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2019
Professor da UFGD prova que a Bacia Amazônica é a mais rica em diversidade de peixes do planeta
Pelo menos 2.716 espécies de peixes (1.696 endêmicas) vivem hoje na Bacia Amazônica. Esse é um dos principais resultados da pesquisa que revela que a Bacia Amazônica é, de longe, a mais rica em peixes do planeta, com mais que o dobro de espécies conhecidas da segunda colocada, no Rio Congo (1.250 espécies), na África.
As 2,7 mil espécies foram catalogadas em 529 gêneros, 60 famílias e 18 ordens por meio do trabalho de Fernando Dagosta, da Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais da UFGD, e de Mário da Pinna, do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP). A publicação científica está na edição de junho do Boletim do Museu de História Natural de Nova York, com o título: “The fishes of the Amazon: Distribution and biogeographical patterns, with a comprehensive list of species” (Os peixes da Amazônia: Distribuição e padrões biogeográficos com uma lista completa das espécies).
A pesquisa é resultado do doutorado feito por Fernando Dagosta no Museu de Zoologia da USP e foi indicada ao prêmio de melhor Tese da USP em 2017, mesmo ano em que Fernando ingressou na UFGD e deu continuidade aos estudos, finalizando a pesquisa somente em 2019, quando então pode publicá-la.
O trabalho teve como objetivo, pela primeira vez, listar quais são os peixes que vivem na Bacia Amazônica e organizar a distribuição das espécies dentro da bacia. Tendo isso em mãos, foi possível entender os padrões de distribuição de espécies de peixes na Amazônia.
Outro importante ponto que a pesquisa comprova é que mais da metade das espécies de peixes que vivem na Amazônia só existem lá. Ou seja, alterações ambientais na região podem levar a uma rápida e completa extinção dessas espécies, pois elas são exclusivas.
Para o professor Fernando Dagosta, isso reforça ainda mais a importância de se preservar a biodiversidade desse bioma. “Além de rica em termos de diversidade de peixes, a Bacia é também rica em termos de complexidade geológica, já que influenciou grandemente a diversificação dos peixes da região”, aponta o pesquisador.
Os dados analisados demonstram também que cada sub-bacia da Amazônia, por exemplo, Bacia do Rio Madeira, Tapajós, Xingu, Negro etc, se encaixa em mais de um padrão biogeográfico. “Isso significa que as delimitações atuais das bacias hidrográficas na Amazônia dizem muito pouco sobre o passado delas. Com isso, para entendermos melhor como, quando e porque cada espécie de peixe está na Bacia Amazônica é preciso compreender os processos geomorfológicos e entender as mudanças na paisagem amazônica ao longo de milhões de anos”, afirma Fernando Dagosta, sugerindo caminhos para outras pesquisas.
Para conferir a íntegra da publicação científica no Boletim do Museu de História Natural de Nova York acesse: http://digitallibrary.amnh.org/handle/2246/6940