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ENTREVISTA - Sistemas Agroflorestais como alternativa sustentável
Atualizada: 22/03/2018
Ela é mestre em Agronegócios pela UFGD e segue para fazer o doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Gabrielli do Carmo Martinelli pesquisou a viabilidade econômica e ambiental de cinco sistemas agroflorestais biodiversos localizados no município de Bonito, contribuindo para a redução do uso de agrotóxicos e desmatamento, bem como para a geração de renda de agricultores familiares.
A dissertação de Gabrielli, intitulada “Sistemas Agroflorestais Biodiversos: Uma análise sob a perspectiva ambiental e econômica”, teve orientação da profesosra Madalena Maria Schlindwein e co-orientação dos professores Milton Parron Padovan e Régio Márcio Toesca Gimenes.
1) Os Sistemas Agroflorestais (SAF´s) são uma alternativa sustentável frente aos impactos negativos da monocultura?
Sim. Os sistemas agroflorestais são considerados práticas agrícolas sustentáveis por assemelhar o processo produtivo aos de uma floresta (ecossistema natural). Esses sistemas, por consorciarem diversas culturas agrícolas e arbóreas em um mesmo espaço simultaneamente, contribuem para minimizar a utilização de agrotóxicos e o desmatamento, promovendo a conservação de recursos naturais, bem como podem gerar renda principalmente aos agricultores familiares. Ao contrário da agricultura convencional, a agroflorestal é um tipo de manejo de uso da terra que tende a diminuir a degradação do solo evitando a queda produtiva. Ainda, serve como adubo verde, diminuindo as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) pelo elevado potencial em sequestrar carbono pelas árvores por meio da fotossíntese.
2) Como a sua pesquisa consegue mostrar a viabilidade econômica e ambiental dos SAFs?
Simplesmente por utilizar metodologias quantitativas adequadas e robustas possíveis de mensurarem o desempenho ambiental e econômico desses sistemas. Com a aplicação da ferramenta Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), foi possível verificar o desempenho ambiental de cinco sistemas agroflorestais biodiversos localizados no município de Bonito, região Centro Oeste do Mato Grosso do Sul, por meio de medições e entrevistas semiestruturadas. Sendo verificado o total de sequestro de carbono presente na biomassa viva (acima e abaixo do solo), serapilheira e solo, bem como todas as emissões provenientes do manejo produtivo nas seguintes etapas: produção de mudas e preparo do solo. Assim, foi possível verificar que os Sistemas emitem quantidades insignificantes de gases causadores do efeito estufa para o ambiente.
Quanto a viabilidade econômica, por meio da utilização das técnicas aplicadas de investimentos, foi elaborado um arranjo agroflorestal biodiverso, sendo possível verificar ao longo de 20 anos o retorno provável de um investimento para um hectare de terra, caso considere as seguintes culturas anuais e bianuais: feijão caupi, feijão comum, milho verde, abacaxi havaí e mandioca. Juntamente com a interação de espécies perenes e semi-perenes como: banana, mamão, tangerina poncã, limão taiti, coco anão, laranja pera.
3) Quem quer fazer um SAF precisa ter um perfil específico, ou seja, é preciso ser agricultor familiar?
Qualquer produtor rural pode implantar um sistema agroflorestal, desde que possua mão de obra especializada necessária para o manejo do sistema, além de recursos próprios ou de terceiros. Esse tipo de prática agrícola é recomendado principalmente para pequenos produtores rurais, ideal em assentamentos agrícolas, pois pode promover a diversificação da produção e aumento de renda, podendo utilizar a mão de obra familiar minimizando gastos externos à propriedade. Porém não limita o grande latifundiário em aderir a esse tipo de sistema.
4) O sistema pode ser rentável mesmo para quem não possui propriedade?
Sim. Inclusive demonstrou-se isso no trabalho, por meio de duas situações simuladas: Situação I – produtor rural sem propriedade; e Situação II – produtor rural com propriedade. Ambos obtiveram retornos positivos, sendo viáveis economicamente. Claro que para o produtor que possui propriedade o montante investido será recuperado em um menor período quando comparado àquele que precisa desembolsar capital para adquirir a terra.
5) Qual é a importância para a conservação da biodiversidade?
Os sistemas agroflorestais valorizam a biodiversidade, bem como recuperam áreas marcadas intensamente por ações antrópicas, pois promovem variedades de formas de vida por intermédio da multiplicidade de indivíduos em um mesmo espaço, sendo contributivo para a ascensão de fatores bióticos e abióticos. Assim, quando se reduz a biodiversidade (fauna e flora) no planeta, afeta-se a autoregulação e contribui-se para perdas ambientais, tornando-se o espaço mais vulnerável a eventos naturais e potencializa catástrofes resultantes de eventos atípicos.
6) O que o resultado da sua pesquisa traz como expectativa aos produtores?
