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Nesse sentido, é impossível não traçar um paralelo entre a evolução da cidade e as instituições que contribuíram e continuam cooperando para seu constante crescimento. “E a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) tem papel de relevo no processo de desenvolvimento do município”.
A afirmação é do doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (USP) e professor da UFGD, Adauto de Oliveira Souza. Assim como a história da Universidade se permeia à trajetória de Dourados, o caminho do docente foi seguindo o curso da instituição: egresso do antigo Centro Universitário de Dourados (CEUD), Adauto leciona na UFGD desde 1989, quando ela ainda era um campus da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).
Hoje, pesquisador sênior na Faculdade de Ciências Humanas (FCH) na área de políticas de desenvolvimento regional, ele não apenas viu nascer o embrião da UFGD, como estudou e ainda estuda o impacto de sua criação para a região da Grande Dourados e, mais especificamente, para o município de Dourados.
“Certamente, depois do projeto de implantação da Colônia Agrícola Nacional de Dourados, nos anos 1940, a criação da UFGD é o evento mais importante do sul de Mato Grosso do Sul, sendo, portanto, muito significativo, pois do ponto de vista material temos a contínua criação de cursos de graduação e pós-graduação, de 2006 a 2015, todos os anos. Isso demonstra o foco principal da UFGD, que é a formação de excelência profissional e o compromisso social com o desenvolvimento regional, por exemplo, expresso nos cursos de licenciaturas, como as voltadas à população indígena e do campo”, comenta.
Para se ter ideia da importância que a criação da UFGD representa para a evolução de Dourados enquanto polo regional de destaque no Brasil, Adauto cita a primeira compra federal realizada no Estado, que foi a área destinada ao órgão suplementar da Universidade hoje denominado Fazenda Experimental de Ciências Agrárias, espaço de apoio às atividades de ensino, pesquisa e extensão de toda a comunidade acadêmica da UFGD.
PAPEL HISTÓRICO
Apesar do salto conquistado nos últimos 15 anos com a autonomia do campus de Dourados pela implantação da UFGD, não é de hoje que a educação superior pauta o desenvolvimento da cidade. “É importante resgatar que é um papel histórico”, diz o pesquisador, se referindo a todo o caminho percorrido até os dias atuais, na busca pela oferta de ensino superior público, gratuito e de qualidade à comunidade da região.
“Quando o Centro Pedagógico de Dourados, o CPD, foi criado em dezembro de 1970, oferecendo, na época, cursos de Letras e Ciências Sociais, já era uma preparação para que a cidade se tornasse polo de desenvolvimento regional, no contexto do segundo Plano Nacional de Desenvolvimento, o II PND. Depois disso, ao ser incorporado pela Universidade Federal de Mato Grosso e, posteriormente, ter se transformado em CEUD, com a criação de Mato Grosso do Sul, o campus já tinha um papel fundamental na pesquisa, sendo o mais avançado em termos de pesquisa pela, então, UFMS”, conta o professor.
Ele atribui a esse fator de destaque o impulso para o processo de criação da UFGD, ou seja, a experiência apresentada pelo CEUD na formação de novos profissionais, na pesquisa e na extensão, foi determinante para que o projeto tomasse corpo e, por sua vez, transformasse para sempre a identidade de Dourados. “Isso, de alguma maneira, coloca no histórico da UFGD a vocação transformadora. São 50 anos de ensino superior na cidade e apenas 15 anos de UFGD e, em tão pouco tempo, ela se destaca pelo desenvolvimento de campos como a economia, a formação de profissionais, a cultura, o turismo de eventos científicos, a incubação de empresas, sem contar a participação de servidores da Universidade na elaboração de marcos importantes para a cidade como o Plano Diretor, o Plano de Mobilidade Urbana, o Plano de Saneamento Básico, enfim, ações que dão a ela o papel de protagonista no progresso de Dourados”, enfatiza.
