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Outubro
26
2017

Fertipet é a primeira inovação criada e patenteada por meio da UFGD

  Atualizada: 26/10/2017
Professor da UFGD criou dispositivo barato e simples, que melhora e facilita a aplicação de fertilizantes em hortas comerciais e residenciais

Em seus experimentos com hortaliças, o professor Guilherme Augusto Bíscaro estava com uma dificuldade. Ele precisava de um injetor de fertilizantes, para distribuir de maneira mais uniforme e eficaz as substâncias necessárias para auxiliar o desenvolvimento das plantas. No entanto, para conseguir o equipamento seria necessário escrever um projeto, submeter a uma agência de fomento, ter o  projeto aceito, passar pelos trâmites burocráticos de aquisição da máquina... e tudo isso levaria alguns meses.
A necessidade e a urgência aguçaram a criatividade do docente e pesquisador. Assim, ele colocou a mão na massa e experimentou fazer o seu próprio injetor de fertilizante, usando um material corriqueiro: garrafas PET de refrigerante. “Buscando reproduzir um injetor comercial, eu comecei a pensar em qual tipo de recipiente aguentaria a pressão da água. Mas tinha que ser um produto de valor acessível, diferentemente dos injetores que existem no mercado, que são caros e cujo manuseio apresenta limitações. Então, eu lembrei de garrafas de refrigerante, que suportam alta pressão, são acessíveis. Fiz alguns testes e cheguei em um resultado satisfatório”, conta o professor Guilherme, que atualmente é o diretor da Faculdade de Ciências Agrárias (FCA/UFGD).
Desde 2009 até agora, o Fertipet (como foi batizado o mecanismo) já foi usado em experimentos de cultivos variados: cenoura, cebola, amendoim, alface, berinjela, entre outros. “Quem planta hortaliças, seja um pequeno produtor rural ou até quem tem uma horta em casa, pode fazer esse dispositivo, para irrigar e fertilizar as plantas simultaneamente. O mecanismo poupa tempo, e ainda garante que o fertilizante será melhor aproveitado pela planta. Além disso, é de baixo custo, pois o investimento adicional é das mangueiras que custam 3 reais o metro, o suficiente para fazer pelo menos duas Fertipet. A garrafa pode ser reaproveitada e por isso não tem custo algum”, explica o docente.
Inovação pode ser simples
A invenção do professor Guilherme recentemente foi patenteada como modelo de utilidade. Esse tipo de patente de aplica para quando uma pessoa aperfeiçoa uma invenção que já existe. O depósito de patente aconteceu em 2010, e foi feito com assessoria no Núcleo de Inovação e Propriedade Intelectual (NIPI/UFGD). 
Após todos protocolos cumpridos, em 2017 a patente foi registrada. “Demorou, mas valeu a pena. Muitas vezes, imaginamos que para fazer inovação e desenvolver um projeto ou ideia será necessário muito investimento, materiais caros, laboratórios sofisticados. Na verdade, o fundamental para que haja inovação e ciência é formar mais pesquisadores”, diz o professor salientando a importância de se manter e aumentar os recursos para os mestrados e doutorados nas Instituições de Ensino Superior (IES).
Pesquisa voltada para a realidade do produtor
Além de resolver uma questão do seu campo experimental, o que também motivou Guilherme a inventar a Fertipet era o fato de que os equipamentos de injeção disponíveis no mercado não eram compatíveis com a realidade dos produtores rurais.
“Apesar de contribuir para uma maior produtividade nas hortas, os sistemas de fertirrigação ainda não são amplamente usados. Os injetores são pouquíssimo utilizados por horticultores – em especial os pequenos produtores rurais. Isso porque entre os equipamentos disponíveis no mercado, a maior parte dos modelos é de alto custo. O injetor mais barato tem outro inconveniente: só funciona com maiores vazões de água, o que na prática significa que só pode ser usado em áreas maiores. Era necessário inventar um injetor de baixo custo, fácil de usar, e que se aplicasse às pequenas hortas”, relata Guilherme.
Ao produzir experiências com um injetor de fertilizante comercial, os pesquisadores estariam estudando modelos de produção pouco aplicáveis à realidade dos horticultores de Mato Grosso do Sul. Com a inovação de Guilherme, os experimentos realizados por mestrandos, doutorandos e professores da UFGD podem ser reproduzidos por qualquer horticultor.
Em breve, o professor Guilherme vai orientar uma pesquisa que será base para a tese de doutorado especificamente sobre a calibragem das taxas de injeção/vazão e os resultados do uso da Fertipet.
Inovação na UFGD
Desde 2010, quando foi criado o NIPI, já foram realizados 17 depósitos de pedido de patente; sete registros de programa de computador; cinco depósitos de pedido de patente em parceria com outras universidades (UNICAMP, UFMS, UFPR); e um registro de programa de computador transferido por cessão para o Instituto Federal de Goiás (IFG). O Fertipet é a primeira patente já concedida, mas em breve outras inovações desenvolvidas na UFGD devem ter seu registro de patente aprovado. 



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