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Março
23
2015

​Entrevista: “Eu pensava que a universidade era algo muito distante”, conta Luan Ramos, futuro engenheiro de alimentos

  Atualizada: 23/03/2015
Aluno do Ensino Médio na Escola Estadual Ramona Pedroso, Luan Ramos da Silva conheceu a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) no ano de 2008, como bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica para o Ensino Médio (PIBIC-EM), hoje é estudante de Engenharia de Alimentos e já tem a pós-graduação como meta. Vai se empenhar para conquistar um doutorado sanduíche, cursado no Brasil e no exterior.

Sua vida acadêmica é exemplo das oportunidades oferecidas pelo Governo Federal nos últimos anos para os estudantes das escolas e universidades públicas que desejam realizar investigações acadêmicas.

O currículo de Luan Ramos registra sua participação em atividades de ensino, pesquisa e extensão. Com foco na pesquisa, além do PIBIC-EM, ele foi voluntário de Iniciação Científica e bolsista permanência de 2010 a 2011, bolsista de Iniciação Científica (PIBIC-CNPq) de 2011 a 2012, bolsista de Iniciação Tecnológica e Inovação (PIBITI-CNPq) de 2012 a 2013, e bolsista de graduação sanduíche na Universidade de Idaho, nos Estados Unidos, pelo Programa Ciência sem Fronteiras da CAPES/CNPq, de 2013 a 2014.

Atualmente é vice-diretor presidente na Empresa Júnior de Engenharia de Alimentos da UFGD (EJIPTA) e faz parte do Grupo de Estudos em Produtos e Processos Agroindustriais do Cerrado (GEPPAC).
 
Assessoria de Comunicação Social - A participação como bolsista do PIBIC-EM ajudou no vestibular para a escolha sobre o curso que ia fazer? O que você acha que mudou naquela época sobre a visão que você tinha sobre a universidade?
 
Luan Ramos: Quando eu me inscrevi no PIBIC-EM, direcionei minha inscrição para o curso de Engenharia de Alimentos, pois este era o curso em que eu achava ser o meu perfil. No entanto, eu não poderia me inscrever com apenas uma opção, assim outra opção foi o curso de Agronomia. Fui aprovado e iniciei minhas atividades em 2008 junto com a professra Maria do Carmo Vieira. Naquele momento, eu não sabia absolutamente nada sobre a vida acadêmica, pois meus pais não possuem ensino superior e eu não tinha contato com acadêmicos. Trabalhei com a professora Maria do Carmo na área de produção de plantas medicinais, auxiliando nos projetos dela e de seus orientados de graduação e pós-graduação. Tive o contato com diversos professores, técnicos e estudantes nesse período. Durante o período que fui bolsista de PIBIC-EM, conversando e vivendo com estudantes, descobri que eu realmente queria ser um Engenheiro de Alimentos, devido ao campo de atuação e às disciplinas do curso.
 
Antes da Iniciação Científica Júnior, eu pensava que a universidade era algo muito distante e que eu não conseguiria entrar, tinha medo do que iria encontrar na universidade, imaginava que os docentes eram pessoas inacessíveis, porém, durante o período em que fui bolsista PIBIC-EM, descobri que tudo isso era coisa da minha cabeça. Que mesmo estudando o ensino médio em escola pública eu conseguiria uma vaga em uma universidade federal e descobri também que os docentes são apenas pessoas com um grau de instrução maior, que eles estão na universidade para passar o conhecimento, mas sempre com as portas abertas para atender os estudantes.
 
ACS - Como você avalia o papel dos programas para a sua trajetória de pesquisador, primeiro na Iniciação Científica Júnior, depois como voluntário no PIVIC e bolsista permanência pela UFGD, no ano seguinte como bolsista de Iniciação Científica (CNPq) e na sequência como bolsista de Iniciação Tecnológica e Inovação?
 
Luan Ramos: Acredito que cada programa teve sua importância em minha trajetória como pesquisador. Na iniciação científica júnior, foi um período em que eu estava descobrindo a universidade, como era e o que era um projeto de pesquisa e extensão (pois também participei de projetos de extensão), como os professores, alunos e técnicos trabalhavam dentro da universidade e tudo mais. Então, quando eu entrei na UFGD, devido à experiência na iniciação científica júnior, eu tive interesse imediato em desenvolver algum projeto de pesquisa. Logo a professora Maria do Carmo, que foi minha orientadora na iniciação científica júnior, montou juntamente comigo um projeto de iniciação científica voluntário, o qual eu desenvolvi no período de 2010 a 2011. Nesse mesmo período, eu fiz o pedido de bolsa permanência e, naquele ano, foi decidido que os alunos contemplados com esta bolsa deveriam fazer um projeto (ensino, pesquisa ou extensão) com a orientação de algum docente do curso. Fui contemplado com a bolsa permanência e, devido à linha de pesquisa, comecei a trabalhar com a professora Eliana Janet Sanjinez-Argandoña, que é docente no curso de engenharia de alimentos. Assim eu estaria trabalhando em uma área específica da minha formação. Iniciei minhas atividades no grupo de pesquisa liderado pela docente e aos poucos fui adquirindo conhecimentos práticos laboratoriais e visualizando a aplicação de determinados conteúdos estudados em sala de aula.

