueadas


Traçar um quadro sobre a situação da mulher em várias dimensões da vida social brasileira já é, em sim, uma contribuição extremamente bem-vinda não só para o mundo acadêmico e para as mulheres, como para o público em geral. Fazê-lo com rigor analítico. agregando dados quantitativos sem perder de vista o horizonte da mudança social, é melhor ainda.


A popularização do uso do termo ação afirmativa (AA) é bastante recente no Brasil, sendo invocada para expressar diferentes noções. Consequentemente, são também distintas as ações práticas atribuídas às AA, assim como variam as percepções e a aceitação dos grupos sociais que são ou que deveriam ser beneficiados por tais ações.


Este artigo analisa o impacto da implantação do sistema de cotas em uma universidade federal, a UFBA. Inicialmente, compara os resultados de duas pesquisas realizadas pelo DataFolha, em distintos momentos, para apontar a mudança ocorrida na percepção dos brasileiros sobre as relações raciais no país e, consequentemente, no debate sobre a questão. Num segundo momento, se detém no debate ocorrido na própria Instituição, no contexto da discussão sobre o sistema de cotas, para evidenciar os argumentos que aí emergiram. Examina os dados de desempenho dos estudantes nos vestibulares de 2005 e 2006, e também do seu desempenho durante o curso, nos dois primeiros semestres de 2005, comparando os cotistas e os não-cotistas, para argumentar em favor do sistema de cotas, evidenciando seu efeito para ampliar o acesso de estudantes negros oriundos do sistema público de ensino à Universidade. Palavras-chave: Cotas. Ensino superior. Universidade Federal da Bahia.


O artigo analisa a importância do papel do Estado para a implementação das políticas públicas de ação afirmativa, especialmente para estudantes negros ingressarem no ensino superior público. Argumenta-se que a ação afirmativa é uma das alternativas para reduzir ou minimizar a desigualdade de inserção entre estudantes negros e brancos de escolas públicas e/ou particulares no ensino superior, especialmente por meio de uma de suas técnicas de implementação: o sistema de cotas. Embora haja vários argumentos contra o sistema de cotas, os autores se concentraram em debater ou contra-argumentar apenas um: o de que o sistema de cotas poderá gerar conflitos raciais no Brasil. Palavras-chave: políticas públicas; ações afirmativas; sistema de cotas; ensino superior; conflitos raciais.


Sabemos todos que, o Brasil é um país é um país de dimensões continentais que possui, segundo estimativas da última PNAd realizada, cerca de 170 milhões de habitantes. Ainda de acordo com essa pesquisa e com o último Censo realizado, mais de 44% da população nacional é constituída por pretos e pardos (isso na concepção do IBGE), ou por Afro-Brasileiros, na minha perspectiva. As interseções entre políticas educacionais, relações raciais e processos de implementação de cidadania, deveriam ocupar lugar destacado no contexto das políticas públicas brasileiras.




Eles representam quase a metade da população brasileira. No Censo Demográfico aparecem como pretos e pardos. Nos últimos quinhentos anos, foram responsáveis por boa parte do serviço duro e pesado que resultou na construção deste País. Contudo, na hora da divisão dos frutos desse esforço, eles ficaram com as sobras. É oportuno comentar o que dizem os indicadores demográficos e educacionais sobre essa questão. Assim, na população ocupada, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2001, o rendimento médio dos negros é inferior à metade do que recebem os brancos; as mulheres negras recebem R$ 296/mês, cerca de um terço do que ganha, em média, um homem branco. Do total de rendimentos auferidos pelas pessoas com algum rendimento, os brancos (53% da população) ficam com 71%, enquanto aos pardos (39% da população) restam 23% e, aos negros (6% da população) cabem 4% de um bolo que, por si só, já é pequeno.


Como parte dos resultados do II Concurso Negro e Educação, esta publicação apresenta os artigos elaborados por bolsistas contemplados, a partir dos relatórios finais das pesquisas por eles realizadas. Dando continuidade ao I Concurso, as atividades deste segundo grupo de pesquisadores iniciantes desenvolveram-se a partir de meados de 2001 a janeiro de 2003 em um período de 18 meses. Realizado pelas mesmas instituições que inauguraram este trabalho, a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação - ANPED e Ação Educativa Assessoria, Pesquisa e Informação, o concurso tem o objetivo de formar e ampliar o quadro de pesquisadores na área Negro e Educação, a fim de que a produção de conhecimentos neste campo seja gradativamente ampliada, contribuindo para subsidiar ações comprometidas com a promoção dos usuários dos serviços educativos, fazendo desaparecer o fator racial como determinante do desempenho escolar.




Artigo de autoria das professoras Gisele Morilha Alves – Secretaria Municipal de Educação de Campo Grande MS/Brasil, Eugênia Portela de Siqueira Marques – Universidade Federal da Grande Dourados / GEPRAFE/UFGD, Hildete Pereira da Silva Bolson – Grupo de Estudos e Pesquisas Políticas de Educação Superior GEPPES/UCDB e Maria Edinalva do Nascimento – Grupo de Estudos e Pesquisas Políticas de Educação Superior GEPPES/UCDB, apresentado no V CONGRESSO INTERNACIONAL EM ESTUDOS CULTURAIS –GÊNERO, DIREITOS HUMANOS E ATIVISMO, na Universidade de Aveiro/Portugal, em 08 de setembro de 2016.


O CONSELHO UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS, no uso de suas atribuições legais e considerando o Parecer da Comissão Permanente de Legislação e Normas/COUNI RESOLVE: I – Aprovar o Regimento Núcleo de Estudos Afrobrasileiros – NEAB da UFGD; II – Esta Resolução entra em vigor na data de sua assinatura


EDITAL DE CONVOCAÇÃO 1ª REUNIÃO ORDINÁRIA NEAB


ATA DA 1 REUNIÃO DO NEAB 2018


EDITAL DE CONVOCAÇÃO 2ª REUNIÃO ORDINÁRIA NEAB 2018


ATA DA 2ª REUNIÃO ORDINÁRIA DO NEAB 2018


EDITAL DE CONVOCAÇÃO 3ª REUNIÃO ORDINÁRIA NEAB 2018