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2025
UFGD fortalece parcerias internacionais durante missão na França
Entre os dias 27 janeiro e 5 de fevereiro, um grupo de professores da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), incluindo o reitor Jones Dari Goettert, esteve na França com o objetivo de fortalecer as relações institucionais com a Universidade Paris 8 e encaminhar novas parcerias visando consolidar a internacionalização da instituição. A missão incluiu reuniões estratégicas, seminários acadêmicos, eventos institucionais e a assinatura de acordos que ampliam as conexões da UFGD, com destaque para a mobilidade acadêmica de estudantes indígenas brasileiros.
Além do reitor, estiveram representando a UFGD o chefe do Escritório de Assuntos Internacionais da UFGD, Matheus de Carvalho Hernandez; acoordenadora da pós-graduação em Geografia da UFGD, Claudia Roma; a docente da pós-graduação em Geografia da UFGD, Márcia Mizusaki; e a diretora da Faculdade Intercultural Indígena da UFGD, Maria Aparecida Oliveira.
REUNIÕES E EVENTOS
A agenda teve início no dia 27 de janeiro, com uma reunião na Embaixada do Brasil na França. O encontro contou com a presença do embaixador Ricardo Neiva Tavares, diplomatas responsáveis pela área de educação e de ciência e tecnologia e representantes do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), apoiador da missão, ao lado da Embaixada da França no Brasil. Durante a reunião, foi assinado um memorando de entendimento entre a UFGD e a Embaixada do Brasil, co-assinado pelo MPI, com o objetivo de fomentar parcerias acadêmicas da UFGD com instituições francesas para a realização de atividades de difusão da cultura e da ciência brasileira na França. O memorando, que contempla a estratégia de internacionalização da universidade na medida em que rotiniza a cooperação com representações diplomáticas, contribui para sedimentar as relações que a UFGD mantém, desde sua fundação, com parceiros franceses, inclusive no âmbito de tradicionais programas nas áreas de engenharia e de ciências agrárias.
No dia 28 de janeiro, a delegação participou do primeiro dia da missão na Universidade Paris 8, instituição que recebe três doutorandos indígenas da UFGD por meio do Programa Guatá, uma iniciativa da Embaixada da França no Brasil para a mobilidade internacional de doutorandos e doutorandas indígenas. Na edição 2024 do Programa, a UFGD foi a universidade com o maior número de candidaturas aprovadas entre todas as universidades do Brasil: Anastácio Peralta, Maristela Aquino-Insfram e Sandra Ventura Domingo Cândido, todos oriundos do Programa de Pós-Graduação em Geografia. Na parte da manhã, os representantes da UFGD foram convidados pelos doutorandos a conhecer a região de Saint-Denis, onde está localizada a universidade, e participaram de um passeio histórico conduzido por uma socióloga da prefeitura local. À tarde, a comitiva apresentou um seminário sobre "Educação ao Longo da Vida", com palestras da professora Cláudia Roma, que abordou as Escrevivências de Carolina Maria de Jesus e Conceição Evaristo; do reitor Jones Goettert, que falou sobre aprendizagem informal; e da professora Márcia Mizusaki, que tratou de questões sociais e conflitos fundiários no Mato Grosso do Sul. O Seminário foi co-organizado por Delphine Leroy, professora da Universidade Paris 8 que liderou a comitiva da universidade em visita à UFGD em agosto de 2024, e que atualmente supervisiona os três doutorandos da UFGD.
No dia 29 de janeiro, a comitiva da UFGD realizou uma reunião de trabalho e apresentação institucional no Instituto Francês de Geopolítica, também sediado em Paris 8. O IFG, centro de excelência internacional fundado pelo renomado geógrafo Yves Lacoste, atualmente abriga Hervé Théry, geógrafo de referência sobre o Brasil na França, e Armelle Enders, referência em História do Brasil e encarregada do ano do Brasil na Universidade de Paris 8. Durante a reunião, além das apresentações, iniciou-se um mapeamento prévio das sinergias e possibilidades de cooperação entre IFG e UFGD.
Ainda no dia 29 de janeiro, na parte da tarde, em cerimônia oficial na capital francesa com a presença da Reitora Annick Allaigre e de seus pró-reitores de Pesquisa, Ensino e Internacionalização, a UFGD assinou uma Carta de Intenções de Cooperação com a Universidade Paris 8. O documento representa mais um passo rumo a um acordo formal entre as instituições, impulsionado pelo sucesso do Programa Guatá e pelo crescente interesse na internacionalização da UFGD.
