acessibilidade

Início do conteúdo da página
Outubro
21
2014

ENTREVISTA: Emídio Cantídio, ex-diretor da CAPES, na UFGD

  Atualizada: 21/10/2014

A ACS entrevistou na manha desta terça-feira (21/10), o professor doutor Emídio Cantídio, docente da Universidade Federal Rural do Pernambuco, que esteve em Dourados para a abertura do I Encontro de Pós-Graduandos da UFGD. Durante cinco anos, o professor foi Diretor de Programas e Bolsas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES. Ele também foi reitor da UFRPE por dois mandatos e hoje é assessor especial da reitoria da mesma instituição. Em Dourados, além de palestrante, o docente veio ainda apresentar o Programa de Apoio à Consolidação e ao Avanço da Qualidade da Pós-Graduação para a administração central da UFGD.

Como funciona o programa?

Ele está sendo implementado em quatro universidades brasileiras, na Federal da Amazônia, do Maranhão, Rural de Pernambuco e Federal de Alagoas. Ele tem finalidade e como meta fazer com que os Programas de Pós-Graduação das instituições subam de nível, passando de 3 para 4, de 4 para 5, de 5 para 6 e também que sejam criadas condições para cursos de doutorado. O Programa é composto de diversos subprogramas e o principal deles é acompanhamento, com comissão externa que faz avaliação pontual dos cursos. Ao final dessa atividade, junto com professores e alunos, fazemos uma série de sugestões para que os cursos desenhem seu modelo de crescimento, com metas concretas, fazendo com que isso seja um compromisso entre o Programa e a universidade.

Qual a sua avaliação da qualidade da Pós-Graduação no Brasil?

A pergunta é muito ampla. O Brasil tem um sistema único no mundo, o Sistema Nacional de Pós-Graduação, que obedece a critérios rigorosos de qualidade, coordenado pela CAPES e acompanhada por mais de mil pesquisadores do país inteiro, que fazem avaliação trienal que vão de 3 a 7. Buscamos com a proposta chegar nos índices 6 e 7, ao longo de uma década, que seria mais rápido do que é a média hoje do país.

Procede a avaliação feita pela comunidade externa de que algumas pesquisas ficam longe da realidade de aplicabilidade?

Essa é uma pergunta que sempre vem a tona e acredito que temos que separar bem isso, no que se faz em termos de pesquisa. A busca da ciência pelo pesquisador é algo que tem que ser dada ampla liberdade, ele não pode ser uma pessoa que tem que fazer alguma coisa que vai resultar num produto, num processo. Há pessoas de vários quilates, as que aprofundam o conhecimento, que descobrem os fundamentos da ciência, e existem aquelas que transformam esse conhecimento em algo prático, e temos que respeitar o trabalho das duas. O que falha no Brasil é a falta de política pública para o desenvolvimento da inovação e isso é uma outra questão. Qual o tempo da pesquisa básica, qual o tempo que se sai dessa pesquisa e chega na prateleira. Alguns países têm isso mais rápido, bem melhor desenhado. 

Em que área o Brasil tem avançado?

A gente tem dado solução muito importante para a área da Saúde, como para as doenças tropicais, nesse caso nós somos os melhores do mundo. Na área de Agrárias, somos fantasticamente bem, ninguém no mundo é melhor do que o Brasil, ainda mais nessa região do Cerrado, que tem qualidade da produção agrícola altamente tecnificada e com baixo dano ao solo, com controle biológico de pragas e etc. Vale ressaltar o apoio da Embrapa, lembrando que esse pessoal também passou pela universidade. Então, a universidade e instituições fazem chegar no produtor a coisa prática e isso é um processo muito dinâmico.

E como o senhor avalia o Programa Ciências Sem Fronteiras?

Ele é um programa completo em termos de apoio. Ele focou no envio dos alunos na graduação sanduíche, porque o Brasil tinha muito pouca mobilidade estudantil. Uma coisa é você estar num país continental como o Brasil e outra coisa é estar em Portugal, pegar um trem, e em algumas horas depois, estar na Espanha, na França, na Áustria, na Bélgica. O Brasil precisava que esse aluno começasse a pensar globalmente, e mandar esses meninos para tudo quanto é lugar no mundo. Hoje temos alunos na China, Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos, Canadá, países Europeus, e isso foi algo muito importante. O Ciências Sem Fronteiras é muito exitoso no atendimento de suas metas, mas é claro que sempre tem os seus 2% que dá errado, mas a grande maioria aproveita muito e tem estímulo. Além disso, o programa é democrático e atende qualquer aluno seja ele de uma federal, de uma estadual, de uma particular, não se pretere ninguém independentemente da posição administrativa da instituição. O que vale para o programa é a qualidade do aluno e, nesse aspecto, ele é um programa muito bem desenhado. São investimentos que têm que existir, na graduação ele é excelente e na pós-graduação também. Hoje não tem nenhum aluno de doutorado que faz sanduíche no exterior sem bolsa, em qualquer área. E no pós-doutorado também, seja ele de que área for, de início de carreira, pediu vai. Realmente, o Ciências Sem Fronteiras é um programa vitorioso. 




    Fotos