FOMENTO DA ECONOMIA LOCAL
Localizada na região Centro-Sul do Estado, a cidade de Dourados representa 14% do total de habitantes de Mato Grosso do Sul. É considerada um polo econômico por sua vocação para o agronegócio, além da indústria, do comércio e de sua infraestrutura de serviços. Outro destaque, no entanto, fica para a artéria universitária do município, que hoje conta com duas universidades públicas, a UFGD e a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), além do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), que oferta ensino técnico e superior de forma gratuita e com qualidade de instituição federal.
Com a UFGD, a população de Dourados, que gira em torno de 225 mil habitantes, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), recebe um considerável acréscimo populacional flutuante em função dos estudantes oriundos de outros municípios de Mato Grosso do Sul, de outros estados e, até mesmo, de outros países.
Além disso, Dourados é a referência para uma macrorregião formada por pelo menos 30 cidades do entorno, o que eleva seu trânsito populacional para 800 mil pessoas que buscam na cidade melhores oportunidades educacionais e de serviços, como os de saúde pública, com destaque para as dezenas de especialidades cirúrgicas e ambulatoriais atendidas no Hospital Universitário da UFGD (HU-UFGD), o maior hospital – entre públicos e privados – da região.
Desde que foi criada e com sua constante evolução, a Universidade movimenta fortemente a economia local, já que a folha mensal de pagamento dos dois mil e quinhentos servidores e empregados públicos da UFGD e do HU-UFGD totaliza aproximadamente 25,6 milhões de reais. Ademais, as duas instituições empregam cerca de 600 funcionários terceirizados, configurando a UFGD como um dos mais amplos polos de trabalho da região, seja pelo ingresso via concurso público, processo seletivo simplificado ou contrato terceirizado.
“Poucas cidades do País, incluindo as mais de cinco mil cidades do Brasil, têm duas universidades públicas como temos aqui. Isso é muito dinheiro circulando na região, numa análise econômica pontual”, reforça o pesquisador. A Universidade chegou a ser citada em reportagem especial da revista VEJA (edição 2362), em 2015, quando Dourados foi considerada a segunda melhor cidade do País no ranking das dez cidades brasileiras que mais oferecem vagas com salário de R$ 5 mil ao mês.
A matéria mencionou os cursos de engenharia recém-criados pela UFGD à época e as usinas de produção de etanol e de energia de biomassa, afirmando que a educação superior e o setor sucroenergético em Dourados seriam os responsáveis pelos bons resultados de outros nichos, como restaurantes, escolas, academias, clínicas de estética e hospitais, que tinham sua demanda de serviço ampliada pela movimentação financeira da cidade.
Esse fator de impacto positivo da UFGD na economia douradense é facilmente verificado pela intensa demanda por serviços imobiliários e de varejo em geral, como já citado, tendo em vista estudantes, professores e técnicos administrativos vindos de fora para residir na cidade – são pelo menos oito mil e quinhentos estudantes de graduação e pós-graduação cursando 39 cursos de graduação presenciais, seis a distância e 27 programas de pós-graduação. Em tempos de encontros presenciais, a UFGD ainda movimenta o setor de turismo de eventos científicos pela realização anual de centenas de congressos, simpósios, semanas e outros acontecimentos já consolidados no calendário acadêmico.
“A UFGD, incluindo o HU, continua impactando as realidades douradense e regional, sob todos os aspectos. Podemos pegar pontos relacionados aos serviços, à produção do conhecimento, à oferta de cursos para alunos. É impossível fazer uma avaliação da UFGD especificamente em termos de cidade, pois atendemos a região da Grande Dourados toda, aproximadamente 800 mil pessoas. Temos alunos de graduação e pós-graduação de todas as cidades do entorno”, explicita professor Adauto.
O docente enfatiza que o grande dado concreto na relação entre a UFGD e o município de Dourados é que a Universidade consolidou a cidade como um polo de desenvolvimento regional por meio da produção do conhecimento. Ele conta que o projeto inicial de criação da instituição data do começo da década de 1980, tendo ela sido oficialmente implantada somente em 2005. “Foram quase 30 anos da ideia à execução e Dourados foi se desenvolvendo, não da forma como gostaríamos, mas foi seguindo seu curso devagar nesse intervalo de tempo”, diz o professor.
