Início do conteúdo da página
Maio
02
2017
02
2017
ENTREVISTA DO MÊS: Simples e eficaz, a correta higiene das mãos fortalece o cuidado seguro
Atualizada: 02/05/2017
Enfermeira do HU-UFGD fala sobre a importância do hábito para a promoção da saúde, tanto em âmbito hospitalar como em casa
Apesar de simples e corriqueiro, o ato de higienizar as mãos tem se tornado foco de mobilizações mundo afora, principalmente em ações voltadas aos profissionais de saúde. A relevância dada ao tema se justifica pela fundamental importância dessa higiene na manutenção dos ambientes de atenção à saúde como locais seguros, tanto para os trabalhadores como para pacientes e acompanhantes.
Embora o hábito de lavar as mãos seja cotidiano atualmente, a descoberta científica de sua importância data de pouco mais de 150 anos, quando o médico húngaro Ignaz Philip Semmelweis comprovou a relação de casos de mortalidade em mulheres que acabavam de dar à luz ao fato de que os médicos que as atendiam saiam diretamente da sala de autópsia para a de obstetrícia, sem higienizar as mãos. A partir daí, ele passou a insistir que estudantes e profissionais lavassem suas mãos com solução clorada, comprovando a hipótese: em um mês, a taxa de mortalidade caiu de 12,2 para 1,2%.
A conscientização para a prática, tão básica e fundamental na prevenção e redução de infecções, agora é reforçada globalmente no dia 5 de maio, Dia Mundial de Higienização das Mãos, no qual a Organização Mundial da Saúde (OMS) propõe uma jornada de mobilizações.
Para falar sobre o assunto e alertar a população sobre a importância da correta higienização das mãos, a entrevistada do mês é a enfermeira Angela Mendonça de Souza, coordenadora do Núcleo de Segurança do Paciente do Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD).
Especialista em Enfermagem Cirúrgica e Terapia Intensiva, a profissional explica o passo a passo de uma higienização adequada e em que momentos deve ser aplicada, na rotina de casa e, também, no dia a dia dos profissionais de saúde.
Confira a entrevista completa, realizada pela Unidade de Comunicação Social do HU-UFGD:
UCS/HU-UFGD – Por que o ato de higienizar as mãos, já corriqueiro na cultura ocidental, tem se tornado pauta frequente de discussões e campanhas de conscientização na área da saúde, inclusive com dedicação efetiva da Organização Mundial da Saúde?
Angela – A higienização das mãos é uma ação simples e muito eficaz para redução de infecções, além de aumentar a segurança de pacientes e de profissionais em todos os ambientes de assistência à saúde, seja no hospital ou no atendimento em consultórios. As mãos são consideradas as principais ferramentas dos profissionais que atuam nos serviços de saúde, pois são as executoras das atividades realizadas. A pele, no entanto, pode carregar uma infinidade de micro-organismos que podem ser transferidos em contato direto (pele com pele) ou indireto (por toque em objetos ou superfícies contaminadas). Assim, uma higienização cuidadosa e frequente das mãos fortalece um cuidado seguro. É importante que todos os profissionais que trabalham em serviços de saúde ou que atuam na manipulação de medicamentos, alimentos e material estéril ou contaminado realizem a correta higienização. Recomenda-se, também, que familiares, acompanhantes e visitantes higienizem as mãos antes e após contato com o paciente, nos serviços de saúde.
UCS/HU-UFGD – Por que atualmente se usa a expressão “higienizar” ao invés de “lavar”? Há diferenças entre as duas práticas? Se sim, quais são?
Angela – A “higienização” das mãos se entende como algo mais abrangente, pois além do uso da água e do sabão também se podem empregar produtos à base de álcool ou outros antissépticos que auxiliam na remoção dos germes, principalmente os micro-organismos multirresistentes comuns nas unidades hospitalares. Tanto a higienização com água e sabão, quanto o uso de soluções antissépticas, como o álcool gel, são eficazes. Porém, na presença de sujidade visível ou após a manipulação de secreções ou fluídos, sempre se dá preferência para o uso de água e sabão. É importante destacar que, mesmo com o uso de luvas, a higienização das mãos deve ser feita sempre que o profissional de saúde tocar o paciente ou o ambiente ao redor.
UCS/HU-UFGD – A maioria das pesquisas demonstra que, no dia a dia, as pessoas apenas lavam as mãos e de forma superficial. Como deve ser feita a correta higienização das mãos, principalmente na área de saúde (envolvendo profissionais e visitantes/acompanhantes)? Além de água e sabão, é indicado o uso de alguma outra substância nesse processo? Existem técnicas adequadas?
