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Abril
16
2021

CNPq anuncia inclusão de campo para lançamento de Licença Maternidade no Currículo Lattes

  Atualizada: 16/04/2021
Mudança possibilita que mulheres comprovem o motivo de seu afastamento temporário da produção científica e possam ser devidamente avaliadas em processos seletivos para cargos, fomento à pesquisa e bolsas, por exemplo

Uma grande conquista para as mulheres da ciência no Brasil: nesta quinta-feira (15/04), após anos de tratativas, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) passou a contar com um campo específico para o registro dos períodos de Licença Maternidade na Plataforma Lattes.
 
A demanda já vinha sendo feita ao órgão desde 2018, para que as cientistas pudessem sinalizar o período de pausa na carreira por conta da maternidade, sem que isso fosse interpretado como ociosidade e podendo o fator Licença Maternidade ser considerado nas avaliações realizadas com base no currículo para concursos, processos avaliativos de editais de fomento, solicitações de bolsas, progressão funcional, entre outros.
 
Grande responsável pela motivação dessa mudança, o Movimento Parent in Science divulgou nota na última semana, comemorando o anúncio do CNPq. De acordo com o documento, há um impacto direto da maternidade na carreira científica das mulheres, muitas vezes, com reflexos como queda de produtividade nos anos seguintes ao nascimento dos filhos.
 
O dado foi confirmado por um levantamento feito pelo grupo em 2018 e é ratificado pela literatura mundial acerca do tema. As lacunas nos currículos das mulheres impactam em sua competitividade por um longo período, afetando sua ascensão na carreira e, até mesmo, provocando sua evasão da ciência.
 
Além disso, a cultura da academia, segundo o Movimento, é focada em produção, ou seja, em números, o que gera uma necessidade urgente de se garantir condições para que o Brasil não perca cientistas mulheres ao longo do caminho da construção de “uma nova ciência, verdadeiramente diversa”, cita a nota.
 
O caminho para essa conquista teve início com a formalização de uma carta enviada ao CNPq em 2018, assinada pelo Parent in Science e mais 34 entidades científicas brasileiras. Em janeiro de 2021, o Movimento reforçou o pedido e publicou uma carta nos Anais da Academia Brasileira de Ciências ressaltando a importância da demanda (https://doi.org/10.1590/0001-3765202120201370).
 
PARENTALIDADE NA ACADEMIA
 
Criado em 2017, o Movimento Parent in Science é formado por cientistas mães e pais que resolveram encarar a missão de difundir conhecimento sobre uma questão que, até então, era ignorada no meio científico: a consequência da chegada dos filhos na carreira científica de mulheres e de homens.
 
Desde sua criação, o grupo realizou dezenas de seminários e palestras em diferentes cidades, levando para todo o Brasil a discussão sobre maternidade e carreira. Suas ações possibilitaram mudanças concretas no cenário científico brasileiro, colocando a maternidade no centro da discussão. Hoje, diferentes editais de financiamento consideram os períodos de Licença Maternidade na análise de currículos.
 
Diversas instituições de ensino superior brasileiras contam com representantes do Movimento. Em Mato Grosso do Sul, a docente Tania Cristina Costa Calarge, da Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Economia (FACE) da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) é a embaixadora do grupo.
 
Para conhecer o trabalho do Movimento, acesse http://www.parentinscience.com.
 
Perfil nas redes sociais: @parentinscience.
 
Jornalismo ACS/UFGD com informações do site do Movimento Parent in Science