Ele prossegue, explicando com exemplos práticos porque a criação da UFGD foi essencial para o rápido desenvolvimento de Dourados. “Até a década de 1990, praticamente, quando alguém precisava de um simples especialista médico, como um pediatra, por exemplo, era necessário ir a Campo Grande, onde estava concentrado esse tipo de serviço. Hoje, 15 anos depois de criada a UFGD, Dourados é um importante centro médico, reconhecido inclusive nacionalmente. Isso com certeza se deve à Universidade. Outro exemplo: escolas de idiomas. Quando fiz minha pós-graduação, não havia professores de francês na cidade. Escolas de inglês, havia uma ou duas. Hoje, você tem cursos de idiomas, inclusive na Universidade, com várias opções de línguas”, aponta.
Sem deixar de valorizar a importância do agronegócio para o crescimento da região – área totalmente contemplada pela UFGD com cursos de graduação e pós-graduação, além da pesquisa e da inovação voltadas para a modernização do setor – Adauto afirma que a presença da instituição trouxe a Dourados um conjunto de outros cursos e políticas destinados à inclusão social, como as licenciaturas em Educação do Campo e Intercultural Indígena.
“Os cursos voltados à formação de professores também são um ponto importante na lista de contribuições da UFGD ao progresso da cidade. Até um passado recente, professores não habilitados ministravam diversas disciplinas nas escolas de educação básica da região. Hoje, temos um vasto campo de formação de docentes, o que é fundamental para Dourados e para o Estado”, acrescenta.
OLHAR INCLUSIVO CONSTRUINDO O FUTURO
Dourados completa 85 anos de criação enquanto o mundo enfrenta um de seus piores períodos, econômica e socialmente, por conta da pandemia de covid-19, causada pelo novo coronavírus. A Universidade, no entanto, não parou. Professores e estudantes seguem pesquisando, presencialmente e a distância, trabalhando por inovação em prol do combate ao vírus.
Técnicos administrativos se debruçam em novas modalidades de atendimento à comunidade, docentes reaprendem a ministrar aulas e estudantes lutam por políticas mais inclusivas de educação remota. “Nesse momento, de negacionismo, a UFGD, por meio do conhecimento científico, é um instrumento para combater o individualismo, forjando uma visão coletiva de futuro, com solidariedade, com inclusão e com sustentabilidade”, avalia o professor.
Ele expõe novamente o papel extensionista da UFGD, que em um momento extremo como o de agora, pode ofertar à população os serviços do HU-UFGD, por exemplo. “O HU tem tido uma participação fundamental na cidade, principalmente nesse período de pandemia. Se você pensa em desenvolvimento que tenha uma visão coletiva de futuro, de uma sociedade mais inclusiva, mais sustentável, a UFGD tem um papel fundamental nesse processo, atendendo gente de todo o País, do exterior, e não fechando as portas para a sociedade regional, para a população indígena, que gira em torno de 25 mil pessoas na região, para as questões fronteiriças, para todas as causas sociais, sem exceção. Então, a UFGD continua impactando e criando uma identidade regional por meio da produção do conhecimento, da pesquisa e da formação de mão-de-obra qualificada”, conclui.
Fontes de dados presentes na matéria: Portal da Prefeitura de Dourados, Perfil Socioeconômico de Dourados – 2018, Portal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Pró-reitoria de Gestão de Pessoas, Pró-reitoria de Ensino de Graduação, Pró-reitoria de Ensino de Pós-graduação e Pesquisa, Pró-reitoria de Administração e Hospital Universitário da UFGD.
Jornalismo ACS/UFGD
Dezembro
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2020
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Dourados, 85 anos: Protagonismo da UFGD impacta o desenvolvimento da maior cidade do interior de MS
Atualizada: 19/12/2020
Evolução do município está intrinsicamente relacionada à criação da Universidade, cujo papel vem sendo historicamente relevante para o desenvolvimento regional
Monumento ao colono. Foto: Franz Mendes.