Angela – Apesar de ser um processo simples, a higienização das mãos, para ser efetiva, deve atingir todas as partes das mãos. É necessário fazer fricção (esfregar) e respeitar as etapas, o tempo necessário, a quantidade de vezes necessárias e a qualidade do produto a ser utilizado. Nenhuma parte pode ser esquecida. Uma boa higienização das mãos deve obedecer os seguintes passos: 1. Para a higiene com água e sabão > Molhe as mãos com água > Aplique na palma da mão em forma de concha a quantidade de sabonete (de preferência líquido) suficiente para cobrir toda a superfície das mãos > Ensaboe as palmas das mãos friccionando-as entre si > Esfregue a palma e o dorso das mãos, entre os dedos e sob as unhas, polegares e os punhos > Enxague bem as mãos com água. Seque as mãos com papel absorvente. 2. Para a higienizar com álcool gel > Aplique na palma da mão em forma de concha a quantidade de álcool líquido suficiente para toda a superfície das mãos > Espalhe nas palmas das mãos friccionando-as entre si > Esfregue a palma e o dorso das mãos, entre os dedos e sob as unhas, polegares e os punhos > Com o uso de álcool gel não é preciso enxaguar e nem secar com papel toalha. Muitas pessoas se esquecem de retirar adornos, como anéis, relógios e pulseiras, antes de iniciar a limpeza das mãos. Sob esses objetos, frequentemente, acumulam-se micro-organismos, o que impede a realização da técnica adequada de higienização das mãos.
UCS/HU-UFGD – Em casa, em que momentos é necessário lavar as mãos? E em unidades de saúde, quando os profissionais, acompanhantes e visitantes devem fazer a higienização?
Angela – Em casa: Antes, durante e depois do preparo de qualquer alimento; antes de tocar em qualquer coisa que vá à boca do bebê; antes e depois de tocar numa pessoa doente; após coçar ou assoar o nariz; antes e depois das refeições; após ir ao banheiro; antes e depois de tratar algum machucado ou ferimento; depois de trocar fraldas ou ajudar uma criança a se limpar; depois de tocar, alimentar ou limpar um animal; depois de manipular a comida ou os objetos dos animais de estimação e depois de tocar no lixo. No hospital: Ao chegar no quarto do paciente para visita (para não trazer micro-organismos de fora), antes e depois do contato com ele e ao sair do quarto. Caso o acompanhante ou o familiar estiver auxiliando no cuidado ao paciente, é necessário higienizar as mãos antes e depois do contato. Pacientes e acompanhantes também podem lembrar ao profissional de saúde sobre higienizar as mãos, pois na correria das tarefas essas falhas podem acontecer. Não se trata em chamar a atenção de forma rude, pois o paciente deve ser a prioridade no cuidado seguro. Existem, inclusive, cinco momentos preciosos para o profissional proceder a higienização das mãos: 1. Antes do contato com o paciente, mesmo que para um simples aperto de mão, pois o mesmo profissional pode ter tido contato com outro paciente antes. 2. Antes e depois de realizar procedimentos no paciente, como um curativo, por exemplo. Mesmo que utilize luvas, ele deve higienizar as mãos antes e depois. 3. Após a manipulação de fluídos ou secreções, mesmo que tenha usado luvas, pois durante a retirada das luvas ele pode se contaminar com fezes e urina, por exemplo. 4. Depois do contato com o paciente. 5. Após o contato com ambiente próximo do paciente, mesmo que seja para algo simples como desligar a bomba de infusão.
UCS/HU-UFGD – Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, infecções relacionadas à assistência à saúde afetam milhões de pacientes e têm um impacto significativo nos usuários e nos sistemas de saúde em todo o mundo. Além da higienização das mãos que outras medidas simples devem ser adotadas para reduzir esses índices?
Angela – As Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) atendem prontamente a essa finalidade, pois, em conjunto com os profissionais da saúde, procedem na adoção de condutas e precauções padrões e na implementação de estratégias de educação permanente aos trabalhadores, a fim de melhorar suas ações, a assistência e a sobrevida dos pacientes. Exemplos de medidas: precaução padrão, precaução de contato – quando existe histórico do paciente com bactérias multirresistentes ou também na suspeita –, precauções respiratórias, prevenção de acidentes com materiais perfurocortantes, descontaminação do ambiente após a alta do paciente, limpeza, desinfecção ou esterilização de todos os artigos e equipamentos antes de serem utilizados em outro paciente e estímulo ao uso racional de antimicrobianos (medicamentos como antibióticos, por exemplo), que dentro de um estabelecimento de saúde tem como objetivo evitar ou minimizar o fenômeno da multirresistência bacteriana.