No dia 30, o reitor da UFGD, acompanhado pelo chefe do Escritório de Assuntos Internacionais (ESAI) e pela coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGG), visitou a Maison du Brésil, residência universitária mantida pela CAPES, com o objetivo de estabelecer conexões que possam beneficiar estudantes, professores e técnicos da UFGD em futuras mobilidades acadêmicas na França.
Na tarde do dia 30 a comitiva da UFGD retornou à Universidade Paris 8 para uma reunião de balanço sobre o primeiro ano da parceria entre as duas universidades no âmbito do Programa Guatá. Contando com a participação de representantes do Consulado da França em São Paulo, de Armelle Enders, encarregada do ano do Brasil na Universidade de Paris 8, das equipes das duas universidades e dos doutorandos indígenas, foram traçados os principais avanços e desafios a fim de aprimorar ainda mais a cooperação emoldurada pelo Programa, a partir de uma lógica de democratização da internacionalização acadêmica.
No dia 31 de janeiro, a UFGD marcou presença no seminário "Peuples Autochtones du Brésil et Recherches Académiques", realizado no Campus Condorcet, em Paris, como atividade inaugural do Ano do Brasil na Universidade Paris 8. O evento contou com a participação do Ministério das Relações Exteriores da França, da Embaixada do Brasil, do Ministério dos Povos Indígenas e de representantes da alta gestão de Paris 8. O Reitor da UFGD, além da fala na mesa de abertura, também integrou a mesa temática sobre o Mato Grosso do Sul, ao lado das docentes Cláudia Roma e Márcia Mizusaki. A professora Maria Aparecida Oliveira, diretora da Faculdade Intercultural Indígena (FAIND), participou de duas mesas - sobre povos indígenas brasileiros e sobre o acesso à universidade - ao lado de Eloy Terena, do Ministério dos Povos Indígenas (MPI). O chefe do ESAI participou da mesa sobre o Programa Guatá ao lado de sua idealizadora, Nadège Mezié, atualmente conselheira da presidência da FAPESP. Os três doutorandos da UFGD, além de participarem da mesa de apresentação do evento, protagonizaram a mesa redonda a respeito das experiências da mobilidade e das visões indígenas a respeito de educação e de pesquisa acadêmica. Cada um deles também organizou oficinas, em parceria com os diferentes integrantes da comitiva da UFGD. A realização do evento na capital francesa pela UFGD, em parceria com a Universidade de Paris 8, já integra as comemorações dos vinte anos da UFGD.
Nos dias 3 e 4 de fevereiro, a comitiva da UFGD, por meio de uma articulação do ESAI, foi convidada a participar do colóquio “Science Vivantes: perspectives autochtones dans le monde de la recherche et des arts”, realizado no prestigiado College de France. O evento reuniu pesquisadores e pesquisadoras indígenas do Sul Global, especialmente doutorandos do Brasil ligados ao Programa Guatá. Por isso, a UFGD marcou presença em várias mesas por meio dos doutorandos indígenas do PPGG que atualmente estão em Paris 8.
No último dia da missão da UFGD na capital francesa, a comitiva foi convidada por docentes da Paris 8 para realizar uma visita e uma reunião de trabalho no Centre Social Grand Air, em Montreuil, cidade conurbada à Paris. A região de Grand Air é o território de atuação do Centre Social, o qual, em parceria com ONGs, universidades e associações, se mobiliza para promover, articular e realizar atividades no bairro. Além disso, esse Centre, que é um equipamento público, também possui um setor de Relações Internacionais, por meio do qual se desenham parcerias com projetos de outros países, na área, por exemplo, de agroecologia urbana. Com isso, abriu-se a possibilidade em 2026 para ações no Brasil envolvendo a UFGD.
A missão, apoiada pelo MPI e pela Embaixada da França e ocorrida estrategicamente no Ano Diplomático Brasil-França, representou um marco para a UFGD, consolidando sua presença no cenário acadêmico internacional e reforçando o compromisso com a formação de lideranças indígenas. O intercâmbio cultural e educacional promovido pelo Programa Guatá se destaca como uma plataforma essencial para o fortalecimento das comunidades indígenas, contribuindo para a produção de conhecimento, para a construção de soluções inovadoras para desafios locais e globais e com alta capacidade de transbordamento para outras áreas de pesquisa dentro da UFGD.