Nesse sentido, é impossível não traçar um paralelo entre a evolução da cidade e as instituições que contribuíram e continuam cooperando para seu constante crescimento. “E a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) tem papel de relevo no processo de desenvolvimento do município”.
A afirmação é do doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (USP) e professor da UFGD, Adauto de Oliveira Souza. Assim como a história da Universidade se permeia à trajetória de Dourados, o caminho do docente foi seguindo o curso da instituição: egresso do antigo Centro Universitário de Dourados (CEUD), Adauto leciona na UFGD desde 1989, quando ela ainda era um campus da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).
Hoje, pesquisador sênior na Faculdade de Ciências Humanas (FCH) na área de políticas de desenvolvimento regional, ele não apenas viu nascer o embrião da UFGD, como estudou e ainda estuda o impacto de sua criação para a região da Grande Dourados e, mais especificamente, para o município de Dourados.
“Certamente, depois do projeto de implantação da Colônia Agrícola Nacional de Dourados, nos anos 1940, a criação da UFGD é o evento mais importante do sul de Mato Grosso do Sul, sendo, portanto, muito significativo, pois do ponto de vista material temos a contínua criação de cursos de graduação e pós-graduação, de 2006 a 2015, todos os anos. Isso demonstra o foco principal da UFGD, que é a formação de excelência profissional e o compromisso social com o desenvolvimento regional, por exemplo, expresso nos cursos de licenciaturas, como as voltadas à população indígena e do campo”, comenta.
Para se ter ideia da importância que a criação da UFGD representa para a evolução de Dourados enquanto polo regional de destaque no Brasil, Adauto cita a primeira compra federal realizada no Estado, que foi a área destinada ao órgão suplementar da Universidade hoje denominado Fazenda Experimental de Ciências Agrárias, espaço de apoio às atividades de ensino, pesquisa e extensão de toda a comunidade acadêmica da UFGD.
PAPEL HISTÓRICO
Apesar do salto conquistado nos últimos 15 anos com a autonomia do campus de Dourados pela implantação da UFGD, não é de hoje que a educação superior pauta o desenvolvimento da cidade. “É importante resgatar que é um papel histórico”, diz o pesquisador, se referindo a todo o caminho percorrido até os dias atuais, na busca pela oferta de ensino superior público, gratuito e de qualidade à comunidade da região.
“Quando o Centro Pedagógico de Dourados, o CPD, foi criado em dezembro de 1970, oferecendo, na época, cursos de Letras e Ciências Sociais, já era uma preparação para que a cidade se tornasse polo de desenvolvimento regional, no contexto do segundo Plano Nacional de Desenvolvimento, o II PND. Depois disso, ao ser incorporado pela Universidade Federal de Mato Grosso e, posteriormente, ter se transformado em CEUD, com a criação de Mato Grosso do Sul, o campus já tinha um papel fundamental na pesquisa, sendo o mais avançado em termos de pesquisa pela, então, UFMS”, conta o professor.
Ele atribui a esse fator de destaque o impulso para o processo de criação da UFGD, ou seja, a experiência apresentada pelo CEUD na formação de novos profissionais, na pesquisa e na extensão, foi determinante para que o projeto tomasse corpo e, por sua vez, transformasse para sempre a identidade de Dourados. “Isso, de alguma maneira, coloca no histórico da UFGD a vocação transformadora. São 50 anos de ensino superior na cidade e apenas 15 anos de UFGD e, em tão pouco tempo, ela se destaca pelo desenvolvimento de campos como a economia, a formação de profissionais, a cultura, o turismo de eventos científicos, a incubação de empresas, sem contar a participação de servidores da Universidade na elaboração de marcos importantes para a cidade como o Plano Diretor, o Plano de Mobilidade Urbana, o Plano de Saneamento Básico, enfim, ações que dão a ela o papel de protagonista no progresso de Dourados”, enfatiza.
