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Janeiro
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Professor e estudante de Psicologia da UFGD publicam artigo em revista do grupo Nature
Atualizada: 28/01/2021
Um dos periódicos científicos mais prestigiados do mundo (Nature Human Behaviour, fator de impacto 12.282) publicou artigo que é resultado de uma pesquisa colaborativa entre cientistas de todas as partes do mundo, incluindo pesquisador e aluna bolsista de iniciação científica da UFGD
Qualquer pessoa que vive em sociedade já se deparou com a situação de mal ser apresentado a alguém e logo fazer comentários sobre o novo conhecido: “não fui com a cara dele”, ou, “ela tem uma cara boa”. O mesmo ocorre ao se assistir um filme ou uma novela, na TV: “não confio naquele personagem, mas aquela outra, ela, sim, tem jeito de ser muito responsável”.
Pois, bem. Simples e rotineiras ações como essas, que são naturalmente executadas pela maioria das pessoas, são o rico objeto de estudo de pesquisadores da área de Ciências Humanas em todo o mundo. Para ficar mais claro: estudos em Psicologia Experimental têm identificado ao longo dos anos que as pessoas avaliam e julgam automaticamente os rostos das outras pessoas e que esse julgamento se baseia em múltiplas características.
Parece algo muito distante da realidade, coisa de cinema ou enredo de livro de ficção científica? Aqui mesmo, em Dourados, o pesquisador Paulo Roberto dos Santos Ferreira, professor do curso de Psicologia e do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) é um dos maiores estudiosos do tema e, recentemente, teve um artigo publicado na revista Nature Human Behavior, publicação do grupo Nature, um dos periódicos científicos mais importantes do mundo.
Intitulado "To Which World Regions Does the Valence-Dominance Model of Social Perception Apply?" (em tradução livre: A Que Regiões do Mundo se Aplica o Modelo de Percepção Social de Valência-Dominância?), o artigo foi desenvolvido com base em pesquisa que buscou demonstrar o potencial preditivo (antecipatório) de um conceituado modelo de interpretação da percepção social por meio de expressões faciais, o modelo de Oosterhof e Todorov.
Realizado em colaboração com pesquisadores de países dos cinco continentes, como África do Sul, Austrália, Canadá, França, Inglaterra, México e Argentina, entre outros, o estudo durou dois anos (2018-2020) e, no Brasil, teve a participação de instituições como USP, UFSCar, UnB, UFRN e FGV, além da UFGD, representada pelo docente Paulo, pela estudante do último ano do curso de Psicologia, Diana Rasteli Santos, e pelo egresso Waldir Sampaio, atualmente mestre e doutorando pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.
"Segundo penso, a possibilidade de realizar uma pesquisa deste nível, colaborar com pesquisadores de todo o globo e publicar em uma das mais prestigiadas revistas científicas do mundo é oportuno no atual contexto de ataques e consequente descrédito que a ciência tem sofrido em nosso País. Nesse sentido, fico feliz em acreditar que defendemos a boa ciência e que contribuímos um pouco para que a nossa jovem universidade evolua e alcance em visibilidade internacional as instituições com maior tradição em pesquisa de nosso país e do mundo”, afirma Paulo.
De acordo com ele, a publicação ajuda a fortalecer o papel da UFGD no cenário científico mundial de alto nível, já que se trata de uma cooperação internacional com pesquisadores de todo o mundo e, também, por ser o grupo Nature o mais prestigiado na área de periódicos científicos do planeta.
METODOLOGIA, RESULTADO E APLICAÇÃO
Cada participante da pesquisa recebeu um questionário impresso cujo modelo é o elaborado por Oosterhof e Todorov, em seu estudo original. Nele, estão diferentes faces humanas – sendo que cada rosto ocupa pouco mais da metade da página – e seis linhas abaixo de cada uma delas, um espaço para opiniões e comentários, ou seja, “tudo o que viesse à mente” dos participantes.
O resultado do estudo sugere que o modelo de Oosterhof e Todorov confirma grande parte de suas predições na interpretação da percepção social por meio de expressões faciais, mas que, também, apresenta limitações regionais, levando a se passar por cima das particularidades de diferentes culturas.
“A abordagem objetiva que caracterizou o estudo representa um grande avanço na investigação de fenômenos sociais, fortalecendo, ainda, a importância, no cenário nacional e internacional, do Grupo de Estudos em Psicologia Experimental e Teórica (GEPETO), do Laboratório de Psicologia Experimental do curso de Psicologia e do Programa de Pós-graduação em Psicologia, ambos da UFGD”, ressalta o professor, que é, também, coordenador do GEPETO/UFGD.
O pesquisador aponta que, na prática, o estudo permite explicar de maneira mais satisfatória o papel que a aparência facial desempenha nas interações de cooperação, de amizade e de romance, bem como interpretar com maior precisão a disseminação de estereótipos e as escolhas de lideranças políticas, por exemplo.
OOSTERHOF E TODOROV
Segundo o modelo elaborado por Nikolaas Oosterhof e Alexander Todorov, apresentado em 2008 por meio da obra “The functional basis of face evaluation” (em livre tradução: A base funcional da avaliação facial), as pessoas avaliam faces em duas dimensões – valência (aproximação) e dominância (esquiva) – o que as leva a julgamentos espontâneos de traços como agressividade, atratividade, cuidado, confiança, estabilidade emocional, infelicidade, inteligência, maldade, responsabilidade, sociabilidade, confiabilidade e estranheza.
A partir desse fato, Oosterhof e Todorov elaboraram um modelo para interpretar esse importante processo cognitivo. Para tanto, foram executados estudos comportamentais e modelagem computacional, empregando-se um modelo de avaliação facial em duas dimensões. O modelo sugere que a avaliação facial envolve mecanismos adaptativos de inferência (indução) das intenções prejudiciais e da capacidade de causar danos e pode ser responsável por julgamentos rápidos, embora não necessariamente precisos, de rostos.
