TRADUZINDO O COVID-19: A IMUNIDADE SAZONAL PROTETORA DO CORONAVÍRUS É DE CURTA DURAÇÃO
Uma questão chave não resolvida na atual pandemia da doença do coronavírus 2019 (COVID-19) é a duração da imunidade adquirida. O conhecimento de infecções com os quatro coronavírus humanos sazonais podem revelar características comuns aplicáveis a todos os coronavírus humanos. Monitoramos indivíduos saudáveis por mais de 35 anos e determinamos que a reinfecção com o mesmo coronavírus sazonal ocorria com frequência 12 meses após a infecção.
A síndrome respiratória aguda grave coronavírus 2 (SARS-CoV-2) é um novo coronavírus responsável por uma pandemia em andamento. Até o momento, há evidências limitadas de reinfecção por SARS-CoV-2, embora seja geralmente assumido que ocorrem reinfecções por coronavírus. Para se preparar para as ondas futuras da Doença do Coronavírus 2019 (COVID-19), é importante elucidar a duração da proteção à reinfecção para a qual os coronavírus sazonais podem servir como um modelo informativo.
Existem quatro espécies de coronavírus sazonais - HCoV-NL63, HCoV-229E, HCoV-OC43 e HCoV-HKU1 - que podem causar infecções do trato respiratório, mas que são geneticamente e biologicamente diferentes. Eles pertencem a dois gêneros taxonômicos distintos e usam diferentes moléculas receptoras com variados tropismos de células hospedeiras (1). Dada essa grande variação, hipotetizamos que as características compartilhadas por esses quatro coronavírus sazonais, como a duração da imunidade protetora, são representativas de todos os coronavírus humanos, incluindo o SARS-CoV-2. Portanto, o objetivo deste estudo foi investigar a duração da proteção contra reinfecções de coronavírus sazonais.
Como as infecções sazonais por coronavírus podem ser assintomáticas e a duração da disseminação viral é limitada (2), estudos epidemiológicos de longo prazo baseados em métodos de detecção de vírus para identificar infecções (por exemplo, reação em cadeia da polimerase-transcriptase reversa (RT-PCR) requerem amostragem contínua de amostras respiratórias, o que não é viável. Alternativamente, os ensaios sorológicos podem ser usados, uma vez que os níveis de anticorpos permanecem elevados até 1 ano após a infecção (2). Portanto, usou-se amostras de soro dos estudos de Coorte de Amsterdã sobre infecção por HIV-1 e AIDS, um estudo de Coorte acompanhando homens adultos em intervalos regulares desde a década de 1980, para investigar a frequência com que as infecções sazonais por coronavírus ocorreram durante o acompanhamento. Foram selecionados dez indivíduos saudáveis, que não relataram nenhuma doença grave que pudesse ter influenciado suas imunidades. Além de uma lacuna no acompanhamento entre 1997 e 2003, a coleta de sangue ocorreu a cada 3 meses antes de 1989 e a cada 6 meses depois. O período acumulado em que os dez indivíduos foram seguidos continuamente totalizou mais de 2.473 meses.Fonte: https://www.nature.com/articles/s41591-020-1083-1
Graduação em Letras
Rosana Budny
rosanabudny@ufgd.edu.br
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