FOMENTO DA ECONOMIA LOCAL
Localizada na região Centro-Sul do Estado, a cidade de Dourados representa 14% do total de habitantes de Mato Grosso do Sul. É considerada um polo econômico por sua vocação para o agronegócio, além da indústria, do comércio e de sua infraestrutura de serviços. Outro destaque, no entanto, fica para a artéria universitária do município, que hoje conta com duas universidades públicas, a UFGD e a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), além do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), que oferta ensino técnico e superior de forma gratuita e com qualidade de instituição federal.
Com a UFGD, a população de Dourados, que gira em torno de 225 mil habitantes, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), recebe um considerável acréscimo populacional flutuante em função dos estudantes oriundos de outros municípios de Mato Grosso do Sul, de outros estados e, até mesmo, de outros países.
Além disso, Dourados é a referência para uma macrorregião formada por pelo menos 30 cidades do entorno, o que eleva seu trânsito populacional para 800 mil pessoas que buscam na cidade melhores oportunidades educacionais e de serviços, como os de saúde pública, com destaque para as dezenas de especialidades cirúrgicas e ambulatoriais atendidas no Hospital Universitário da UFGD (HU-UFGD), o maior hospital – entre públicos e privados – da região.
Desde que foi criada e com sua constante evolução, a Universidade movimenta fortemente a economia local, já que a folha mensal de pagamento dos dois mil e quinhentos servidores e empregados públicos da UFGD e do HU-UFGD totaliza aproximadamente 25,6 milhões de reais. Ademais, as duas instituições empregam cerca de 600 funcionários terceirizados, configurando a UFGD como um dos mais amplos polos de trabalho da região, seja pelo ingresso via concurso público, processo seletivo simplificado ou contrato terceirizado.
“Poucas cidades do País, incluindo as mais de cinco mil cidades do Brasil, têm duas universidades públicas como temos aqui. Isso é muito dinheiro circulando na região, numa análise econômica pontual”, reforça o pesquisador. A Universidade chegou a ser citada em reportagem especial da revista VEJA (edição 2362), em 2015, quando Dourados foi considerada a segunda melhor cidade do País no ranking das dez cidades brasileiras que mais oferecem vagas com salário de R$ 5 mil ao mês.
A matéria mencionou os cursos de engenharia recém-criados pela UFGD à época e as usinas de produção de etanol e de energia de biomassa, afirmando que a educação superior e o setor sucroenergético em Dourados seriam os responsáveis pelos bons resultados de outros nichos, como restaurantes, escolas, academias, clínicas de estética e hospitais, que tinham sua demanda de serviço ampliada pela movimentação financeira da cidade.
Esse fator de impacto positivo da UFGD na economia douradense é facilmente verificado pela intensa demanda por serviços imobiliários e de varejo em geral, como já citado, tendo em vista estudantes, professores e técnicos administrativos vindos de fora para residir na cidade – são pelo menos oito mil e quinhentos estudantes de graduação e pós-graduação cursando 39 cursos de graduação presenciais, seis a distância e 27 programas de pós-graduação. Em tempos de encontros presenciais, a UFGD ainda movimenta o setor de turismo de eventos científicos pela realização anual de centenas de congressos, simpósios, semanas e outros acontecimentos já consolidados no calendário acadêmico.
“A UFGD, incluindo o HU, continua impactando as realidades douradense e regional, sob todos os aspectos. Podemos pegar pontos relacionados aos serviços, à produção do conhecimento, à oferta de cursos para alunos. É impossível fazer uma avaliação da UFGD especificamente em termos de cidade, pois atendemos a região da Grande Dourados toda, aproximadamente 800 mil pessoas. Temos alunos de graduação e pós-graduação de todas as cidades do entorno”, explicita professor Adauto.
Vista parcial da Unidade 2 da UFGD. Foto: Franz Mendes.