No ano seguinte, surgiu uma vaga como bolsista de iniciação científica, e a professra Eliana me convidou para assumir essa bolsa, que estava atrelada ao projeto dela de produtividade do CNPq. Eu já estava com uma maior maturidade na pesquisa, assim trabalhei como bolsista de iniciação científica por um ano com desidratação de um fruto regional, a guavira, estudando as propriedades e a conservação das características desse fruto. No final desse projeto, eu decidi que queria uma aplicação para esse fruto desidratado. Foi então que elaboramos um projeto para o desenvolvimento de uma gelatina com sabor de guavira, que foi meu projeto de iniciação tecnológica. Durante todo esse tempo em que estive participando dos programas oferecidos pela universidade, sempre auxiliei estudantes de graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado. Através da minha atuação em projetos de diferentes pessoas, meu currículo foi crescendo, com publicações de trabalhos em eventos e até mesmo artigos científicos.
 
ACS - Como você relaciona essas oportunidades com o seu envolvimento agora na Empresa Júnior de Engenharia de Alimentos?
 
Luan Ramos: O curso de engenharia de alimentos nasceu juntamente com a UFGD e tinha a necessidade de uma empresa júnior para o estímulo do empreendedorismo nos acadêmicos. Então, desde o ano de 2014 a professora Farayde Matta Fakhouri, juntamente com alguns alunos, se mobilizaram e batalharam para a criação dessa entidade. Eu estava no intercâmbio no período de criação da empresa, mas mesmo assim fui contatado e imediatamente me disponibilizei a ajudar. Assim que terminou meu intercâmbio, iniciei minhas atividades na EJIPTA (Empresa Júnior de Inovação e Pesquisa Tecnológica em Alimentos), onde irei ocupar o cargo de diretor de marketing, função de extrema importância para um engenheiro de alimentos, pois o marketing é também uma das áreas de atuação desse profissional. O engenheiro participa tanto da campanha de elaboração e lançamento do produto quanto da campanha de divulgação do mesmo, por conhecer o produto e saber de todo o contexto da sua criação. Na diretoria de marketing, irei atuar na divulgação das nossas habilitações como empresa e do curso de engenharia de alimentos, que não é muito conhecido na região.
 
ACS - O que entende como vantagem para sua carreira com a graduação sanduíche em Idaho?
 
Luan Ramos: Com a graduação sanduíche, eu percebi que tenho muita coragem e força de vontade, pois eu saí do país para morar nos EUA por 16 meses sem saber sequer o idioma. Fui selecionado para o Ciência sem Fronteiras e fui alocado na cidade de Moscow, no estado de Idaho. Devido ao meu nível do idioma, eu deveria fazer curso de inglês e, somente após finalizar o curso, eu poderia fazer disciplinas de graduação. Tive que estudar muito, afinal tudo era em inglês. Com isso eu percebi que tenho coragem e muita determinação. Acredito que hoje, com o nível de proficiência que eu possuo no inglês, haverá mais oportunidades no mercado de trabalho que eu tenho capacidade de concorrer e conquistar, visto que atualmente idiomas estrangeiros são de extrema importância e requeridos em determinadas vagas no mercado de trabalho. Durante o período em que estive na University of Idaho, tive ainda a oportunidade de conhecer profissionais da área de alimentos, professores, alunos e técnicos da universidade, além de ter ampliado minha visão sobre a profissão que estou estudando.
 
ACS - Qual é o seu projeto de conclusão do curso?
 
Luan Ramos: Meu projeto de conclusão do curso é seguir na carreira acadêmica. Pretendo fazer um curso de mestrado e doutorado na área de ciência e tecnologia de alimentos e, em seguida, atuar como pesquisador e/ou docente. Atualmente, devido à minha experiência no exterior, penso em talvez realizar um curso de pós-graduação no exterior, ou apenas um doutorado sanduíche em outro país, ou até mesmo atuar profissionalmente no exterior. No entanto, não estou restringindo simplesmente a isso, ou seja, caso haja alguma oportunidade que me leve para outra carreira, pretendo aceitar, pois acredito que a vida é feita de desafios e devemos enfrentá-los e acreditar em nosso potencial.



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