O resultado deste trabalho poderá auxiliar os produtores no processo de tomada de decisão para a escolha de arranjo de espécies vegetais com maior potencial de rentabilidade, bem como aos agentes creditícios para operacionalizarem linhas de crédito já existentes como o Pronaf-Floresta, por exemplo, além de subsidiar governos (federal, estadual e municipais) para conceberem políticas públicas e ações estruturadas que apoiem aos agricultores na adoção desses agroecossistemas.
A dissertação de Gabrielli, intitulada “Sistemas Agroflorestais Biodiversos: Uma análise sob a perspectiva ambiental e econômica”, teve orientação da profesosra Madalena Maria Schlindwein e co-orientação dos professores Milton Parron Padovan e Régio Márcio Toesca Gimenes.
1) Os Sistemas Agroflorestais (SAF´s) são uma alternativa sustentável frente aos impactos negativos da monocultura?
Sim. Os sistemas agroflorestais são considerados práticas agrícolas sustentáveis por assemelhar o processo produtivo aos de uma floresta (ecossistema natural). Esses sistemas, por consorciarem diversas culturas agrícolas e arbóreas em um mesmo espaço simultaneamente, contribuem para minimizar a utilização de agrotóxicos e o desmatamento, promovendo a conservação de recursos naturais, bem como podem gerar renda principalmente aos agricultores familiares. Ao contrário da agricultura convencional, a agroflorestal é um tipo de manejo de uso da terra que tende a diminuir a degradação do solo evitando a queda produtiva. Ainda, serve como adubo verde, diminuindo as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) pelo elevado potencial em sequestrar carbono pelas árvores por meio da fotossíntese.
2) Como a sua pesquisa consegue mostrar a viabilidade econômica e ambiental dos SAFs?
Simplesmente por utilizar metodologias quantitativas adequadas e robustas possíveis de mensurarem o desempenho ambiental e econômico desses sistemas. Com a aplicação da ferramenta Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), foi possível verificar o desempenho ambiental de cinco sistemas agroflorestais biodiversos localizados no município de Bonito, região Centro Oeste do Mato Grosso do Sul, por meio de medições e entrevistas semiestruturadas. Sendo verificado o total de sequestro de carbono presente na biomassa viva (acima e abaixo do solo), serapilheira e solo, bem como todas as emissões provenientes do manejo produtivo nas seguintes etapas: produção de mudas e preparo do solo. Assim, foi possível verificar que os Sistemas emitem quantidades insignificantes de gases causadores do efeito estufa para o ambiente.
Quanto a viabilidade econômica, por meio da utilização das técnicas aplicadas de investimentos, foi elaborado um arranjo agroflorestal biodiverso, sendo possível verificar ao longo de 20 anos o retorno provável de um investimento para um hectare de terra, caso considere as seguintes culturas anuais e bianuais: feijão caupi, feijão comum, milho verde, abacaxi havaí e mandioca. Juntamente com a interação de espécies perenes e semi-perenes como: banana, mamão, tangerina poncã, limão taiti, coco anão, laranja pera.
3) Quem quer fazer um SAF precisa ter um perfil específico, ou seja, é preciso ser agricultor familiar?
Qualquer produtor rural pode implantar um sistema agroflorestal, desde que possua mão de obra especializada necessária para o manejo do sistema, além de recursos próprios ou de terceiros. Esse tipo de prática agrícola é recomendado principalmente para pequenos produtores rurais, ideal em assentamentos agrícolas, pois pode promover a diversificação da produção e aumento de renda, podendo utilizar a mão de obra familiar minimizando gastos externos à propriedade. Porém não limita o grande latifundiário em aderir a esse tipo de sistema.
4) O sistema pode ser rentável mesmo para quem não possui propriedade?
Sim. Inclusive demonstrou-se isso no trabalho, por meio de duas situações simuladas: Situação I – produtor rural sem propriedade; e Situação II – produtor rural com propriedade. Ambos obtiveram retornos positivos, sendo viáveis economicamente. Claro que para o produtor que possui propriedade o montante investido será recuperado em um menor período quando comparado àquele que precisa desembolsar capital para adquirir a terra.
5) Qual é a importância para a conservação da biodiversidade?
Os sistemas agroflorestais valorizam a biodiversidade, bem como recuperam áreas marcadas intensamente por ações antrópicas, pois promovem variedades de formas de vida por intermédio da multiplicidade de indivíduos em um mesmo espaço, sendo contributivo para a ascensão de fatores bióticos e abióticos. Assim, quando se reduz a biodiversidade (fauna e flora) no planeta, afeta-se a autoregulação e contribui-se para perdas ambientais, tornando-se o espaço mais vulnerável a eventos naturais e potencializa catástrofes resultantes de eventos atípicos.
6) O que o resultado da sua pesquisa traz como expectativa aos produtores?
O resultado deste trabalho poderá auxiliar os produtores no processo de tomada de decisão para a escolha de arranjo de espécies vegetais com maior potencial de rentabilidade, bem como aos agentes creditícios para operacionalizarem linhas de crédito já existentes como o Pronaf-Floresta, por exemplo, além de subsidiar governos (federal, estadual e municipais) para conceberem políticas públicas e ações estruturadas que apoiem aos agricultores na adoção desses agroecossistemas.