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Na última sexta-feira (16), a Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) sediou a palestra “Feminismo, Gênero e Direitos Humanos”, ministrada por Daniela Auad, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

A palestra fez parte do II Encontro de Psicologia Social e Fronteiras da Exclusão, organizado pela Cátedra de Diversidade Cultural, Gênero e Fronteiras da UNESCO/UFGD, pela Associação Brasileira de Psicologia Social - ABRAPSO/Núcleo Dourados, e pelos cursos de Graduação e de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade.

Durante o bate-papo, Daniela tocou em temas polêmicos como aborto, machismo, lesbianidade e racismo. “Os feminismos são muitos. Violência contra a mulher e descriminalização do aborto são bandeiras extremamente importantes, mas não pode ser a única que nos une. Será que as pessoas não percebem que o aborto não é descriminalizado porque há um machismo anterior a isso que massacra todas nós? É importante continuar com essas bandeiras de lutas, mas também temos que inaugurar outras, para outras mulheres. Quando uma mulher externaliza, por exemplo, seus sentimentos de mulher lésbica, trans ou negra, ela precisa ser ouvida dentro dos movimentos feministas. Nós temos que pensar ‘por que o meu feminismo é resistente a reconhecer o feminismo dela?’”, argumenta a professora.

Ainda como parte da programação do encontro, Daniela Auad participou de uma mesa de conversa em parceria com o Núcleo de Estudos de Diversidade de Gênero e Sexual (NEDGS/UFGD). A professora elogiou a variedade de docentes que compõem o Núcleo por entender que, para considerar a perspectiva de gênero, não necessariamente é preciso ser um pesquisador especialista na área. “É bacana ver no NEDGS pessoas interessadas em participar do debate de gênero, ainda que não pesquise o assunto. Nós não temos que ficar apenas preocupados em como vamos formar os professores e demais profissionais, mas também como vamos formar a nós mesmos, inclusive para dar respostas a questões que possam surgir dentro de sala de aula. Nesse sentido, parabenizo o Núcleo por optar, nesse primeiro momento, em trabalhar internamente seu próprio reconhecimento para, oportunamente, realizar ações mais ousadas”.

Cátedra UNESCO/UFGD

Um dos principais objetivos da Cátedra de Diversidade Cultural, Gênero e Fronteiras da UNESCO/UFGD é promover e incentivar pesquisas que avancem nas questões teóricas e práticas envolvidas na formação de identidades de gênero multiculturalmente comprometidas, mobilizadas no combate a discursos e práticas pretensamente "universais" que estereotipam, calam e interditam identidades plurais.

Essa parceria com a ABRAPSO/Núcleo Dourados em trazer Daniela Auad para o Encontro de Psicologia Social e Fronteiras da Exclusão teve como meta debater novas perspectivas do feminismo De-Colonial em suas interfaces identitárias a partir de grupos ainda marginalizados na sociedade como as mulheres encarceradas, faveladas e lésbicas.

“Estou muito feliz em vir pra Dourados pela Cátedra para aprofundar essas discussões. Por estar no Mato Grosso do Sul, em uma região de fronteira, a UFGD está situada em um ambiente super conservador, e as universidades são criadas nos lugares para modificar esses lugares. Então é extremamente importante a UFGD incitar essa discussão. O fato de a Universidade convidar uma professora militante para conversar, mostra que as pessoas estão com vontade de fortalecer a resistência”, defende Daniela.

Daniela Auad é autora dos livros Feminismo: que história é essa? (DP&A, 2003), Educar Meninas e Meninos: relações de gênero na escola (Contexto, 2006) e, em coautoria, O Professor e a Professora diante das Relações de Gênero na Educação Física Escolar (Cortez, 2012). Além disso, é co-fundadora do Flores Raras: Educação, Comunicação e Feminismos, Grupo de Estudos e Pesquisas que, tanto na Universidade quanto no âmbito de variados Movimentos Sociais, desenvolve atividades de docência, pesquisa, extensão, debate, ocupação, resistência e transformação.