TRADUZINDO O COVID-19: CORONAVÍRUS E FERIADOS: O QUE DIZEM OS DADOS
Fonte imagem: <https://www.stuttgarter-zeitung.de/gallery.jahresrueckblick-2020-zum-coronavirus-ein-jahr-corona-die-chronik-in-bildern.e106293f-d7c7-4843-a789-df92540bf2c9.html> Acesso em: 26/12/2020.
À medida que os casos de coronavírus em todo o mundo continuam a aumentar, os países estão lutando para administrar os grandes feriados, como o Natal e o Ano Novo Lunar, que acontece na China. O feriado é uma das maiores migrações em massa do mundo, quando centenas de milhões de pessoas viajam para visitar parentes. Os pesquisadores estão alertando que podem se tornar eventos superdimensionados.
“Já estamos em um alto nível de disseminação pela comunidade, e estamos prestes a ver muitas pessoas viajando e se reunindo em ambientes fechados”, disse Julia Marcus, epidemiologista de doenças infecciosas da Harvard Medical School em Boston, Massachusetts.” É difícil ver como isso vai dar certo”. Para os pesquisadores, reuniões em massa contribuem para a disseminação do coronavírus. Por exemplo, “uma partida de futebol no norte da Itália em fevereiro, com a participação de mais de 45.000 pessoas, pode ter levado a região a se tornar um dos primeiros epicentros da pandemia do coronavírus”, diz Stefania Boccia, especialista em saúde pública da Universidade Católica do Sagrado Coração em Roma.
Entretanto, pequenas reuniões também apresentam riscos. De acordo com um relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e estudos realizados em Wuhan no mês de fevereiro, tem-se que:
- O vírus foi amplamente transmitido dentro das famílias na China, com até 85% dos agrupamentos de infecção em duas províncias ocorrendo em famílias.
- Se uma pessoa for infectada na família, cerca de uma em cada três pessoas também ficará infectada.
- Limitar as reuniões a dez pessoas ou menos pode reduzir a taxa de transmissão do vírus.
No entanto, “climas quentes e úmidos parecem, em parte, reduzir a propagação da doença. Provavelmente porque, nestas condições, as partículas virais tendem a cair no solo rapidamente”, diz Chen. Para a pesquisadora Boccia, o comportamento humano desempenha um papel importante: quando está frio, as pessoas tendem a se reunir dentro de casa. Essas reuniões representam um risco maior porque o vírus viaja pelo ar em pequenas gotículas quando uma pessoa infectada fala, tosse, ri, canta ou até respira. “Por isso, é importante que pessoas reunidas em ambientes fechados mantenham distanciamento físico de pelo menos dois metros, usem máscara e mantenham uma porta ou janela aberta para permitir a ventilação adequada”. Ela ainda acrescenta que “no inverno, quando as pessoas fecham as portas e janelas para se proteger do frio, o ar do local fica estagnado, dando ao vírus uma oportunidade melhor de permanecer”.
A OMS está preocupada que as festividades possam coincidir com um aumento da “fadiga pandêmica”, sensação das pessoas de estarem exaustas com a mudança de comportamento para ajudar a conter a disseminação viral. Aderonke Bamgbose Pederson, psiquiatra e cientista comportamental da Escola de Medicina Feinberg da Northwestern University em Chicago, Illinois, ressalta: “Dizer que 'pessoas estão morrendo' não produz necessariamente resultados positivos na modificação do comportamento”. Ela acrescenta que pode ser útil encorajar as pessoas a pensar além de seus desejos de curto prazo, o que provavelmente inclui ver a família e amigos e se concentrar em objetivos de longo prazo, como proteger seus entes queridos. Alessandro Vespignani, epidemiologista computacional da Northeastern University em Boston, que analisou os efeitos das restrições às viagens sobre a disseminação do vírus, acrescenta: “temos vacinas eficazes que serão distribuídas em semanas - precisamos aguentar firme, fazer um sacrifício extra e então, no próximo Natal, podemos voltar ao normal”.
Fonte: GUGLIELMI, Giorgia. Coronavirus and public holidays: what the data say. Publicado em16/12/2020 Disponível: Acesso: 17/12/2020.
Graduação em Letras
Rosana Budny
rosanabudny@ufgd.edu.br
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