26
2018
No Dia Nacional dos Surdos, UFGD comemora capacitando profissionais em Libras
No dia 26 de setembro é celebrado, no Brasil, o Dia Nacional dos Surdos. A data é uma homenagem à criação da primeira escola no país direcionada a esse segmento da população, o Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines). A instituição foi fundada no Rio de Janeiro em 26 de setembro de 1857 e é considerada um centro de referência nacional na área da surdez.
De lá pra cá, muitos avanços foram alcançados, mas as pessoas surdas continuam sendo excluídas do convívio social e um dos principais desafios é a implantação da educação bilíngue Língua Portuguesa-Libras. A Língua Brasileira de Sinais foi oficializada no país em 2002 e instituiu a presença de um tradutor ou intérprete de línguas em diversos espaços. Dezesseis anos depois, a quantidade de profissionais capacitados para atuar em sala de aula continua escassa.
Diante desse cenário, visando contribuir para a formação de professores especializados e também para a inclusão de pessoas surdas, a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) é uma das únicas do país que oferece os cursos de licenciatura e bacharelado em Letras com habilitação em Libras. Em 2018, o curso formou sua primeira turma, colocando 47 novos profissionais no mercado de trabalho, sendo 9 deles surdos. Hoje, somadas as duas turmas em andamento, são 54 estudantes, todos surdos.
Para Ana Paula Oliveira e Fernandes, coordenadora do curso, o maior desafio ainda é a luta e valorização da Língua de Sinais. “Precisamos lutar pela criação da disciplina de Libras nas escolas de ensino regular e pela ampliação da formação de bacharéis em Tradução e Interpretação de Libras, pois há uma carência muito grande nessa área”, defende a professora. Ana Paula é a primeira mestre surda a ser formada pelo Programa de Pós-graduação em Letras da Faculdade de Comunicação, Artes e Letras (FACALE-UFGD), primeira docente surda da Universidade e vice-diretora da Faculdade de Educação a Distância (EaD-UFGD).
Sobre o curso
O curso na UFGD é na modalidade a distância e o ingresso se dá por vestibular próprio. Os egressos serão profissionais capacitados para atuar como tradutores e intérpretes de Libras tanto na área de educação como em diversos setores de atendimento, seja no serviço público ou privado.
Para fazer o curso, não é necessário conhecer a Língua Brasileira de Sinais. O principal requisito é ter concluído o Ensino Médio. O curso tem duração de 4 anos, e a maior parte das aulas acontecerão pela internet. Haverá pelo menos um encontro por mês. Atualmente o curso é oferecido na sede da UFGD em Dourados e no Polo UAB (Universidade Aberta do Brasil) de Rio Brilhante.
Até o dia 19 de outubro, estão abertas as inscrições para o Vestibular 2019 do curso de bacharelado em Letras-Libras. No total, são oferecidas 30 vagas, disponíveis tanto para pessoas surdas quanto para ouvintes. Saiba mais em: https://cs.ufgd.edu.br/vestibular/ead2019.
Inclusão e acessibilidade na UFGD
A UFGD possui, ainda, em sua estrutura, o Núcleo Multidisciplinar para Inclusão e Acessibilidade (NuMIAc), órgão que visa oferecer um serviço de orientações específicas aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, ou seja, o público-alvo da Educação Especial matriculado na Universidade.
De acordo com a coordenação, hoje o NuMIAc atende aproximadamente 10 alunos com surdez ou baixa audição em graduações que não a Letra-Libras, mas o número de pessoas que necessitam de atendimento especial pode ser ainda maior, pois há casos em que o estudante não sabe que pode procurar o Núcleo.
O trabalho vem sendo desenvolvido de acordo com as demandas que chegam até a coordenação, através da adequação de materiais, disponibilização de ferramentas e softwares específicos e capacitação com orientação pedagógica a professores dos cursos. Saiba mais: https://www.ufgd.edu.br/setor/numiac/index.
A Faculdade de Educação a Distâncida da UFGD envia um recado aos estudantes de Letras-Libras:
Fique atento!
A expressão surdo-mudo não deve mais ser utilizada para designar uma pessoa que não ouve. Já foi comprovado por médicos e pesquisadores que o aparelho fonador do surdo é exatamente igual ao dos ouvintes. Ficou confirmado que a maioria dos surdos não fala porque não pode reproduzir sons que desconhece. Portanto, o termo correto é pessoa surda. Para quem ainda tem curiosidade, a professora Ana Paula indica a leitura: https://psicologiaacessivel.net/2016/10/26/entenda-porque-o-termo-surdo-mudo-nao-deve-ser-utilizado/.