Jornalismo ACS/UFGD
Pois, bem. Simples e rotineiras ações como essas, que são naturalmente executadas pela maioria das pessoas, são o rico objeto de estudo de pesquisadores da área de Ciências Humanas em todo o mundo. Para ficar mais claro: estudos em Psicologia Experimental têm identificado ao longo dos anos que as pessoas avaliam e julgam automaticamente os rostos das outras pessoas e que esse julgamento se baseia em múltiplas características.
Parece algo muito distante da realidade, coisa de cinema ou enredo de livro de ficção científica? Aqui mesmo, em Dourados, o pesquisador Paulo Roberto dos Santos Ferreira, professor do curso de Psicologia e do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) é um dos maiores estudiosos do tema e, recentemente, teve um artigo publicado na revista Nature Human Behavior, publicação do grupo Nature, um dos periódicos científicos mais importantes do mundo.
Intitulado "To Which World Regions Does the Valence-Dominance Model of Social Perception Apply?" (em tradução livre: A Que Regiões do Mundo se Aplica o Modelo de Percepção Social de Valência-Dominância?), o artigo foi desenvolvido com base em pesquisa que buscou demonstrar o potencial preditivo (antecipatório) de um conceituado modelo de interpretação da percepção social por meio de expressões faciais, o modelo de Oosterhof e Todorov.
Realizado em colaboração com pesquisadores de países dos cinco continentes, como África do Sul, Austrália, Canadá, França, Inglaterra, México e Argentina, entre outros, o estudo durou dois anos (2018-2020) e, no Brasil, teve a participação de instituições como USP, UFSCar, UnB, UFRN e FGV, além da UFGD, representada pelo docente Paulo, pela estudante do último ano do curso de Psicologia, Diana Rasteli Santos, e pelo egresso Waldir Sampaio, atualmente mestre e doutorando pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.
"Segundo penso, a possibilidade de realizar uma pesquisa deste nível, colaborar com pesquisadores de todo o globo e publicar em uma das mais prestigiadas revistas científicas do mundo é oportuno no atual contexto de ataques e consequente descrédito que a ciência tem sofrido em nosso País. Nesse sentido, fico feliz em acreditar que defendemos a boa ciência e que contribuímos um pouco para que a nossa jovem universidade evolua e alcance em visibilidade internacional as instituições com maior tradição em pesquisa de nosso país e do mundo”, afirma Paulo.
De acordo com ele, a publicação ajuda a fortalecer o papel da UFGD no cenário científico mundial de alto nível, já que se trata de uma cooperação internacional com pesquisadores de todo o mundo e, também, por ser o grupo Nature o mais prestigiado na área de periódicos científicos do planeta.
METODOLOGIA, RESULTADO E APLICAÇÃO
Cada participante da pesquisa recebeu um questionário impresso cujo modelo é o elaborado por Oosterhof e Todorov, em seu estudo original. Nele, estão diferentes faces humanas – sendo que cada rosto ocupa pouco mais da metade da página – e seis linhas abaixo de cada uma delas, um espaço para opiniões e comentários, ou seja, “tudo o que viesse à mente” dos participantes.
O resultado do estudo sugere que o modelo de Oosterhof e Todorov confirma grande parte de suas predições na interpretação da percepção social por meio de expressões faciais, mas que, também, apresenta limitações regionais, levando a se passar por cima das particularidades de diferentes culturas.
“A abordagem objetiva que caracterizou o estudo representa um grande avanço na investigação de fenômenos sociais, fortalecendo, ainda, a importância, no cenário nacional e internacional, do Grupo de Estudos em Psicologia Experimental e Teórica (GEPETO), do Laboratório de Psicologia Experimental do curso de Psicologia e do Programa de Pós-graduação em Psicologia, ambos da UFGD”, ressalta o professor, que é, também, coordenador do GEPETO/UFGD.
O pesquisador aponta que, na prática, o estudo permite explicar de maneira mais satisfatória o papel que a aparência facial desempenha nas interações de cooperação, de amizade e de romance, bem como interpretar com maior precisão a disseminação de estereótipos e as escolhas de lideranças políticas, por exemplo.
OOSTERHOF E TODOROV
Segundo o modelo elaborado por Nikolaas Oosterhof e Alexander Todorov, apresentado em 2008 por meio da obra “The functional basis of face evaluation” (em livre tradução: A base funcional da avaliação facial), as pessoas avaliam faces em duas dimensões – valência (aproximação) e dominância (esquiva) – o que as leva a julgamentos espontâneos de traços como agressividade, atratividade, cuidado, confiança, estabilidade emocional, infelicidade, inteligência, maldade, responsabilidade, sociabilidade, confiabilidade e estranheza.
A partir desse fato, Oosterhof e Todorov elaboraram um modelo para interpretar esse importante processo cognitivo. Para tanto, foram executados estudos comportamentais e modelagem computacional, empregando-se um modelo de avaliação facial em duas dimensões. O modelo sugere que a avaliação facial envolve mecanismos adaptativos de inferência (indução) das intenções prejudiciais e da capacidade de causar danos e pode ser responsável por julgamentos rápidos, embora não necessariamente precisos, de rostos.
Modelo de avaliação facial. Fonte: "The functional basis of face evaluation", Nikolaas N. Oosterhof and Alexander Todorov.
O artigo "To Which World Regions Does the Valence-Dominance Model of Social Perception Apply?" na íntegra pode ser acessado aqui, em inglês.
Jornalismo ACS/UFGD