O docente enfatiza que o grande dado concreto na relação entre a UFGD e o município de Dourados é que a Universidade consolidou a cidade como um polo de desenvolvimento regional por meio da produção do conhecimento. Ele conta que o projeto inicial de criação da instituição data do começo da década de 1980, tendo ela sido oficialmente implantada somente em 2005. “Foram quase 30 anos da ideia à execução e Dourados foi se desenvolvendo, não da forma como gostaríamos, mas foi seguindo seu curso devagar nesse intervalo de tempo”, diz o professor.
Ele prossegue, explicando com exemplos práticos porque a criação da UFGD foi essencial para o rápido desenvolvimento de Dourados. “Até a década de 1990, praticamente, quando alguém precisava de um simples especialista médico, como um pediatra, por exemplo, era necessário ir a Campo Grande, onde estava concentrado esse tipo de serviço. Hoje, 15 anos depois de criada a UFGD, Dourados é um importante centro médico, reconhecido inclusive nacionalmente. Isso com certeza se deve à Universidade. Outro exemplo: escolas de idiomas. Quando fiz minha pós-graduação, não havia professores de francês na cidade. Escolas de inglês, havia uma ou duas. Hoje, você tem cursos de idiomas, inclusive na Universidade, com várias opções de línguas”, aponta.
Sem deixar de valorizar a importância do agronegócio para o crescimento da região – área totalmente contemplada pela UFGD com cursos de graduação e pós-graduação, além da pesquisa e da inovação voltadas para a modernização do setor – Adauto afirma que a presença da instituição trouxe a Dourados um conjunto de outros cursos e políticas destinados à inclusão social, como as licenciaturas em Educação do Campo e Intercultural Indígena.
“Os cursos voltados à formação de professores também são um ponto importante na lista de contribuições da UFGD ao progresso da cidade. Até um passado recente, professores não habilitados ministravam diversas disciplinas nas escolas de educação básica da região. Hoje, temos um vasto campo de formação de docentes, o que é fundamental para Dourados e para o Estado”, acrescenta.
OLHAR INCLUSIVO CONSTRUINDO O FUTURO
Dourados completa 85 anos de criação enquanto o mundo enfrenta um de seus piores períodos, econômica e socialmente, por conta da pandemia de covid-19, causada pelo novo coronavírus. A Universidade, no entanto, não parou. Professores e estudantes seguem pesquisando, presencialmente e a distância, trabalhando por inovação em prol do combate ao vírus.
Técnicos administrativos se debruçam em novas modalidades de atendimento à comunidade, docentes reaprendem a ministrar aulas e estudantes lutam por políticas mais inclusivas de educação remota. “Nesse momento, de negacionismo, a UFGD, por meio do conhecimento científico, é um instrumento para combater o individualismo, forjando uma visão coletiva de futuro, com solidariedade, com inclusão e com sustentabilidade”, avalia o professor.
Ele expõe novamente o papel extensionista da UFGD, que em um momento extremo como o de agora, pode ofertar à população os serviços do HU-UFGD, por exemplo. “O HU tem tido uma participação fundamental na cidade, principalmente nesse período de pandemia. Se você pensa em desenvolvimento que tenha uma visão coletiva de futuro, de uma sociedade mais inclusiva, mais sustentável, a UFGD tem um papel fundamental nesse processo, atendendo gente de todo o País, do exterior, e não fechando as portas para a sociedade regional, para a população indígena, que gira em torno de 25 mil pessoas na região, para as questões fronteiriças, para todas as causas sociais, sem exceção. Então, a UFGD continua impactando e criando uma identidade regional por meio da produção do conhecimento, da pesquisa e da formação de mão-de-obra qualificada”, conclui.
Fontes de dados presentes na matéria: Portal da Prefeitura de Dourados, Perfil Socioeconômico de Dourados – 2018, Portal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Pró-reitoria de Gestão de Pessoas, Pró-reitoria de Ensino de Graduação, Pró-reitoria de Ensino de Pós-graduação e Pesquisa, Pró-reitoria de Administração e Hospital Universitário da UFGD.
Jornalismo ACS/UFGD
Cidade de Dourados atualmente. Foto: Franz Mendes.