TRADUZINDO O COVID-19: OS EFEITOS INDIRETOS DA PANDEMIA DO COVID-19 ACARRETAM UM PESADO FARDO PARA A SAÚDE MENTAL
Publicado em: 06 de outubro de 2020 na seção: Notícias em Destaque, coluna sobre Saúde.
Por K. E. D. Coan, escritor de ciências
Em uma pesquisa de saúde mental australiana inédita, pesquisadores descobriram que as pessoas em países com baixas taxas de infecção e fatalidades - como a Austrália no início da pandemia - ainda experimentam o dobro de depressão e ansiedade. Esses resultados estão amplamente relacionados ao estresse financeiro e a interrupções na vida social das pessoas.
“Já sabemos, por pesquisas sobre pandemias anteriores, que as pessoas mais afetadas, como aquelas que ficam doentes e/ou hospitalizadas e seus cuidadores, sofrem impactos mais graves. No entanto, os impactos do COVID-19 na população em geral em países relativamente menos afetados também são provavelmente substanciais”, disse a autora principal, Dra. Amy Dawel, da Australian National University.
“Nossos dados mostram que os subprodutos da COVID-19 estão afetando amplamente as populações - não obstante o quão grande seja o impacto da doença física - e a preocupação é que os países com fortes restrições, que parecem contornar o pior da COVID-19, possam ignorar os impactos indiretos da pandemia”.
Para capturar um instantâneo da saúde mental da população logo após as primeiras restrições relacionadas à COVID-19 entrarem em vigor, a Dra. Dawel e seus colaboradores pesquisaram cerca de 1.300 adultos australianos em março de 2020. Nessa época, as autoridades haviam fechado recentemente as fronteiras internacionais, bares e restaurantes, e limitou encontros sociais. Como a pesquisa ocorreu nos estágios iniciais da pandemia, apenas 36 participantes relataram ter recebido um diagnóstico de COVID-19 ou tido contato próximo com quem havia sido diagnosticado.
Surpreendentemente, esses casos de contato com COVID-19 não mostraram qualquer ligação com os impactos na saúde mental. Em contraste, dificuldades financeiras e interrupções no trabalho e nas atividades sociais foram significativamente associadas a sintomas de depressão e ansiedade, bem como a um menor bem-estar psicológico. No entanto, trabalhar em casa não foi associado a nenhum efeito negativo.
Taxas mais altas de sintomas de saúde mental também foram encontradas entre as pessoas mais jovens, que se identificaram como mulheres ou que relataram ter um problema de saúde mental pré-existente.
“Esperamos que esses dados destaquem que a forma como os países administram a COVID-19 provavelmente terá impacto na saúde mental de sua população, além daqueles mais diretamente afetados pela doença”, disse Dawel.
Disponível em: <https://blog.frontiersin.org/2020/10/06/psychiatry-covid19-pandemic-public-mental-health-burden>.
Acesso em: 25 out 2020.
Curso de Letras
Rosana Budny
rosanabudny@ufgd.edu.br
*