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Junho
10
2016

HU-UFGD realiza a primeira captação de córneas com equipe própria

  Atualizada: 10/06/2016

O Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD) realizou, nesta semana, a primeira captação de córneas com uma equipe formada exclusivamente por profissionais da própria instituição. O procedimento foi efetuado na última terça-feira (7), em um paciente de 61 anos que foi a óbito em função de uma pancreatite.
 
Até o momento, em Mato Grosso do Sul, apenas profissionais de Campo Grande realizavam esse tipo de captação, sendo que a implantação do serviço de forma autossuficiente no HU-UFGD estabelece Dourados como referência em retirada de córneas na macrorregião.
 
“A possibilidade de realizar o procedimento com equipe própria, agiliza o processo e permite que mais captações sejam efetivadas na região, com maior frequência, auxiliando o abastecimento do Banco de Olhos e diminuindo a fila de espera por transplantes de córneas no estado”, afirma a médica intensivista Mirna Matsui, presidente da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) do HU.
 
Ela explica que a Comissão, criada em 2012, já realizou captações anteriormente, mas com a participação de profissionais da Capital, especializados na retirada de córneas. No entanto, vinha há meses se preparando para dar início à atividade, pois já conta com o treinamento em Enucleação Ocular, que é o nome técnico do procedimento.
 
“A administração do hospital tem incentivado muito o trabalho da Comissão, dando todo o suporte para que ações como a captação de córneas sejam feitas aqui mesmo, pelos nossos próprios profissionais”, esclarece Mirna.
 
O procedimento
 
Por ser um tecido, a córnea, diferentemente dos órgãos, pode ser captada até seis horas após o óbito, não havendo necessidade do diagnóstico de morte encefálica, como no caso de captação de múltiplos órgãos. O procedimento é simples e dura em média 40 minutos, não ocasionando efeitos estéticos indesejáveis ao doador.
 
No HU-UFGD, portanto, todo óbito registrado é imediatamente informado à CIHDOTT, de forma que a equipe de captação possa trabalhar o mais rápido possível na triagem das informações acerca do paciente, verificando se ele se encaixa como potencial doador.
 
Capacitada em Enucleação Ocular, a enfermeira intensivista e mestre em Educação, Cristiane de Sá Dan, explica que é necessário que o paciente tenha entre dois e 80 anos de idade e não apresente contraindicações como, por exemplo, enfermidades infectocontagiosas transmissíveis por meio do transplante.
 
Concluída a análise, se o paciente for considerado potencial doador, membros da Comissão fazem o contato com a família ou responsáveis, que precisam consentir a doação por escrito, na presença de duas testemunhas. Somente assim o paciente torna-se doador efetivo e dá-se início à retirada das córneas, que são transportadas até Campo Grande para serem avaliadas e preservadas pelo Banco de Olhos da Santa Casa e destinadas a um receptor, conforme a lista de espera.
 
Conscientização
 
Atualmente, um dos maiores entraves à doação de órgãos e tecidos é o consentimento familiar, pois em muitos casos os parentes não têm conhecimento sobre as intenções do paciente nesse sentido. “Um dos trabalhos da Comissão é justamente a conscientização da comunidade para que as famílias conversem sobre a doação, manifestando-se em vida sobre seu desejo de doar”, diz a enfermeira Cristiane.
 
A CIHDOTT tem previsão de, em breve, iniciar um ciclo de palestras educativas em escolas de Dourados, como forma de incentivar o diálogo sobre o assunto entre os estudantes e seus familiares. Além disso, está em contato com empresas que possam firmar parceria para o transporte das córneas até Campo Grande, pois o HU-UFGD conta com apenas uma ambulância e um veículo administrativo para atender toda a macrorregião em diversas demandas.
 
Para o futuro, conforme Cristiane e Mirna, a intenção é expandir, adquirindo treinamento para a ampliação da equipe de captação, com vistas à atuação em outras instituições de saúde de Dourados e do entorno, inclusive, com orientação e capacitação dos profissionais desses hospitais.
 
Fila do transplante
 
Em Mato Grosso do Sul, conforme relatório da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), de janeiro a março de 2016 foram realizadas 57 cirurgias para transplante de córneas e, em 2015, foram efetuadas 147.
 
Até março deste ano, ainda, a lista de espera continha 16 pacientes ativos no aguardo de córneas, número que a CIHDOTT do HU-UFGD pretende auxiliar a zerar com a ativação do serviço de captação autossuficiente.




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