Fonte: Unidade de Comunicação HU-UFGD
Embora o hábito de lavar as mãos seja cotidiano atualmente, a descoberta científica de sua importância data de pouco mais de 150 anos, quando o médico húngaro Ignaz Philip Semmelweis comprovou a relação de casos de mortalidade em mulheres que acabavam de dar à luz ao fato de que os médicos que as atendiam saiam diretamente da sala de autópsia para a de obstetrícia, sem higienizar as mãos. A partir daí, ele passou a insistir que estudantes e profissionais lavassem suas mãos com solução clorada, comprovando a hipótese: em um mês, a taxa de mortalidade caiu de 12,2 para 1,2%.
A conscientização para a prática, tão básica e fundamental na prevenção e redução de infecções, agora é reforçada globalmente no dia 5 de maio, Dia Mundial de Higienização das Mãos, no qual a Organização Mundial da Saúde (OMS) propõe uma jornada de mobilizações.
Para falar sobre o assunto e alertar a população sobre a importância da correta higienização das mãos, a entrevistada do mês é a enfermeira Angela Mendonça de Souza, coordenadora do Núcleo de Segurança do Paciente do Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD).
Especialista em Enfermagem Cirúrgica e Terapia Intensiva, a profissional explica o passo a passo de uma higienização adequada e em que momentos deve ser aplicada, na rotina de casa e, também, no dia a dia dos profissionais de saúde.
Confira a entrevista completa, realizada pela Unidade de Comunicação Social do HU-UFGD:
UCS/HU-UFGD – Por que o ato de higienizar as mãos, já corriqueiro na cultura ocidental, tem se tornado pauta frequente de discussões e campanhas de conscientização na área da saúde, inclusive com dedicação efetiva da Organização Mundial da Saúde?
Angela – A higienização das mãos é uma ação simples e muito eficaz para redução de infecções, além de aumentar a segurança de pacientes e de profissionais em todos os ambientes de assistência à saúde, seja no hospital ou no atendimento em consultórios. As mãos são consideradas as principais ferramentas dos profissionais que atuam nos serviços de saúde, pois são as executoras das atividades realizadas. A pele, no entanto, pode carregar uma infinidade de micro-organismos que podem ser transferidos em contato direto (pele com pele) ou indireto (por toque em objetos ou superfícies contaminadas). Assim, uma higienização cuidadosa e frequente das mãos fortalece um cuidado seguro. É importante que todos os profissionais que trabalham em serviços de saúde ou que atuam na manipulação de medicamentos, alimentos e material estéril ou contaminado realizem a correta higienização. Recomenda-se, também, que familiares, acompanhantes e visitantes higienizem as mãos antes e após contato com o paciente, nos serviços de saúde.
UCS/HU-UFGD – Por que atualmente se usa a expressão “higienizar” ao invés de “lavar”? Há diferenças entre as duas práticas? Se sim, quais são?
Angela – A “higienização” das mãos se entende como algo mais abrangente, pois além do uso da água e do sabão também se podem empregar produtos à base de álcool ou outros antissépticos que auxiliam na remoção dos germes, principalmente os micro-organismos multirresistentes comuns nas unidades hospitalares. Tanto a higienização com água e sabão, quanto o uso de soluções antissépticas, como o álcool gel, são eficazes. Porém, na presença de sujidade visível ou após a manipulação de secreções ou fluídos, sempre se dá preferência para o uso de água e sabão. É importante destacar que, mesmo com o uso de luvas, a higienização das mãos deve ser feita sempre que o profissional de saúde tocar o paciente ou o ambiente ao redor.
UCS/HU-UFGD – A maioria das pesquisas demonstra que, no dia a dia, as pessoas apenas lavam as mãos e de forma superficial. Como deve ser feita a correta higienização das mãos, principalmente na área de saúde (envolvendo profissionais e visitantes/acompanhantes)? Além de água e sabão, é indicado o uso de alguma outra substância nesse processo? Existem técnicas adequadas?
