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Agosto
29
2025

Seminário de Assuntos Estudantis da UFGD reforça a defesa da ciência e da universidade pública

  Atualizada: 29/08/2025
Universidades públicas são alvo da extrema-direita por reunirem pensamento crítico, ciência, democracia, diversidade e autonomia

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Mais de 850 estudantes de graduação e pós-graduação, professores e técnicos administrativos lotaram o Auditório Central da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) para participar da abertura do Seminário de Assuntos Estudantis, na noite desta quinta-feira (28/08).
 

Com o tema central “Em defesa da ciência e da universidade pública”, a mesa de abertura foi composta por representantes do Diretório Central de Estudantes (DCE), da Associação de Pós-Graduandos (APG), da Reitoria e da Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários e Estudantis da UFGD organizadores do evento — e pelo palestrante João Cezar de Castro Rocha (UERJ), que destacou a importância de a comunidade acadêmica lutar por políticas públicas que fortaleçam a universidade e a ciência.
 

Para o reitor Jones Goettert, “nossa missão é garantir cada vez mais a possibilidade de acesso à universidade, de ingresso, permanência e também de conclusão, seja nas graduações ou pós-graduações. Os estudantes são a razão da existência da instituição e, quando o DCE e a APG apresentam à reitoria uma série de demandas — mesmo que algumas ainda não possamos atender —, valorizamos esse processo, porque a construção da universidade tem de continuar sendo conjunta e coletiva, com espaços de diálogo e crítica. Só assim teremos de fato uma universidade pública, gratuita, de qualidade, inclusiva, diversa e de pertencimento”.
 

De acordo com o pró-reitor de Assuntos Comunitários e Estudantis, Fabiano Coelho, o evento concretiza o empenho da pró-reitoria em promover ações formativas e pedagógicas, que vão além das bolsas e auxílios financeiros. “Com este evento, queremos trazer a importância da ciência e da universidade pública para o centro do debate, refletindo que o lugar onde pisamos e tudo que usufruímos dentro da universidade são resultado de políticas públicas para a educação superior. Eu não consigo entender quando um estudante defende enxugar a máquina pública e reduzir os investimentos do Estado, mas almoça e janta todos os dias no Restaurante Universitário pagando um valor subsidiado, sem perceber que o RU é uma política pública, inclusive de segurança alimentar. Então, o tema nos leva a refletir sobre o lugar em que estamos e a necessidade de defendermos a universidade pública e as políticas públicas, entre elas, obviamente, a assistência estudantil”.
 

Como o encontro é um espaço de diálogo e reflexão sobre os desafios do cotidiano universitário, a representante da APG e mestranda em História, Evelyn Cruz de Oliveira, destacou as conquistas recentes da associação, como o direito à Moradia Estudantil, o Auxílio Emergencial e o subsídio para refeições no Restaurante Universitário. “A APG tem trabalhado com diversos setores da universidade, como o Conselho Universitário (COUNI), e também fora dela, para garantir direitos estudantis e levar o nome da UFGD para outros ambientes. Nós sabemos que a UFGD é referência quando se fala em ciência, educação e cultura. Então, fica o convite para os estudantes participarem do movimento estudantil, já que a UFGD é a nossa casa, e lutamos para que essa casa continue funcionando e apoiando os estudantes”.
 

A representante do DCE, Barbara Ianca Matos Toledo, ressaltou a representatividade dos estudantes na comunidade acadêmica e a importância de estarem mobilizados para buscar melhorias dentro e fora da instituição. “Em números, os estudantes representam cerca de 80% da UFGD. Somos aproximadamente 7 mil alunos, 645 professores e 1.000 técnicos. A UFGD é composta por pessoas diversas, vindas de diferentes lugares do Brasil, mas majoritariamente por estudantes. Estar na UFGD tem que ser um orgulho para nós. Precisamos defender a educação pública, gratuita e de qualidade para que ela vá além dos muros da universidade e sirva efetivamente ao povo. Devemos defendê-la com unhas e dentes”.
 

UNIVERSIDADES COMO ALVO DA EXTREMA DIREITA

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Após a mesa de abertura, o Seminário contou com a conferência do professor titular de Literatura Comparada da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), João Cezar de Castro Rocha, para a palestra “Em defesa da ciência e da universidade pública”. O pesquisador, reconhecido por seus estudos sobre retórica política e guerra cultural, explicou por que as universidades públicas são tratadas como o principal alvo do avanço transnacional da extrema-direita.

 

Segundo Castro Rocha, a lógica da chamada “guerra cultural” não busca o diálogo, mas sim a criação de inimigos simbólicos. Nesse contexto, as universidades se tornaram o “inimigo número 1” porque concentram os elementos que a extrema-direita procura enfraquecer: o pensamento crítico, a produção científica, a democracia, a diversidade e a autonomia. “Nós representamos o pensamento crítico. Temos a capacidade de decodificar os discursos e dizer exatamente como funciona a retórica do ódio, explicando com isso como a extrema direita transnacional conquista corações e mentes. Nós somos o antídoto da extrema direita transnacional, porque nós somos o pensamento crítico em potência”.

 

Entre os elementos estruturais da retórica da extrema-direita, apontou Castro Rocha, está o negacionismo climático, utilizado para mascarar os efeitos de um capitalismo predatório que se sustenta na ideia de acumulação infinita de riquezas, à custa da exploração predatória da natureza e do trabalho humano. Outra estratégia recorrente é a produção do que o pesquisador chama de “caos cognitivo”, em que a hiperpolitização de aspectos triviais da vida cotidiana serve, paradoxalmente, para promover a despolitização do espaço público. Dessa forma, a atenção da sociedade é desviada de debates centrais, e canalizada para disputas superficiais, transformadas em armas de mobilização emocional.
 

PROGRAMAÇÃO
 

A programação prossegue hoje (29/08), com a mesa “Ciência e Universidade Pública: dos negacionismos ao engajamento e compromisso social” pela manhã, e à tarde com a mesa “UFGD, diversidade e pertencimento”, que contará com egressos da instituição. O encerramento será com o show comemorativo aos 20 anos da UFGD, do cantor Péricles, no Parque Antenor Martins (Parque do Lago), organizado pela Coordenadoria de Cultura (COC/PROEC) da universidade.

Mais informações sobre o evento podem ser obtidas no site:
https://www.even3.com.br/seminarioassuntosestudantisufgd/

Jornalismo ACS/UFGD

 

 

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