Angela – Apesar de ser um processo simples, a higienização das mãos, para ser efetiva, deve atingir todas as partes das mãos. É necessário fazer fricção (esfregar) e respeitar as etapas, o tempo necessário, a quantidade de vezes necessárias e a qualidade do produto a ser utilizado. Nenhuma parte pode ser esquecida. Uma boa higienização das mãos deve obedecer os seguintes passos: 1. Para a higiene com água e sabão > Molhe as mãos com água > Aplique na palma da mão em forma de concha a quantidade de sabonete (de preferência líquido) suficiente para cobrir toda a superfície das mãos > Ensaboe as palmas das mãos friccionando-as entre si > Esfregue a palma e o dorso das mãos, entre os dedos e sob as unhas, polegares e os punhos > Enxague bem as mãos com água. Seque as mãos com papel absorvente. 2. Para a higienizar com álcool gel > Aplique na palma da mão em forma de concha a quantidade de álcool líquido suficiente para toda a superfície das mãos > Espalhe nas palmas das mãos friccionando-as entre si > Esfregue a palma e o dorso das mãos, entre os dedos e sob as unhas, polegares e os punhos > Com o uso de álcool gel não é preciso enxaguar e nem secar com papel toalha. Muitas pessoas se esquecem de retirar adornos, como anéis, relógios e pulseiras, antes de iniciar a limpeza das mãos. Sob esses objetos, frequentemente, acumulam-se micro-organismos, o que impede a realização da técnica adequada de higienização das mãos.
UCS/HU-UFGD – Em casa, em que momentos é necessário lavar as mãos? E em unidades de saúde, quando os profissionais, acompanhantes e visitantes devem fazer a higienização?
Angela – Em casa: Antes, durante e depois do preparo de qualquer alimento; antes de tocar em qualquer coisa que vá à boca do bebê; antes e depois de tocar numa pessoa doente; após coçar ou assoar o nariz; antes e depois das refeições; após ir ao banheiro; antes e depois de tratar algum machucado ou ferimento; depois de trocar fraldas ou ajudar uma criança a se limpar; depois de tocar, alimentar ou limpar um animal; depois de manipular a comida ou os objetos dos animais de estimação e depois de tocar no lixo. No hospital: Ao chegar no quarto do paciente para visita (para não trazer micro-organismos de fora), antes e depois do contato com ele e ao sair do quarto. Caso o acompanhante ou o familiar estiver auxiliando no cuidado ao paciente, é necessário higienizar as mãos antes e depois do contato. Pacientes e acompanhantes também podem lembrar ao profissional de saúde sobre higienizar as mãos, pois na correria das tarefas essas falhas podem acontecer. Não se trata em chamar a atenção de forma rude, pois o paciente deve ser a prioridade no cuidado seguro. Existem, inclusive, cinco momentos preciosos para o profissional proceder a higienização das mãos: 1. Antes do contato com o paciente, mesmo que para um simples aperto de mão, pois o mesmo profissional pode ter tido contato com outro paciente antes. 2. Antes e depois de realizar procedimentos no paciente, como um curativo, por exemplo. Mesmo que utilize luvas, ele deve higienizar as mãos antes e depois. 3. Após a manipulação de fluídos ou secreções, mesmo que tenha usado luvas, pois durante a retirada das luvas ele pode se contaminar com fezes e urina, por exemplo. 4. Depois do contato com o paciente. 5. Após o contato com ambiente próximo do paciente, mesmo que seja para algo simples como desligar a bomba de infusão.
UCS/HU-UFGD – Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, infecções relacionadas à assistência à saúde afetam milhões de pacientes e têm um impacto significativo nos usuários e nos sistemas de saúde em todo o mundo. Além da higienização das mãos que outras medidas simples devem ser adotadas para reduzir esses índices?
Angela – As Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) atendem prontamente a essa finalidade, pois, em conjunto com os profissionais da saúde, procedem na adoção de condutas e precauções padrões e na implementação de estratégias de educação permanente aos trabalhadores, a fim de melhorar suas ações, a assistência e a sobrevida dos pacientes. Exemplos de medidas: precaução padrão, precaução de contato – quando existe histórico do paciente com bactérias multirresistentes ou também na suspeita –, precauções respiratórias, prevenção de acidentes com materiais perfurocortantes, descontaminação do ambiente após a alta do paciente, limpeza, desinfecção ou esterilização de todos os artigos e equipamentos antes de serem utilizados em outro paciente e estímulo ao uso racional de antimicrobianos (medicamentos como antibióticos, por exemplo), que dentro de um estabelecimento de saúde tem como objetivo evitar ou minimizar o fenômeno da multirresistência bacteriana.
Fonte: Unidade de Comunicação HU-UFGD